“Legos são ferramentas construtivas básicas, capazes de construir naves espaciais complexas, veículos poderosos, edifícios impressionantes e cidades inacreditáveis. Quando criança, todo mundo que conheci adorava Lego, e isso não parece ter mudado. No ensino médio, sempre que uma conversa com amigos casualmente se voltava para o assunto Lego, todos se lembravam com alegria seus dias construindo estruturas fantásticas com aqueles bloquinhos. [...] Sem dúvida o Lego tem um papel importante na minha apreciação da arquitetura.” Arquiteto Albert Lam, em um post para o Blog LPA
Quando perguntar a arquitetos o que lhes inspirou, praticamente todos (de acordo com um estudo, 99%) poderão traçar um caminho inverso e chegar à mesma origem: brincar com seus blocos de LEGO.
O Grupo LEGO, que completou 80 anos recentemente, pode se orgulhar do fato de haver aproximadamente 62 blocos de LEGO para cada pessoa no planeta. No entanto a empresa não detinha tanto sucesso até 1958, quando os blocos de plástico do LEGO incorporaram este clássico sistema de conexão e ultrapassaram os blocos Froebel (brinquedo favorito de Frank Lloyd Wright) se tornando a inspiração arquitetônica popular que são hoje.
Mas enquanto a influencia do LEGO para os arquitetos pode ser evidente, não são muitos os que sabem da contribuição da Arquitetura para o LEGO. Na realidade, apenas sob a lente da Arquitetura pode-se perceber por que o LEGO merece seu ousado apelido de “O Brinquedo do Século”
Descubra mais ligações improváveis entre Arquitetura e LEGO após o intervalo…
No início dos anos 60, o estilo moderno internacional se enraizou na América. Austeridade, funcionalidade e simplicidade eram suas características principais, incorporadas em grandes arranha-céus como o edifício Seagram de Mies van der Rohe em Nova Iorque; a Sears Tower de Skidmore, Owings & Merrill; ou o Centerin Chicago de John Hancock.
Nesta época, em uma oficina na Dinamarca, a LEGO estava passando por um processo revisão de seu design.
Godtfred Kirk Christiansen, na época o proprietário do Grupo LEGO, incumbiu seus designers de uma tarefa: criar um novo conjunto de componentes que desse às construções de LEGO uma nova dimensão. O que eles criaram teria deixado seus contemporâneos modernistas orgulhosos: cinco elementos que se combinam aos blocos existentes, porém com um terço da altura. Esta simples minimização tornou possível construir modelos muito mais complexos que antes. Logo após, em 1962, a linha de “Modelos em Escala” da LEGO, diretamente inspirada em obras de arquitetos e engenheiros, fora criada.
De acordo com o escritor do Washington Post, Phillip Kennicott, os blocos LEGO eram o brinquedo perfeito para sua época, “idealmente adequados à uma era de expansão econômica rápida e aparentemente infinita.” Assim como arranha-céus modernistas eram adicionados em nossos skylines, uma infinidade de combinações de LEGO se erguia em nossos quartos durante a infância. É isto que torna a LEGO tão inspiradora – a tentação de poder sonhar e construir com ousadia, uma espécie de garantia modernista da possibilidade e da maravilha da arquitetura em si.
A linha de modelos em escala ressurgiu com a série LEGO Architecture, modelos de clássicos da arquitetura que não fazem parte apenas da memória passada e presente da arquitetura, mas fazem também parte da história do Grupo LEGO. Portanto, com a LEGO completando 80 anos, reflita sobre o papel destes pequenos blocos em seu passado, e lembre-se da sensação de se maravilhar com suas construções que pode ter lhe colocado no caminho da arquitetura.