A mais de dez mil quilômetros de distância da capital Brasília, uma joia da arquitetura moderna brasileira se volta para o mar Mediterrâneo. Localizada em outra Brasília, um distrito de Beirute nomeado em homenagem à capital brasileira, a Residência do Embaixador do Brasil no Líbano, projetada por Olavo Redig de Campos, combina o modernismo dos trópicos com elementos da cultura do Oriente Médio.
Pela primeira vez, a casa será aberta ao público através de visitas guiadas com foco no patrimônio histórico. Voltada a profissionais e estudantes de arquitetura, design e artes, as visitas serão guiadas pelo Dr. George Arbid, diretor do Arab Center for Architecture, uma instituição de referência na arquitetura moderna da região.
O projeto teve início em 1959, após a aprovação do General Fouad Chehab, Presidente da República do Líbano na época. Desde então, a residência testemunhou diversos eventos significativos na história do país, incluindo o bombardeio do Palácio Presidencial Libanês em Baabda em 1990, que causou danos extensos à casa e à escultura de Bruno Giorgi no jardim.
Projetada por Campos, a residência foi construída sob a orientação do engenheiro-arquiteto libanês George Jurdak, contando com a contribuição essencial de artesãos e fornecedores locais. Ela harmoniza elementos característicos do modernismo brasileiro, como o uso de concreto aparente, brises soleil e painéis de azulejos, sem deixar de respeitar as características originais do terreno e a cultura local.
A influência do Oriente Médio se manifesta nas formas geométricas do desenho de azulejos, assim como no papel central desempenhado pelo pátio interno no projeto. O local é resguardado por imponentes paredes, com poucas janelas e portas que conectam de forma sutil os espaços públicos e privados. Em seu centro, destaca-se uma escultura abstrata de mármore branco de autoria de Bruno Giorgi.
Redig de Campos foi chefe do Serviço de Conservação do Patrimônio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil de 1946 a 1976. Além da Residência no Líbano, ele também projetou a Residência do Embaixador Brasileiro em Dakar (Senegal), as Chancelarias do Brasil em Buenos Aires (Argentina), Lima (Peru) e Washington (Estados Unidos) e o Monumento aos Soldados em Pistoia (Itália), entre outras obras relevantes.
Além da Residência, o Líbano abriga outra obra-prima modernista brasileira: a Feira Internacional Rachid Karami, localizada em Trípoli. Projetada por Oscar Niemeyer, a Feira foi reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO em 2023.
Esta é uma iniciativa da Embaixada do Brasil no Líbano com o apoio do Instituto Guimarães Rosa, e tem como objetivo promover a arquitetura brasileira e o diálogo intercultural. Para mais informações sobre as visitas, que ocorrerão nos dias 13 e 16 de junho, escreva para cultural.beirute@itamaraty.gov.br.