Em uma associação de 100hands com Arnolfini, “Doshi” é o primeiro de uma série de documentários sobre a vida e a obra de importantes arquitetos internacionais.
O diretor, Premjit Ramachandran, mostra um retrato perspicaz e muito necessário do arquiteto indiano, pioneiro da habitação de baixo custo, Balkrishna Doshi.
Doshi, pioneiros da arquitetura contemporânea indiana, interpreta os ideais modernistas de Louis Kahn e de seu antigo chefe, Le Corbusier, trabalhando dentro das limitações locais de clima e tecnologia disponíveis.
“Embora exista documentação anterior sobre o trabalho Doshi, em grande parte na forma de livros e artigos de revistas, elas não são capazes de revelar adequadamente a personalidade de Doshi e seu papel e influência na arquitetura na Índia. Doshi foi a pessoa responsável por trazer Le Corbusier e Louis Kahn à Índia. Ele representa, nos primeiros anos de independência da Índia, uma das figuras seminais que exploram a capacidade da arquitetura de encontrar-se com os valores de modernidade desta nova nação. Também estabeleceu a referência para a formação arquitetônica através de seu papel de fundador do Centro para a Gestão Ambiental e Tecnologia em Ahmedabad. Seu trabalho continua evoluindo substancialmente através de seu constante questionamento dos fundamentos da arquitetura. E, o que é ainda mais notável sobre Doshi, é o fato de que o seu entusiasmo, paixão e desejo de aprender permaneçam ininterruptamente até hoje.” – Prem Chandavarkar, Chandavarkar & Thacker Arquitetos
Filmado num estilo franco de conversação, o filme revela um ser humano original e criativo que, aos seus 84 anos, segue tão apaixonado pela arquitetura como pela vida e a aprendizagem. Segundo ele, “uma profunda compreensão do passado e uma relação confortável com o presente é a única maneira que a Índia poderia inventar um futuro sustentável para si mesma”.
Um compromisso pessoal entre o arquiteto Premjit Ramachandran e o cineasta Bijoy Ramachandran [de 100 Hands], “Doshi” é um filme sobre um arquiteto, mas também um filme sobre um professor e um pai. A câmara segue seu protagonista através de seus espaços enquanto ele narra, relembra e explica seus processos de criação. Também revela como faz de sua filosofia parte instrínseca de sua própria vida. O filme torna-se uma mesa redonda com Doshi, seus ex-alunos, seus contemporâneos e até mesmo membros da família, tudo dentro do contexto de sua arquitetura.
Combinando sua experiência de trabalho precoce no estúdio de Le Corbusier, em Paris, com sua própria pesquisa em arquitetura indiana, ele introduziu uma forma original de modernidade sensível ao contexto indiano de comunidade e de meio ambiente. Doshi cita os templos de Madhurai como fundamentais na sua aprendizagem sobre ritmo e composição, e atribui a sua ética de trabalho a Le Corbusier.
No presente, o arquiteto se mostra decepcionado com o que ele vê ao seu redor. Com a forma como a arquitetura caiu nas mãos de “inversionistas” e como os arquitetos encontram cada vez mais dificuldade em questionar as exigências do capitalismo ansioso. ”O que você pode me dar, por quanto dinheiro e em quanto tempo?” Estas, diz ele, são as preocupações de uma cultura obcecada com os produtos ao invés de processos.
O filme não só nos apresenta um grande arquiteto moderno, mas também um ser humano envolvido e culto, além de ajudar a redirecionar nossa atenção às questões realmente importantes do nosso tempo.
Veja o documentário por capítulos aqui.