A Câmara Municipal do Porto, Portugal, quer vender a Casa Manoel de Oliveira, projetada por Eduardo Souto de Moura para o cineasta português (que nunca chegou a usá-la). As duas porções que constituem o equipamento – uma habitação e outra destinada a um equipamento cultural - vão à hasta pública no próximo dia 7 de Maio. O valor base da licitação da parte da casa é de 568.800 euros, já a parte cultural custará pouco mais de um milhão de euros.
Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, espera que os cerca de 1,5 milhões de euros pedidos pelas duas partes sejam ultrapassados pelos potenciais interessados. “Ainda na última [hasta pública] os valores atingidos por alguns edifícios excederam em 40% o valor base [pedido]”, afirmou o presidente da câmara.
A hasta pública está agendada para as 10h30 do dia 7 de maio. O valor base de licitação foi definido pelo departamento do Patrimônio da autarquia e Rui Moreira diz ter “total confiança” de que o preço estipulado, tendo por base critérios como o estado de conservação, o valor patrimonial ou o investimento feito é “razoável”.
O projeto daquela que deveria ser a Casa do Cinema Manoel de Oliveira foi iniciado em 1998, no 90.º aniversário do cineasta. A Câmara do Porto escolheu no momento o arquiteto Eduardo Souto de Moura para realizar o projeto. Este respondia ao manifestado desejo do cineasta de que o seu acervo documental ficasse na sua cidade natal. A casa teria caráter de museu, mas também de centro de estudos da sua obra e ainda de eventual residência ou local de trabalho para Oliveira.
Concluído em 2003, o projeto sofreu com a mudança de partidos políticos nas eleições e, sem que o acordo para transformar a edificação na “Casa do Cinema” estivesse oficializado, permaneceu vazio desde então.
Entretanto, esse ano a Fundação de Serralves iniciou negociações com o realizador para acolher o seu acervo. A Casa do Cinema Manoel de Oliveira será instalada em Serralves em um projeto de Álvaro Siza.
Ficava definitivamente negligenciada a utilização do edifício projetado por Souto de Moura, que já custou mais de dois milhões de euros e que tem sofrido degradação por falta de uso.
Via publico.pt