O aumento contínuo da bicicleta como meio de transporte repercutiu em uma demanda crescente de estacionamentos nas ruas do Chile. Contudo, a falta duma infraestrutura adaptada tem revelado como os ciclistas devem improvisar cada vez que estacionam suas bicicletas na rua, seja amarrando em árvores, bancos ou postes.
Esta necessidade de contar com estacionamentos adequados se refletiu no “Estudo de Oferta e Demanda de Estacionamentos de Bicicletas de Santiago”, elaborado por Bicicultura, que revelou que as 2.27 pessoas da Região Metropolitana que responderam o questionário, já superam largamente a capacidade dos 433 estacionamentos identificados na região pelo estudo.
Além disso, se considerarmos que a Pesquisa Origem Destino (POD) realizada em 2010 revelou que 3% dos deslocamentos diários que são realizados em Santiago são feitos sobre uma bicicleta, e certamente este índice aumentará na pesquisa de 2013. Além disso, se o levantamento encomendado pelo Ministério dos Transportes chileno fosse realizado a nível nacional esse aumento também se refletiria no resto do país.
Em outros países a falta de estacionamentos para bicicletas tem sido freada pelas autoridades através da instalação de inovadores estacionamentos dispostos nos espaços públicos. Em seguida, pode-se conhecer dois incríveis estacionamentos que já existem mundo afora: Biceberg e Eco Cycle. Ambos são estacionamentos automatizados e subterrâneos para bicicletas que permitem que os ciclistas as guardem desde o nível da rua, sem medo de não encontrar sua bicicleta quando voltarem.
Eco Cycle
No Japão, a empresa Giken desenhou Eco Cycle, um estacionamento que funciona de forma similar a Biceberg, mas que foi construído com tecnologia anti-sísmica e que permite que 200 bicicletas sejam estacionadas no mesmo lugar. Em todo país há 32 estacionamentos em uso que se divide em 11 zonas.
Quando um ciclista guarda sua bicicleta na cabine, ela demora apenas 13 segundos para descer até uma vaga de estacionamento que esteja livre. O sistema é ativado com um cartão que reconhece o usuário, que deve se registrar com o pagamento de US$30 mensais ou US$15, no caso dos estudantes.
Durante sua etapa de projeto, esse bunker para bicicletas foi modificado várias vezes porque inicialmente os projetistas não consideraram a largura do guidão ou as dimensões que teriam as bicicletas com cestinho. Por causa disto, analisaram as medidas de 3.000 bicicletas para criar estacionamentos com dimensões médias padrão. Ainda assim, tiveram que criar diferentes combinações para incluir o maior número de bicicletas no menor espaço possível, sem que chocassem entre si. Após várias tentativas, mudaram de um desenho convencional que permitia estacionar nove bicicletas para o que está em uso agora, que permite treze bicicletas no mesmo espaço.
Biceberg
Desde longe, este estacionamento de bicicletas parece um verdadeiro iceberg amarelo instalado numa calçada. Nele é possível estacionar 23, 46, 69 e 92 bicicletas, dependendo do modelo de Biceberg. Atualmente estão disponíveis em cinco pontos da Espanha: Girona, Huesca, Vitoria e dois outros em Zaragoza.
Para estacionar uma bicicleta num Biceberg, os usuários devem introduzir um cartão e uma senha, assim como um caixa eletrônico. Isso permitirá a abertura de uma porta que dá acesso a uma cabine onde se guardam as bicicletas, de forma horizontal e introduzindo primeiro a roda traseira, e podem ser guardados também artigos pessoais – como capacetes e mochilas – que não superem 25 kg.
Para garantir que esta etapa seja realizada corretamente, a cabine não fecha a porta até que revise se os itens não ultrapassam o peso permitido e se a bicicleta está bem instalada em um negativo no chão.
Uma vez realizado este passo, a cabine desce por um cilindro de 1,5 m até 5,75 m abaixo do nível da rua, dependendo do modelo de Biceberg; em qualquer um deles, as cabines demoram 30 segundos para descer e subir, o que requer um aumento de velocidade. A instalação de um Biceberg requer que o cilindro onde circulam as cabines não se comunique com nenhum outro duto.
Para dimensionar o espaço que permite estes estacionamentos, um Biceberg com capacidade para 92 bicicletas e tem 5,75 metros de profundidade, é equivalente ao lugar que ocupam quatro carros estacionados.
O lado bom de Biceberg e Eco Cycle é que as pessoas podem deixar suas bicicletas num lugar seguro e que está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. Além disso, possibilita que a superfície que está em torno dos estacionamentos possa ser aproveitada para criar melhores espaços públicos.
Texto de Constanza Martínez Gaete via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.
