Na série Fotografia e Arquitetura desta semana, apresentamos o fotógrafo e arquiteto mexicano Onnis Luque, que já desenvolveu diversos projetos de arquitetura e urbanismo para a Cidade do México. Como fotógrafo, Onnis publicou em vários livros e publicações de arquitetura, assim como em exposições mundiais. Atualmente, concentra-se na Fotografia e em Vídeos de Arquitetura. A seguir, uma seleção de algumas de suas melhores imagens e vídeos.
Você é arquiteto?
Sim, estudei na UNAM, com Max Cetto. De fato, exerci a profissão por 7 anos, para alguns escritórios, além de trabalhar como freelancer e montar meu próprio escritório.
Quando e como você começou a fotografar arquitetura?
Meu pai é arquiteto e sempre estive rodeado de livros e imagens de arquitetura. Enquanto tínhamos o escritório T23, meu sócio e eu começamos um projeto sobre a cidade do México, chamado Citambulos, Guia de assombros de la ciudade de Mexico, em que tivemos que sair a investigar, fotografar e escrever sobre lugares insólitos e fenômenos que sucedem cotidianamente na cidade. Neste momento, me dei conta que gostava muito de andar sozinho pelas ruas, observando a cidade através da lente. Depois de uma viagem que fiz à Europa, onde visitei algumas obras de Le Corbusier, fotografando com uma câmera digital, voltei ao México decidido a dedicar-me à fotografia. Montei um portfolio com as melhores fotos da viagem e busquei os mais conceituados fotógrafos de arquitetura no México para trabalhar e aprender o ofício com eles. Pude trabalhar ao lado de Alberto Moreno e Dante Busquets e conheci outros bons fotógrafos, como Ramiro Chaves e Jose Luis Cuevas, amigos e mestres. Depois, enviei meu portfolio a escritórios, e pouco a pouco, fui ganhando clientes, podendo juntar minha paixão com a fotografia e a de arquitetura.
Por que gosta de fotografar arquitetura?
Como arquiteto, me interessa o processo criativo das obras, o desenvolvimento das ideias e a conceituação dos edifícios, mas me desesperava um pouco todo o demais: os desenhos técnicos e as horas atrás de um computador. Como fotógrafo de arquitetura, tenho a imediatez entre a imagem que desenvolvo na minha mente, que depois passa pela lente e, posteriormente, ao papel. Tenho tempo de pensar as obras, esperar a luz adequada, imaginar os enquadramentos e desfrutar dos espaços construídos que fotografo. Fico com a melhor parte, ou pelo menos, com a que mais me diverte.
Comecei a também utilizar o vídeo como linguagem de representação dos espaços. Creio que com a facilidade de acesso à internet, os clipes de arquitetura podem dinamizar-se e dar uma nova perspectiva sobre a forma de representar as obras arquitetônicas. Agregar elementos com o movimento e o ritmo da edição, proporciona e amplia as possibilidades de aproximar-se dos espaços. Gosto muito da ideia de utilizar uma linguagem tão dinâmica como o vídeo para representar elementos tão estáticos como os objetos arquitetônicos.
Arquiteto favorito?
É difícil decidir-se por um, mas desde a época de estudante de arquitetura, admirei a obra e o pensamento de Juan O’Gorman e sobretudo sua atitude sobre a arquitetura e arquitetos de seu tempo. Também tive a oportunidade de conhecer vários edifícios de Le Corbusier, que sempre me surpreendem.
Obra favorita?
Mais que favoritas, as obras que mais me emocionaram e impressionaram, quando as visitei foram Ronchamp, o Panteão de Aripa, a Sagrada Família e a casa estúdio de Diego e Frida na cidade do México. E, claro, o trabalho que teve mais influência sobre a minha vida foi a Unidade Santa Fé, de Mario Pani.
Como você trabalha?
Trabalho como freelancer, diretamente com os arquitetos, na maioria jovens e com propostas de muita qualidade e arriscadas. Também trabalho para revistas e editoriais especializados. Todo o tempo trabalho em meus próprios projetos fotográficos com uma relação muito próxima à arquitetura e à cidade. Como exemplo cito um trabalho sobre a Unidade Santa Fé, na Cidade do México, do arquiteto mexicano Mario Pani, onde fotografei as atuais condições deste projeto habitacional, paradigma da arquitetura moderna mexicana. Estou desenvolvimento um projeto sobre arquitetura funerária, também.
Em meus trabalhos me esforço para representar a arquitetura como um espaço habitado e apresentar suas transformações e os autores destas, como protagonistas, tanto os habitantes como o contexto urbano em que se inserem. Nem todos os clientes e revistas gostam deste tipo de imagens, mas tento convencê-los, e vem funcionando.
Que equipamentos e softwares você usa?
Trabalho com uma Canon 5D Mark II e com lentes T/S. Os softwares que normalmente utilizo são Photoshop e Lightroom.
F.L.WRIGHT@NYC from onnis luque on Vimeo.
