Esta semana em nossa série de Fotografia e Arquitetura, queremos mostrar o trabalho e uma breve entrevista com o fotógrafo mexicano Patrick López Jaimes, que se dedica a retratar a arquitetura de maneira profissional a pouco tempo, entretanto tem estado atrás da lente na maioria da sua vida. Patrick é arquiteto e em suas imagens se vê encarnada a paixão de seu ofício.
Na sequência, deixamos vocês com a entrevista e uma seleção de suas melhores imagens.
1. Quando e como começastes a fotografar arquitetura?
Enquanto estudava arquitetura comecei a me interessar de forma natural por fotografia. Especialmente na hora de viajar e visitar arquitetura trazer uma câmera foi se tornando indispensável, primeiro como ferramenta de registro, e pouco a pouco como ferramenta de exploração formal e conceitual. Por outro lado, certas ideias e práticas arquitetônicas se relacionavam muito bem com a fotografia: tipologias, mapas, processos, etc. Comecei a conhecer a obra de muitos artistas contemporâneos, a observar sobreposições entre disciplinas, e a fazer explorações próprias. Em 2009, na reta final da carreira, comecei a fazer trabalhos esporádicos para amigos arquitetos, passando cada vez mais tempo fazendo fotografia. No ano passado (2011) tive a sorte de cursar o Seminário de fotografia Contemporânea (Centro da Imagem & Centro das Artes de San Agustín), e tive uma imersão na fotografia que não havia tido até então, aprendendo com pessoas extraordinárias como Ana Casas, Jesús Sánches Uribe ou Alejandro Castellanos, entre outros. Ao decorrer do seminário, decidi concentrar minha mente e minha energia por completo na fotografia, e colocar em pausa indefinida minha atividade como arquiteto. Faz pouco menos de um ano que me dedico a fazer fotografia arquitetônica como principal atividade, comparativamente pouco tempo.
2. É arquiteto?
Sou arquiteto pela Universidade Iberoamericana Puebla.
3. Por que gosta de fotografar arquitetura?
Agora sei que a relação indissolúvel que tenho com a arquitetura existe já fez cerca de 23 ou 24 anos (atualmente tenho 28), quando tive diversas experiências muito particulares com a obra em construção da minha casa (que explicam parte do meu trabalho pessoal). Vejo que é difícil desapegar-me por completo de temas que envolvem espaço, dizendo de maneira um pouco mais genérica.
Por outro lado isto me permite conhecer obras que, de outro modo, dificilmente poderia fazê-lo, e conhecê-las, além de tudo, da melhor maneira. Tenho a oportunidade também de seguir em contato com arquitetos, trocar ideias etc. É uma forma de aproximar-se da arquitetura de modo diferente do projeto ou construção, mas uma aproximação afinal de contas. Além de tudo isso, fotografar arquitetura se pode fazer com relativa calma, o que é mais que interessante.
4. Arquiteto favorito?
É uma pergunta difícil, mas creio que, se me volto para o início de minha carreira ou antes ainda de ingressar na universidade, e quantifico o número de publicações por arquiteto que tenho, 3 escritórios que saltam na minha biblioteca (que pode ser certo indicador) são Herzog & de Meuron, OMA e SANAA. Mas é uma pergunta difícil e poderia ser até um pouco injusta. Ao transcorrer da carreira e ao começar de seu exercício, aprende-se a avaliar escritórios e projetos com diversas classes de intervenção, escala, impacto midiático, e até filosofia de trabalho, de todas as partes do mundo, incluindo obviamente escritórios locais. Sem problema algum poderia nomear 30 ou 40 escritórios de diversas regiões que considero estarem fazendo, ou tem feito, grandes projetos, alguns inclusive sem construir.
5. Obra favorita?
Igual a anterior, é uma pergunta difícil. Existem obras que conheço unicamente pelo trabalho de outros fotógrafos e que gostaria de visitar pessoalmente. Dentre as obras que tenho visitado, provavelmente o Pavilhão alemão de Mies van der Rohe em Barcelona, o Tate Modern de Herzog & de Meuron ou a Fundação Cartier de Jean Nouvel me interessaram especialmente por diferentes razões. O Centro das Artes de San Austín em Oaxaca, fundado por Francisco Toledo, é um resgate e conversão extraordinária de uma antiga fábrica têxtil feita por Claudina López Morales, arquiteta local de Oaxaca. Neste lugar cursei, além disso, o Seminário de Fotografia Contemporânea, o que tem dupla relevância para mim.
6. Como trabalha? (independente? com revistas, arquitetos? viaja?)
Usualmente trabalho pela encomenda direta de arquitetos, mas procuro fotografar arquitetura também de forma independente, tratando de viajar sempre que possível. Até agora não tive a oportunidade de realizar encomendas em grande parte do México e no exterior, mas aparecendo a oportunidade ficarei feliz em fazê-lo.
Por outro lado, trabalho em obra própria, de maneira completamente independente.
7. Que equipamentos e software você usa?
Dependendo do que eu esteja fazendo, uso máquina digital e lentes Nikon, ou máquina analógica e lentes Mamiya 6×7. Entretanto, se tivesse a oportunidade, ficaria feliz em experimentar uma longa lista de equipamentos, o que, em certo momento, é possível que eu mude o que uso atualmente.
Já sobre softwares, utilizo os mais conhecidos, mas também há uma longa lista de softwares que tenho a intenção de experimentar.