Questionar a história canônica da arquitetura e lançar luz sobre práticas espaciais por muito tempo invisibilizadas é o que propõem Gabriela de Matos e Paulo Tavares em Terra, exposição que ocupa o pavilhão brasileiro na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023. “É nossa maneira de fazer um sacudimento”, comentam os curadores, que voltam sua atenção para modos ancestrais de lidar com a terra, mirando possibilidades de presente e futuro mais justas e completas.
Abordando a terra em todos os significados que a palavra carrega, os curadores sobrepõem questões ligadas ao solo e ao território com problemáticas planetárias, propondo uma aproximação entre os temas da reparação e decolonialidade — emergentes ao contexto brasileiro — com tópicos abrangentes, como descarbonização e meio ambiente, decisivos no debate global contemporâneo.
Dividido em duas galerias, intituladas De-colonizando o Cânone e Lugares de Origem, Arqueologias do Futuro, o edifício do pavilhão é transformado em uma instalação site-specific, recebendo um gradil Sankofa na fachada e, nos interiores, um conjunto de tecidos feitos pelas tecelãs do Alaká. Para completar a instalação, o piso do edifício será recoberto com terra, transformando-se numa espécie de terreiro: um convite aos visitantes para pisar um chão comum.
Tivemos a oportunidade de conversar com Gabriela e Paulo sobre o projeto para o pavilhão e como ele se relaciona com o contexto brasileiro e global. Leia a seguir:
Romullo Baratto (ArchDaily): A curadora da Bienal, Lesley Lokko, disse que “a história da arquitetura não está errada, mas incompleta". Como Terra dialoga com O Laboratório do Futuro?
Gabriela de Matos: A história da arquitetura está incompleta porque nosso foco sempre esteve voltado para a produção de arquitetura ao norte: Europa, Estados Unidos etc. Acredito que nossa proposta dialoga diretamente com O Laboratório do Futuro, pois apresenta uma produção de arquitetura que sequer é reconhecida enquanto produção arquitetônica. Então, além de propor uma outra forma de entender essas experiências, de certa forma também buscamos ampliar a arquitetura a partir de outras história e culturas.
Paulo Tavares: Existem outras histórias para se contar na arquitetura. Histórias que não foram contadas, que não foram visibilizadas, que não foram narradas, porque foram de alguma maneira suprimidas por narrativas canônicas da arquitetura. Então, o pavilhão Terra também é uma maneira de contar essas outras histórias num contexto brasileiro. As práticas espaciais que apresentamos, além de frequentemente não serem consideradas produções arquitetônicas, também foram marginalizadas na representação das tradições artísticas e culturais nacionais. Num país formado por uma diversidade cultural, étnica e racial tão grande como o Brasil, é preciso contemplar essas outras narrativas, isto é, as outras histórias, as outras arquiteturas, os outros memoriais, os outros patrimônios. É assim que respondemos diretamente à questão levantada pela curadora.
Victor Delaqua (ArchDaily): A primeira galeria do pavilhão recebe o nome de De-colonizando o Cânone. Qual é o cânone arquitetônico que vocês pretendem decolonizar?
PT: O cânone, de uma perspectiva geral da história da arquitetura, está muito relacionado ao fato de que o modernismo e a modernidade transformaram em larga medida a representação de expressões da nacionalidade. Isso é observado pela maneira através da qual o modernismo e legados modernistas sempre aparecem como esse significante da identidade nacional. No contexto de Veneza isso se dá através do próprio pavilhão brasileiro, que é um edifício modernista desenhado por Henrique E. Mindlin e Giancarlo Palanti. Nesse contexto, nos pareceu importante contar essas outras histórias e problematizar a narrativa canônica, que é a narrativa acerca da capital moderna, Brasília. A cidade que representa um símbolo do que era a modernidade nacional, do que era o futuro do país: toda a aspiração de um Brasil moderno. Há toda uma construção historiográfica e ideológica em torno de Brasília como um espaço de ocupação do território, de tomada do território brasileiro como o signo da modernidade.
