Em nossa seção de Fotografia e Arquitetura,pretendemos mostrar-lhes mais sobre quem está por trás da lente que nos permite ver as mais emblemáticas obras de arquitetura do mundo.Hoje apresentamos o fotógrafo italiano radicado na Espanha: Duccio Malagamba.
1. Quando e como começou a fotografar arquitetura?
Me aproximei da fotografia ainda adolescente, quando o pai de um dos meus melhores amigos – fotógrafo amador- nos permitiu acompanhá-lo enquanto revelava no sótão. O milagre da aparição das fotografias na semiescuridão avermelhada do laboratório me impressionou profundamente. Em pouco tempo decidi que quando fosse maior queria ser fotógrafo e inclusive consegui vender algumas imagens de viagem. No final do ensino médio, meus pais insistiram para que – seja lá o que eu fizesse depois – estudasse em uma universidade. Escolhi, um pouco na sorte, a Faculdade de Arquitetura ao saber que ali existia uma área de fotografia.
2. Você é arquiteto?
Sim, estudei em meu país, Itália, na Universidade de Gênova. Na faculdade, meu entusiasmo com relação à fotografia foi diminuindo conforme aumentava minha fascinação pela arquitetura. Me formei ´cum laude´ com um projeto dirigido por Giancarlo de Carlo e me mudei para a Espanha em busca de trabalho. Depois de algumas experiências em estudos pequenos de Barcelona fui trabalhar como arquiteto no escritório Martorell-Bohigas-Mackay. Anos mais tarde, ganhei uma bolsa de Investigação sobre Arquitetura Contemporânea Espanhola e para realizar o trabalho tive que voltar a fotografar. Após essa experiência, comecei a pensar que talvez poderia ser um arquiteto utilizando uma câmera em vez de um lápis.
3. Por que você gosta de fotografias de arquitetura?
Porque reúnem de forma indissolúvel as duas grandes paixões da minha vida: a arquitetura e a fotografia.
4. Arquiteto favorito?
Sempre tento colaborar com arquitetos que eu gosto. Minha forma de trabalhar é muito lenta e reflexiva e seria muito frustrante dedicar dias e horas a estudar a melhor maneira de retratar algo que seja de pouco valor. Assim, a maioria dos meus clientes são meus arquitetos favoritos… De qualquer maneira, se forçado a escolher apenas um, eu acho que eu escolheria Álvaro Siza.
5. Obra favorita?
Se a pergunta anterior era difícil de responder essa me parece impossível. Tive a sorte de visitar e retratar um bom número de arquiteturas mais interessantes dos últimos vinte anos e não vejo como eleger entre obras tão brilhantes e distintas como a Igreja de Marcos de Canaveses (Siza), o IKMZ de Cottbus (H&dM) ou o cemitério de Igualada (Miralles/Pinós) para citar as três primeiras obras-primas que vêm à mente …
6. Como você trabalha?
Muito lentamente, ainda que a chegada do “digital” tenha agilizado o trabalho de campo em troca de uma acentuada dilatação dos tempos de pós-produção. Se possível, gosto de visitar a obra em companhia do arquiteto e ouvir suas explicações, comentários e reflexões. Logo começo a construir minha visão pessoal do edifício. Uma visão que, ainda tendo a realidade como ponto de partida contêm certas doses de ficção, pois para mim é absurdo perseguir uma descrição objetiva da arquitetura através da fotografia.
Tenho muito claro que um edifício conhece-se visitando-o, portanto não me preocupa o “valor documental do meu trabalho”.
Mas eu gosto de aproveitar a credibilidade que todos, instintivamente, concedemos às fotografias. A propensão a acreditar que o que estamos vendo no papel ou na tela existe tal como estamos vendo, converte as imagens em uma fonte formidável de sugestão e inspiração. Procuro aproveitar esta condição para sugerir, salientar, estimular … tentando – isso sim – não trair o espírito das obras que retrato.
7. Que equipamentos e software você usa?
Pela minha forma de trabalhar viajo sem ajudante (no entanto, não encontrei um colaborador que aguente minhas esperas sem me deixar nervoso e que também aceite sair de viagem com um mínimo prévio-aviso e sem saber ao certo quando voltaremos…) e depois de anos transportando sozinho câmeras de placas com todos seus acessórios – dores nas costas incluídas – considerei um presente dos céus a chegada da era digital. Atualmente, utilizo uma Canon Eos 1 Ds MkIII e Adobe Photoshop CS3.