Como contribuição para a 13a Bienal de Veneza, Noero Architects expôs dois trabalhos de arte interessantes em sua exposição Common Ground / Different Worlds para revelar que arquitetos e artistas, da mesma forma, trabalham para reinterpretar, reinventar e transformar ideias e formas. Entretanto Jo Noero acredita que “a diferença entre um trabalho bom ou ruim encontra-se na compreensão do que é compartilhado e comum e na capacidade de transformar essas ideias em formas e espaços que são úteis e satisfatórios dentro da comunidade em que a obra localiza-se”.
Red Location Precinct from STRETCH on Vimeo.
Ele passou seis meses desenhando à mão uma planta na escala 1:100 do casario histórico de Port Elizabethm conhecido como o Red Location District, como um protesto contra a arquitetura contemporânea que, segundo ele abandonou as plantas, terreno comum (common ground) de todos os arquitetos.
Apresentado ao lado do desenho de 9m de comprimento está a obra de arte Keiskamma Guernica, uma tapeçaria feita por 50 mulheres da Hamburg Women’s Co-operative from the Eastern Cape que reinterpreta o Guernica, de Picasso, ilustrando a sua raiva contra a SIDA / HIV e seu impacto sobre a África do Sul.
O filme acima intitulado “Red Location Precinct”, complementa a exposição, revelando o contexto envolvente do bairro e levando os espectadores para dentro do Museu de Luta, a biblioteca digital, um arquivo e uma galeria de arte que são partes do complexo, desenhado por Noero Architects e que honra o passado turbulento e fomenta o envolvimento da comunidade, com oportunidades de educação, emprego e expressão artística.
Segundo os organizadores da Bienal: “O trabalho do arquiteto sul-africano Jo Noero sempre foi sensível à condição urbana dividida e contestável das cidades de seu país. Sua instalação reflete isso através de dois trabalhos poderosos. Um é um desenho feito a mão, com 9 metros de comprimento, representando na escala 1:100, os arredores de Red Location, em Port Elizabeth, um projeto que propõe um terreno comum em uma cidade assolada pelas consequências urbanísticas do apartheid. Depois, expõe a obra Keiskamma Guernica, uma tapeçaria feita por 50 mulheres da Hamburg Women’s Co-operative from the Eastern Cape. Estes dois trabalhos meticulosos e intensivos são peças contrastantes e complementares das evidências da condição urbana onde o ‘common ground’ não é usualmente atingido.”
Red Location foi o primeiro município de população negra estabelecido em Port Elizabeth. Deriva seu nome de uma série de construções de barracos de aço corrugado, que, enferrujados, ficavam com uma coloração vermelha. Os habitantes faziam parte de um campo de concentração de Boer em Uitenhage e mudaram-se em 1900, quando as primeiras famílias se estabeleceram, sem nenhuma infraestrutura. Tornou-se um local de luta durante os anos de Apartheid. Muitos importantes líderes políticos e culturais nasceram ou viveram no local.
Créditos do Filme:
Criado por: Stretch (Stephen Hitchcock e David Long)
Créditos Arquitetura:
Arquitetos: Noero Architects (previamente Noero Wolff Architects), em associação com John Blair Architect
Engenharia Civil e Estrutural: Goba, em associação com de Villiers and Hulme
Topografia: Bahm, Tayob, Kahn and Matunda
Engenharia Mecânica e Elétrica: Clinkscales [Eastern Cape]
Colsultor de Patrimônio: Dr Steven Townsend
Empreiteiro: SBT [Eastern Cape]
Créditos Exposição:
Título: Common Ground / Different Worlds
Diretores: Noero Architects, The Keiskamma Trust Hamburg Women’s Co-Operative
Colaboradores: Aaron Factor, David Long
Apoio: Mandela Bay Development Agency