Em nosso projeto curatorial, procuramos enxergar esses territórios de uma maneira diferente da narrativa canônica hegemônica, trazendo a presença ancestral de populações quilombolas e indígenas que ocuparam esses territórios desde muito antes. Então, contar outras histórias significa também desafiar as narrativas canônicas e, não à toa, exibimos Brasília novamente. Um projeto que já foi exaustivamente exposto, mas apresentado aqui a partir de uma perspectiva diferente, de modo que olhamos para a mesma história, mas com um olhar que permite outras interpretações.
GM: Além dessa outra forma de ver Brasília e questionar o cânone, também questionamos a perpetuação desse cânone. Não só em termos de localização cronológica, mas também no sentido de que continuamos formando arquitetas e arquitetos com as mesmas referências. Continuamos perpetuando esse cânone. Então, através do pavilhão Terra, também levantamos um debate voltado para a formação e a educação na arquitetura.
VD: Ayrson Heráclito no vídeo O Sacudimento da Casa da Torre e o Sacudimento da Maison des Esclaves em Gorée apresenta gestos ancestrais para espantar eguns e fantasmas da colonialidade nestes edifícios. Este ato parece uma metáfora da proposta curatorial: sacudir a própria modernidade e o cânone da arquitetura. Qual a importância dessa obra que vem do campo da arte e como vocês a enxergam dentro do conjunto exposto?
GM: A primeira vez que eu vi essa obra fiquei extremamente chocada, porque tudo que estamos questionando em termos de decolonizar a arquitetura, de dar a ela outro significado, está, de certa forma, contido nessa obra — que é, também, uma experiência. Quando estávamos projetando a curadoria, essa obra veio como uma síntese de tudo que está colocado no pavilhão, de uma forma bem performática e artística.
Ela abre a segunda galeria porque é a partir desse sacudimento que apresentamos todas as outras obras e conteúdos da mostra. É como se fosse o ponto de partida. E o que o Ayrson faz naqueles dois edifícios mostrados no vídeo, Paulo e eu fazemos no pavilhão, com seu aterramento. O aterramento do pavilhão se torna um ponto de partida para tudo o que está sendo apresentado na nossa curadoria.
PT: Muito do que apresentamos no pavilhão fala sobre reparação, retomada, reconstrução, e essa obra do Ayrson dialoga com isso, indagando como vamos lidar com o legado colonialista no campo da arquitetura. Também é isso que fazemos ao interpretar o Pavilhão Brasileiro não como um espaço neutro, mas como algo saturado de certas narrativas, de certas memórias, de certas noções de nacionalidade. Na medida em que elaboramos a proposta curatorial, percebemos que não poderíamos tomar o pavilhão como um objeto neutro, mas como um objeto do olhar da curadoria. Então, nessa instalação site specific desenhada pela curadoria, que chamamos de Aterramento, trazemos três elementos que redefinem o edifício: as grades Sankofa que reconfiguram a fachada modernista; um grande plano de aterramento, que transforma o pavilhão em uma espécie de terreiro e assenta o espaço na terra; e, finalmente, uma série de tecidos comissionados para as tecelãs do Alaká, que adornam o pavilhão de modo similar às bandeirolas dos barracões de terreiro.
Então, de certa forma, o aterramento é nossa maneira de fazer um sacudimento. É, também, um convite ao público para pisar a terra, sentir a terra, estar na terra. Esse sacudimento talvez diga mais respeito ao contexto brasileiro — no sentido de revisitar as narrativas —, mas também tem um sentido global e universal, que é entender a terra enquanto planeta, solo comum, casa de toda a vida.
