O artigo a seguir é de autoria de Natália Garcia e foi publicado originalmente na página da Super Interessante. Natália é também uma das fundadoras da rede de conteúdo urbanístico Cidades para Pessoas.
Os budistas dizem que quando olhamos para um objeto, ele “nos olha de volta”. É que carregamos ferramentas pessoais – nossa história, sensibilidade, repertório – que filtram nosso olhar e definem a percepção que teremos do objeto, daí a ideia de que ele nos olha de volta. Levando essa ideia ao limite, olhar para um objeto é olhar a si mesmo. Nenhum homem atravessa o mesmo rio duas vezes, diz o filósofo Heráclito. De fato: a experiência da primeira travessia transforma o homem, assim como o curso constante do rio o transforma a cada segundo. Pois acredito que essa mesma afirmação se aplique às cidades: nenhum homem atravessa a mesma rua duas vezes. Ou, na concepção budista, olhar para a rua é olhar a si mesmo. É o que mostram os mapas abaixo, desenhados por algumas pessoas para representar seus deslocamentos diários.
Esses mapas são uma boa maneira de entender o conceito de Direito à Cidade delineado pelo geógrafo David Harvey. Não se trata, segundo ele, do direito de usufruir do que já existe na cidade, mas do direito de construir os diferentes tipos de cidade que todos nós queremos que existam.
Cita: Romullo Baratto. "A rua que cada um vê" 12 Mai 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/601577/a-rua-que-cada-um-ve> ISSN 0719-8906