As 22 favelas pacificadas do Rio de Janeiro terão, pela primeira vez, ruas com nomes. Segundo as autoridades da cidade, seus moradores agora possuirão casas com endereço.
As famílias que vivem em casas nas favelas do Rio de Janeiro não podem receber cartas ou qualquer outro tipo de correspondência pois a região em que habitam não possui qualquer tipo de orientação ou direção. Como tradição e pelo caráter ilegal e espontâneo desse tipo de ocupação, as ruas ou os caminhos estabelecidos recebiam nomes que eram dados por seus moradores.
Logo, as correspondências destinadas às pessoas dessas favelas eram direcionadas a um único endereço da ocupação e lá se reunia as correspondências de todos os moradores. Por exemplo, uma favela possui um código postal e para lá eram enviadas todas as cartas, para um determinado local, onde os moradores pudessem ir e retirá-las.
Até a década de 1980, as favelas não eram registradas em mapas do Rio de Janeiro que, segundo Sérgio Magalhães, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, um decreto proibia que as favelas fossem representadas nos mapas, pois eram consideradas um “fenômeno temporário”, relata o jornal O Globo.
Algumas favelas possuem ruas com nomes populares emblemáticos como “Avenida da Morte”, pois o espaço foi palco de diversos massacres. Além de questões burocráticas, é de interesse dos traficantes que estes “caminhos” existentes por entre as favelas continuem sem registro ou orientação, tornando estes traçados incapazes de serem localizados, facilitando o anonimato e a agilidade dos traficantes.
Finalmente, os habitantes de favelas ocupadas pelas forças armadas disponibilizarão de um endereço de contato, fazendo com que se sintam também cidadãos e moradores do Rio de Janeiro. Uma socióloga que trabalha nas favelas disse ao El País: “Pode parecer uma coisa pequena para um europeu, mas não para quem viveu durante anos sob a humilhação de não ser ninguém.”
Via El País