GM: É uma proposta ao público que diz: “bom, para você entender o que estamos mostrando aqui é importante pisar na terra”. É outro modo de pensar, com todo mundo pisando da mesma forma e no mesmo lugar. No livro Futuro Ancestral, Ailton Krenak fala sobre a nossa desconexão com a terra, porque somos educados a pensar que a terra é algo sujo. Como esperar que gerações inteiras que associam terra à sujeira possam se conectar com as questões ambientais e climáticas que são tão emergentes? Essa é uma reflexão global, porque se conecta a muitos contextos.
Mas, além disso, é também um convite a pensar a terra enquanto tecnologia ancestral e, ao mesmo tempo, do futuro. Um convite a pensarmos como podemos associar isso com as tecnologias de hoje e construir de forma mais respeitosa com o meio ambiente.
PT: A terra não tem escala: ela é solo, ela é chão, ela é local, mas, ao mesmo tempo, ela é transversal, é cósmica e global. Então, foi muito interessante pensar a terra também nessa dimensão transescalar. Ela é muito local, muito enraizada, fala de país, de pertencimento, mas, ao mesmo tempo, fala de uma questão que atinge a todos.
RB: Queria ouvir de vocês sobre a galeria Lugares de Origem, Arqueologias do Futuro, onde vocês apresentam cinco lugares essencias: a Casa da Tia Ciata na Pequena África do Rio de Janeiro, a Tava no Rio Grande do Sul, os terreiros em Salvador, os Sistemas Agroflorestais do Rio Negro, e a Cachoeira do Iauaretê. O que definiu esse recorte?
GM: Os cinco lugares escolhidos dialogam com o entendimento de terra que estamos propondo. Por exemplo, a Casa da Tia Ciata, na Pequena África, significou uma resistência cultural afro-brasileira diaspórica onde culminaram diversas expressões culturais das quais se destaca o samba. Lá foi gravado o primeiro samba no Brasil. Trata-se, portanto, de um núcleo cultural muito forte vinculado àquele território.
Os terreiros em Salvador também têm uma relação muito forte com o território e com a terra em si — muitos deles são inclusive construídos em terra. Mas eles também mostram uma relação muito direta com a questão da preservação de grandes porções de mata. Não pela preservação em si, mas um entendimento anterior a isso, no sentido de fazer parte. Um pertencimento onde tudo e todos importam. E na curadoria levantamos esse ponto: terra enquanto casa da vida humana e não humana.
PT: Também estamos falando dos Sistemas Agrícolas Tradicionais do Rio Negro, da Tava — que é o Museu das Missões, ao qual os Guaranis se referem como Casa de Pedra —, e a Cachoeira do Iauaretê dos Tukano, Arawak e Maku. É importante enfatizar que estes são lugares memoriais. Todos são considerados patrimônio por diferentes órgãos nacionais e alguns também pela Unesco. Nossa pesquisa investigou o que são esses lugares de referência e memória, o que é considerado ou não patrimônio. Esses lugares apontam para uma outra relação com a terra, são formas de lidar e se relacionar com a terra que, no nosso entender, estão muito relacionadas com o futuro planetário.
Os terreiros, por exemplo, mostram uma estreita relação com a floresta e com as águas — coisas que a visão ambientalista moderna defende, mas que já estavam ali estabelecidas há muito tempo. Da mesma forma, a Cachoeira do Iauaretê é vista como um lugar de referência para os povos da Amazônia Ocidental, no entanto, na visão hegemônica não passa de um objeto natural. Estamos falando de lugares que marcam uma ancestralidade profundamente relacionada com a terra, mas que também apontam para o que chamamos de um porvir já existente — um futuro que já é presente, que já está aqui há bastante tempo.
Nesse sentido, a própria ideia de patrimônio é questionada. Brasília é um patrimônio reconhecido pela Unesco; nós questionamos a história desse patrimônio e trazemos outras referências patrimoniais que estão aí, apontando para um horizonte de reparação da terra enquanto casa de toda a vida.
