Inspirado pelo tema central da 13ª Bienal de Veneza, Common Ground -“território comum”, o arquiteto Peter Eisenman formou uma equipe para revisitar, examinar e reimaginar a coleção de gravuras de Giovanni Battista Piranesi, Campo Marzio dell’antica Roma. Derivadas de anos de trabalho de campo, medindo os restos das antigas construções romanas, estas seis gravuras retratam a visão fantástica de Piranesi de como a antiga Roma deveria parecer, representando um marco na mudança da visão antiquária e tradicionalista da história para uma visão científica e arqueológica.
A equipe de Eisenman é formada por arquitetos do seu escritório, estudantes da Yale University, Jeffrey Kipnis e seus companheiros e estudantes da Ohio State University e o escritório belga de arquitetura Dogma. Cada grupo contribuiu com uma resposta à obra de Piranesi através de modelos e desenhos que estimulam o discurso sobre arquitetura contemporânea. Em particular, eles exploraram a relação da arquitetura com o território e as consequências políticas, sociais e filosóficas que se desenvolvem dessa relação.
Descritas como “precisas, específicas, porém impossíveis”, as imagens de Piranesi foram uma fonte de especulação, inspiração, pesquisa e contenção para arquitetos, urbanistas e estudantes desde sua publicação, 250 anos atrás.
O projeto do Campo Marzio da Yale University dá forma as plantas originais de Piranesi, tratando-as não como uma reconstrução arqueológica da Roma antiga, mas como um “experimento arquitetônico”.
“A Field of Diagrams” de Eisenman transforma a composição estética de Piranesi em um palimpsesto das qualidades espaciais e temporais entre a Roma Imperial e hoje.
“A Field of Walls” do escritório Dogma explora como as políticas embutidas nas gravuras não são uma função de formas, mas de planos e, desta forma, proporcionam um guia para o arquiteto contemporâneo que o induz a reconsiderar o poder das relações que a arquitetura implica.
“A Field of Dreams”, criado pela equipe Kipnis na Ohio State University, reanima as paixões, perversões e espetáculos da Roma antiga como uma peça de moralidade para a arquitetura contemporânea.
Piranesi e o Campo Marzio dell’antica Roma
Texto de Yale Arts.
O gravurista, cartógrafo e arquiteto Giovanni Battista Piranesi (1720-1778), um nativo de Veneza, passou grande parte de sua vida em Roma, uma cidade que capturou sua imaginação e contribuiu para sua obra mais influente. As gravuras no Campo Marzio dell’antica Roma – um momento de imaginação da cidade antiga – junto com seus estudos dos restos e ruínas de Roma, representam um marco na mudança durante o Iluminismo de uma visão antiquária da história para uma visão arqueológica e científica.
De fato, para Piranesi, as ruínas arqueológicas não foram parte da história, mas de um presente que pode recombinar e reconfigurar, transformando a “verdade” cartográfica em sua mente. Nas gravuras do Campo Marzio, por exemplo, apenas o Panteão se mantém em seu local original, já os outros monumentos romanos foram relocados.