Detroit: mais leve, mais rápido e mais barato. A regeneração de uma cidade [III parte]

Com este terceiro artigo finalizamos a série de postagens, “Detroit: Mais leve, mais rápido, mais barato, a regeneração de uma cidade”. Para ler as postagens anteriores clique nos seguintes links: Parte I e a Parte II

O futuro da cidade de Detroit: a criação de uma estrutura conceitual para a Regeneração LQC (Lighter, Quicly, Cheaper / mais leve, mais rápido e mais barato)

Detroit tem trabalhado duro na construção de uma estrutura conceitual que sirva de base para a revitalização da cidade. O projeto “Detroit Future” influenciou o Plano Diretor de Detroit Future City (DFC) no início de 2013, originando a partir disso um documento forte, íntegro e inovador, destinado a servir de guia para a remodelagem da cidade nos próximos 50 anos. Também se converteu na base conceitual na qual está se erguendo um importante esforço de Placemaking em toda a cidade.

Como descreve o plano diretor, a equipe do Detroit Future “dedica centenas de reuniões, mais de 30 mil conversações, conectaram pessoas mais de 163 mil vezes, mais de 70 mil respostas em votações, comentários dos participantes e um número muito elevado de horas dedicadas a ordenar e examinar os dados críticos de nossa cidade”. O documento final desdobra o plano do futuro da cidade em diversas partes: bairros, sistemas de cidade, usos públicos, participação cidadã, tudo isso com o objetivo de mostrar como cada uma destas coisas pode ser utilizada para servir melhor aos habitantes de uma cidade tão grande cujos poucos recursos que existem estão muito longe de serem eficientes.

O grupo de Sarida Scott-Montgomery, Defensores Comunitários do Desenvolvimento de Detroit (CDAD), atua como uma rede que agrupa organizações de desenvolvimento comunitário da cidade. Devido a suas conexões com pessoas que trabalham em todo o espectro do desenvolvimento da comunidade na cidade, o CDAD pediu para se tornar uma das organizações que assessoram o Detroit Future sobre a criação da DFC. Como resultado, Scott-Montgomery possui um conhecimento detalhado tanto do Plano Diretor, como da resposta e necessidades de Detroit a respeito deste.

“Acredito que é muito difícil animar as pessoas sobre um plano para os próximos 50 anos”, dez Sarida. “A população de Detroit tem esperado a muito tempo por esta mudança. Mas o foco do Placemaking, “Mais barato, mair rápido e mais leve” é uma grande maneira para que a comunidade veja resultados imediatos e assim possam apoiar mais as organizações como Detroit Future. O DFC é visto e lido quase como um exercício acadêmico; se não queremos que seja somente um exercício acadêmico, tempos que começar a lançar as ideias de modo que as pessoas possam digeri-las, usá-las e entendê-las”, aponta Sarida Scott-Montgomery.

O Diretor Executivo do DFC, Dan Kinkead, também está de acordo e diz “Acredito que o Placemaking reflexivo está no coração de todo bom desenho urbano e planejamento”, “As iniciativas de LQC proporcionam uma forma muito acessível para que os residentes possam ver melhoras físicas e reais em seus bairros e ascendam a uma melhor qualidade de vida”. Se aplicarmos isso a uma cidade como Detroit, podemos ver uma oportunidade em grande escala.

Um dos principais benefícios de um enfoque LQC é que este serve para demonstrar os elementos da DFC em regiões de toda Detroit, só assim a comunidade seria capaz de conseguir apoio para o plano e ao mesmo tempo aprender, através da forma na qual as pessoas interagem com as intervenções locais, o que funciona e o que não antes de realizar mudanças intensas na infraestrutura da cidade.

Uma abordagem LQC poderia acessar mais diretamente a infra-estrutura social de cada bairro, para o desenvolvimento da liderança local, dentro de um quadro mais amplo dos esforços de revitalização cívica. “A questão principal [em qualquer esforço de Placemaking] deveria ser: O que se pode construir a partir do que já temos?”, diz Howard. “Você tem muito mais do que dinheiro. Tem talento, interesses, relações.”

É importante analisar a forma como o povo de Detroit pode ser considerada na reconfiguração de suas comunidades. “Se não há sinceridade por parte de todas as partes que trabalham juntas em torno de uma causa comum, uma iniciativa Placemaking não irá funcionar.”

Durante décadas os habitantes de Detroit tÊm tido que aprender a se conformar com cada vez menos, a de ver como sua cidade tem cada vez mais diminuído. Mas a necessidade é a mãe de todas as invenções, e a ética Faça Você Mesmo que surgiu das lutas da cidade a tem preparado para seu papel como um canteiro de LQC, a inovação cívica mais econômica hoje em dia. Se Detroit pode aprender as lições mais importantes que o resurgimento de seu centro tem proporcionado, e voltar a construir uma base de confiança com a população compromissada e participativa, o potencial é imenso.

Detroit pode não ser uma cidade “fácil”; mas pode e deve ser grande novamente.

Via Plataforma Urbana. Tradução Arthur Stofella, ArchDaily Brasil.

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Sobre este autor
Cita: Natalia Barrientos Barría. "Detroit: mais leve, mais rápido e mais barato. A regeneração de uma cidade [III parte]" 02 Mai 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/601372/detroit-mais-leve-mais-rapido-e-mais-barato-a-regeneracao-de-uma-cidade-iii-parte> ISSN 0719-8906

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