A Trienal de Sharjah estreou em 11 de novembro de 2023, com o tema "A Beleza da Impermanência: Uma Arquitetura de Adaptabilidade". No centro de "Al Madam", uma cidade abandonada dos anos 1970 no deserto oriental de Sharjah, a "Tenda de Concreto", projetada por DAAR, um estúdio experimental palestino-sueco, combina elementos de uma tenda móvel e uma casa de concreto e explora a noção de "temporariedade permanente".
A ideia de "temporariedade permanente" refere-se ao deslocamento provocado por mudanças no ambiente, na política e na economia, impedindo frequentemente as pessoas de experimentarem plenamente o presente. Segundo a filosofia da DAAR, muitas pessoas vivem em um estado suspenso, preocupadas com um passado idealizado ou um presente nostálgico. A "Tenda de Concreto" é uma tentativa experimental de reimaginar esse estado. Ao preservar o espaço, redefine ambientes temporais construídos.
Curiosamente, a cidade fantasma de "Al Madam", onde a tenda está localizada, foi projetada para assentar e modernizar um povo nômade. Fundada na década de 1970, a iniciativa foi criada para pessoas que eram contrárias à criação de um novo estado-nação. Hoje, esses edifícios estão abandonados e cobertos pelas areias do deserto.
Artigo Relacionado
Os 21 projetos mais aguardados de 2024A tenda de concreto da DAAR na cidade fantasma de Al Madam é um projeto experimental de preservação, envolvendo edifícios modernistas com tecido yuta, material tradicional de tendas. Aqui, o objetivo da preservação arquitetônica não é a permanência em si, mas sim o reaproveitamento dessa área como símbolo do legado da "temporariedade permanente". Além dos vestígios da ruína modernista, o yuta reflete a experiência de constante impermanência das comunidades migrantes modernas e evoca as vidas errantes do passado. Por colapsar devido ao avanço das dunas, a estrutura simboliza uma representação móvel da "beleza inerente nas coisas passageiras".
Durante os primeiros dias da Trienal de Arquitetura de Sharjah, a tenda de concreto funcionou como um lugar de luto coletivo em resposta à crise contínua na Palestina. A tenda, retirada do Campo de Refugiados de Dheisheh, em Belém, Palestina, em 2015, visa representar o luto mundial pela Palestina. Na inauguração da trienal, os fundadores da DAAR, Sandi e Alessandro, conduziram a cerimônia do espaço de luto coletivo.
Tosin Oshinowo foi curadora da Trienal de Arquitetura de Sharjah, com foco na Beleza da Impermanência. Direcionada ao sul global, a trienal visa uma abordagem otimista, revelando diversas respostas alternativas do sul global. Para a trienal, o estúdio de arquitetura Waiwai apresentou "Tashkent: Apropriação do Modernismo", explorando a interação entre o modernismo e a herança arquitetônica do Uzbequistão. Também como parte da exposição, o pavilhão "Corredor de 3 Minutos" da WallMakers explora nosso desperdício em escala global, investigando métodos de reutilização de materiais.