O escritório Solss Arquitetura foi premiado com o primeiro lugar no concurso nacional Iconicidades, promovido pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e lançado em abril deste ano. A iniciativa buscava selecionar as melhores propostas de transformação de espaços públicos em locais de estímulo à economia criativa nas cidades de Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, Cachoeirinha e São Leopoldo.
A firma venceu o concurso em São Leopoldo, que tinha como objetivo escolher o melhor projeto de requalificação para a Casa da Feitoria e o Museu do Imigrante, preparando o espaço para as comemorações dos 200 anos da imigração alemã no Brasil. Conheça o projeto a seguir:
Da equipe: O projeto do Complexo histórico Casa Feitoria e o Parque urbano emergem de pensamentos sobre a história do lugar e as complexas relações de uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre, no Sul do Brasil. No Sul a história cultural se funde com a história geográfica, portanto o projeto para o Complexo Histórico procura estabelecer relações entre as características da paisagem natural e da paisagem cultural. A ideia é oportunizar a leitura de todas as fases históricas do Patrimônio e seu entorno, inclusive o marco contemporâneo.
A intenção foi criar espacialidades que transitam entre as diferentes escalas projetuais do edifício à cidade considerando características importantes das relações entre tempo e espaço que se sobrepõem na proposta de um parque regenerativo, oportunizando uma rede para a manifestação da paisagem histórico-cultural. O potencial do parque se desenvolve ao longo de eixos, que passam por três zonas: a sociocultural, a natural e a socioeconômica que celebram respectivamente a memória do local.
O projeto para o anexo ao Museu Histórico, busca atender as demandas socioambientais, em um contexto econômico de escassez de recursos. A estrutura proposta, de pórticos de MLC, configura espaços resilientes às mudanças diárias e futuras, responde aos requisitos técnicos construtivos adequados à materialidade que equaciona os inúmeros desempenhos recorrentes em obras deste porte. Além de pensar soluções considerando a história e os significados da memória coletiva sobre o lugar, os sistemas construtivos especificados, consideram a análise do ciclo de vida dos materiais, em ressonância com o ritmo dos revestimentos de madeira da pré-existência.
A Casa Histórica, tombada pelo IPHAE/RS, também conhecida como Casa do Imigrante, está implantada sobre uma plataforma natural, que hoje é segurada por um muro de arrimo circundado pela curva da Avenida Feitoria, uma via de intenso e pesado tráfego intermunicipal. Nesta posição, a casa configura o principal ponto de referência e identidade para todo o parque e orienta o ritmo e as proporções dos demais edifícios implantados ao longo do parque.
O restauro da casa recupera e conserva os elementos existentes. As paredes que desabaram são reconstruídas com técnica construtiva e material idêntico ao original, para preservar a imagem externa da Casa, conforme demanda do edital do concurso. As marcas do tempo são evidenciadas na intervenção, no interior da Casa, a partir da criação de uma janela histórica na figura de uma escavação arqueológica e na distinção material da reconstrução. A partir da demanda para o fortalecimento das fundações do setor que desabou, a escavação tornou-se o marco inicial da exposição, e uma passarela elevada guia o percurso expográfico, conectando os dois extremos da sala.
Ficha técnica
Arquiteta responsável: Patrícia de Freitas Nerbas
Equipe de projeto: Jordana Cristine Winter; Ketelyn Schiochet Jardim; Kauã Domingues de Oliveira; Vera Grieneisen.
Localização do projeto: Av. Feitoria, São Leopoldo, RS.