VD: Muitas das arquiteturas ancestrais possuem como base cosmogonias e culturas que não são hegemônicas, portanto, desconhecidas pela maior parte do público. Como essas obras podem ser lidas em seus contextos?
PT: Esta pergunta lança luz justamente sobre a questão patrimonial. A maneira pela qual a arquitetura é definida está sempre relacionada com o que é entendido como patrimônio artístico e cultural. E apesar dos projetos que estamos trazendo serem expressões ou representações de uma arquitetura que usualmente não é percebida como arquitetura, eles têm um lastro espacial muito forte na medida que são lugares da memória, lugares de referência, ou o que podemos chamar de lugares de origem.
Se acompanharmos as discussões contemporâneas do campo da arquitetura, que relacionam políticas e questionam os legados do colonialismo e do racismo, enraizados na memória pública através de monumentos, penso que estamos dialogando profundamente com esse contexto histórico que atravessa a disciplina. Queremos abordar a arquitetura enquanto prática para se posicionar no mundo, e o pavilhão fala muito de reparação nesse sentido. Esperamos que isso ressoe tanto para um público especialista como também para um público geral, pois acreditamos que essa sensibilidade está no ar.
GM: Eu diria também que esse é o momento perfeito para destacarmos essas outras perspectivas. A própria Lesley Lokko faz esse convite para conhecermos as experiências que surgem a partir da diáspora africana. Algumas das que trazemos aqui estão diretamente relacionadas a isso.
RB: Vocês enxergam esse trabalho sendo realizado em algum outro momento dos últimos quatro anos? Eu acho improvável. Penso que é um momento oportuno também no nosso contexto nacional.
PT: Esse é um pavilhão que fala muito de reconstrução e de reparação, de maneira implícita ou explícita, e é impressionante como certos acontecimentos da contemporaneidade brasileira aconteciam em diálogo com nosso processo curatorial. O exemplo mais marcante talvez seja a campanha que o terreiro da Casa Branca do Engenho Velho fez contra a ameaça de perda de território devido à especulação imobiliária em Salvador. Durante os últimos quatro anos nada foi feito por parte do Ministério Público ou do Iphan; apenas recentemente algum movimento começou a surgir para barrar a especulação que ameaça o terreiro. Em uma entrevista, a Gabriela questiona: “como vamos olhar para o futuro se a gente não sabe de onde veio?”. Penso que o pavilhão está em estreito diálogo com isso.
GM: Essa proposta curatorial foi desenhada em outubro do ano passado, o que nos dava bastante receio. Não tínhamos este governo eleito, não havia Ministério da Cultura ou Ministério da Igualdade Racial. Era um tiro no escuro, pois poderíamos estar apresentando este pavilhão num contexto completamente diferente e menos receptivo.
RB: Vocês falam da relação entre decolonização e descarbonização. Como se relacionam os aspectos do patrimônio, do passado e do presente, com as questões urbanas, territoriais e ambientais contemporâneas?
PT: Quando a Sônia Guajajara tomou posse como Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, ela disse que “o futuro é ancestral”. Essa frase nos acompanha desde o primeiro momento neste trabalho. As experiências de outras matrizes filosóficas e culturais que não as ocidentais apresentadas no pavilhão trazem isso de uma maneira muito potente. A própria Lesley Lokko relaciona duas noções contemporâneas e fundamentais, dizendo que a descarbonização do planeta está inevitavelmente relacionada à decolonização dos nossos pensamentos e das nossas arquiteturas.
Nosso projeto cultural responde a isso de uma maneira muito direta, sobretudo quando observamos que os territórios sob custódia de populações indígenas e quilombolas são os territórios onde a proteção da terra enquanto casa de toda a vida comum acontece de forma mais eficiente, como comprovado por diversas pesquisas nacionais e internacionais. Mas é importante ressaltar que essa proteção é feita de uma maneira ativa que implica uma produção espacial, não no sentido de que tudo ali é intocável. Pelo contrário, uma proteção que acontece na forma de cultivo, de desenho da paisagem.
