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Arquitetos: RUÍNA
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Fotografias:Miguel Falci, Danko Stjepanovic
Descrição enviada pela equipe de projeto. Time Transitions é uma instalação pública desenvolvida para a segunda edição da Trienal de Arquitetura de Sharjah “Beleza da Impermanência: Uma Arquitetura de Adaptabilidade", com curadoria da arquiteta Tosin Oshinowo. Localizada na entrada do antigo Mercado de Vegetais Al Jubail em Sharjah - Emirados Árabes Unidos, a instalação de 18 metros de altura funciona como um observatório para recuperar a vista do antigo mercado para a orla marítima. Apesar de ser considerado um exemplar da arquitetura moderna em Sharjah, o antigo mercado - construído em 1980 - foi desativado e teve a sua demolição iminente. A construção de seu sucessor do outro lado da rua envolveu uma significativa intervenção que incluiu o aterramento de parte da orla e o consequente afastamento do seu antecessor de décadas.
Enquanto o antigo mercado foi projetado a partir dos princípios de condicionamento térmico passivo, a arquitetura do novo mercado é resultado do uso da climatização artificial como ponto de partida. Frente a frente, as duas arquiteturas evocam reflexões acerca das transformações espaciais que moldaram Sharjah nas últimas décadas. O projeto da instalação toma como referência formal as milenares torres de vento — uma tecnologia arquitetônica vernacular de resfriamento de edifícios — simbolizando novos ares para o mercado recentemente abandonado, e agora novamente habitado. O elemento vertical em uma região com edifícios de menor gabarito faz a vez de destacar a presença do antigo mercado na paisagem urbana. Optou-se por utilizar o sistema de andaimes devido a agilidade de montagem/desmontagem e a possibilidade quase que infindável da sua reutilização após o término da Trienal, evitando a geração de descartes - comum aos grandes eventos de arquitetura. Blocos de resíduos de demolição foram incorporados à estrutura como contrapesos. À noite, os blocos ganham destaque graças à iluminação, em uma provocação que eleva-os à condição de artefatos arqueológicos de um tempo não linear. A estrutura é parcialmente coberta por uma tela de sombreamento, sugerindo uma arquitetura ainda em (e constantemente em) construção. A tela se sobrepõe à paisagem percebida pelo visitante ao percorrer a instalação, além de garantir maior conforto térmico durante o dia.
“Time Transitions” trata da impermanência e necessidade de adaptação, mas é também um convite à reflexão sobre o significado de uma arquitetura de regeneração que valorize as tradições culturais e a promoção de políticas de reintegração dos espaços urbanos abandonados no tecido da cidade. A partir dessas reflexões, vislumbramos outras epistemologias para arquitetura, a partir da ideia de que as ruínas materiais e imateriais desempenham um papel fundamental para repensar nossos possíveis futuros em um presente distópico.