O pavilhão reconhece essas práticas espaciais enquanto desenho da paisagem, enquanto arquitetura, enquanto produção do espaço que produz biodiversidade. Isso é fundamental, porque quando algo é colocado num pavilhão da Bienal de Arquitetura, significa que aquilo é reconhecido como experiência arquitetônica relevante. Portanto, nosso trabalho consiste em reconhecer essas práticas como práticas fundamentais para o futuro tanto do Brasil como planetário.
VD: Cada vez mais, reconhecemos o papel fundamental de outros agentes que não são profissionais da arquitetura na construção do espaço. Como a contribuição de vocês dialoga com o futuro dessa disciplina que se expande para lugares e práticas por tanto tempo invisibilizadas?
GM: Acredito que, por muito tempo, nós ignoramos essas outras práticas porque elas não seguiam o padrão que entendemos ser o da arquitetura. E sabemos exatamente quais são as produções que ficaram de fora, não é mesmo? Então, penso que a contribuição da nossa curadoria vai nesse sentido, de aproximar, dar lugar e compreender essas outras produções, e compreender, também, que a arquitetura se relaciona com muitas outras disciplinas. A coisa vai ficando mais complexa e completa quando temos a contribuição de vozes diversas.
É importante compreender que o nosso país foi construído sobre uma base racista que retirou dos espaços de produção de conhecimento pessoas que efetivamente construíram o país. A mão de obra escravizada responsável pela construção das arquiteturas coloniais, que tanto admiramos e exibimos para o mundo, é negra e africana. Ela foi retirada de um lugar onde algumas práticas arquitetônicas já eram milenares, enquanto a [arquitetura colonial] brasileira ainda estava começando a surgir. Temos muito o que aprender com a nossa história, e nossa proposta curatorial é apenas um pontapé inicial que, esperamos, possa abrir caminho para outros trabalhos que aprofundem ainda mais essas pesquisas em direção a uma arquitetura menos elitista e mais diversa.
PT: O que se mostra numa exposição de arquitetura? O que é importante exibir numa Bienal? Usualmente, ela tem a função de apresentar o estado da arte da arquitetura contemporânea e dizer: “olha, nos últimos dois anos foi isso que aconteceu de relevante”. Esse é o formato mais clássico, digamos assim.
Acredito que o nosso gesto curatorial, de trazer essas outras arquiteturas e espacialidades, tem o sentido de convidar os arquitetos e visitantes a refletirem sobre o que está por vir. Mas, em vez de apresentar o que foi feito nos últimos dois anos, o que se chamaria a vanguarda da arquitetura, mostramos espaços que já estão aí há muito tempo, alguns há séculos, mas que indicam um possível porvir, um futuro em potencial. Somos frequentemente questionados sobre a importância de resgatar o passado, mas não estamos resgatando passado nenhum; falamos, claro, de coisas que são ancestrais, muitas vezes ligadas a temporalidades que escapam à cronologia ocidental, mas que são experiências do contemporâneo. Falamos de um futuro que já é ancestral e também presente.
RB: Muito bonita essa imagem do tempo não-linear em que ancestralidade, contemporaneidade e futuro parecem se misturar. Os trabalhos que vocês trazem nas galerias parecem explorar essa noção de várias formas.
GM: Exatamente! Porque percebemos que uma visão linear do tempo não funciona. É, no mínimo, irresponsável e confortável, porque não propõe nenhum movimento. Se o problema ainda está por vir, significa que eu não preciso me mexer agora. É esse o pensamento que guiou gerações anteriores. O que propomos aqui é deslocar esse entendimento, pois é urgente uma transição nos nossos modos de pensar e praticar arquitetura. Acompanhe a cobertura completa do ArchDaily para a Bienal de Arquitetura de Veneza 2023: O Laboratório do Futuro.