Interessados na pureza do deserto do Saara e seu potencial ainda por explorar, Malka Architecture desenvolveu um oásis móvel - "The Green Machine" -, uma plataforma móvel combinada com uma cidade industrial que regenera paisagens secas e áridas, fertilizando a terra e complementando a população local com comida e água. Trabalhando em conjunto com Yachar Bouhaya Architecte e Tristan Spella Infographist o conceito parece explorar os recursos e as possibilidades ricas do Saara, com um desenho capaz de produzir 20 milhões de toneladas de cultivos a cada ano. A estrutura também forma uma cidade móvel, com capacidade para uma ampla gama de moradias, escolas, restaurantes comunitários e lugares de recreação.
Saiba mais detalhes a seguir.
O deserto, com um horizonte em constante projeção, fascina pela magnificência de suas paisagens virgens e pela pureza de suas linhas.
Mas além da fascinação dessa sublime paisagens de ausências e silêncio, o deserto é um território rico em recursos não explorados. De fato, a influência do deserto na superfície do planeta é considerável; se trata de 40.000.000 km2 de espaços, em sua grande maioria, sem cultivos.
Visto através do prisma da superpopulação mundial e especialmente o aquecimento global, o território do deserto resulta ser uma participação importante em términos de desenvolvimento sustentável e humano. Cada ano, 120.000 km2, uma superfície equivalente a superfície de Benin se perde por causa da desertificação e da degradação das terras.
Esses territórios poderiam produzir 20 milhões de toneladas de cerais ao ano. A desertificação rápida dessas terras termina em fome e na diminuição da segurança alimentícia.
Terras pobres significam povoados pobres e distúrbios políticos e sociais. A agricultura representa uma riqueza fundamental em uma civilização; quando perdemos a biodiversidade, todo o sistema social quebra.
Em 2007, as Nações Unidas decretaram a questão da desertificação como uma das principais apostas no século XXI. De fato, os territórios e as regiões desérticas representam mais de 40% da superfície de terra hoje, e 60% dos prados da terra estão sendo despovoados (ver foto satélite da NASA/ Índice de desertificação).
As apostas do deserto do Saara são, portanto, regionais, porém, se unem a uma reabilitação mais ampla na lógica global. Os combustíveis fósseis, o carbono, o carvão e os gases não são os únicos fatores que contribuem à mudança climática. As precipitações do deserto do Saara são baixas (1 em 100 mm), mas violentas, alimentadas pelo choque térmico causado por massas de ar frio do mar que se confundem com os ares quentes do deserto. Além disso, a evaporação é quase imediata, já que a água e o carbono estão limitados à matéria orgânica dos terrenos do Saara.
Quando este último estiver danificado, libera algo de carbono que retorna a atmosfera. O deserto avança somente quando as áreas não estão cobertas de plantas. Os motivos do Saara estão diretamente relacionados às variações climáticas fortes, quente ardente até o anoitecer e o congelamento a noite até o amanhecer. Uma camada vegetal simples poderia moderar essas variações devastadoras sobre o nível do solo, permitindo assim modificar o microclima e por tanto a uma escala maior, o microclima do solo.
Graças as estratégias da gestão holística e de pastoreio, hoje é possível regenerar terrenos secos e semi secos começando pela fronteira do Saara e pelos oásis existentes. São feitos através do desenvolvimento de caminhos radiais em volta desses nós. Levando em conta que somente 20% da superfície do Saara é um deserto de areia, o leque de possibilidades se amplia nesses território. Ao unir-se a essa ideia, o oásis móvel GREEN MACHINE é uma plataforma, uma cidade agrícola e industrial nômade e autônoma da regeneração dos ecossistemas deficientes e do desenvolvimento da permacultura.
Um elo de proteção para os motivos estéreis.
A laje estrutural da cidade aumentou em 4 rastreadores. Estas máquinas foram concebidas para o transporte de foguetes da NASA desde a fabricação até a plataforma de lançamento e podem ser utilizadas em qualquer terreno com uma carga considerável.
O oásis móvel se aproveita dos elementos hostis do deserto do Saara; um potente sol, o vento e a alta amplitude térmica entre o dia e a noite. A GREEN MACHINE é energeticamente autônoma. Melhor ainda é que ela acaba por gerar certa eletricidade graças as suas torres solares e quantidades de água para regar as áreas onde atua.
Na sua borda, o oásis está equipado de sistemas de baixa tecnologia como:
- 9 balões que produzem 450 m3 de água diariamente desde a condensação do ar. Dois terços deles são dedicados à irrigação do Saara.
Esse balões estão suspensos sobre a cidade agrícola e têm a capacidade para coletar um pouco de água potável do ar. Os balões absorvem o vapor do ar e o liquefazem por condensação e fazendo circular por uma tubulação vertical até um depósito localizado no Saab. Os mesmo balões estão equipados com turbinas que geram algo de energia renovável.
- 9 torres solares que produzem uma potência diária de 450kW. De fato, a energia solar recebida no deserto do Saara supera os 2.000 kWh / m² a 3.000 kWh / m² por ano. Um potencial que o projeto explora mediante o uso dessas torres solares, que canalizam o ar quente para ativar as turbinas e produzir eletricidade. A diferença de temperatura nas estufas na base da torre cria uma depressão no nível acima. O ar quente a nível do solo sai pela chaminé. Quando os ventos se aglomeram as turbinas situados aos pés da torre podem alcançar 34 km/h o que gera um fluxo de eletricidade tão constante como o período de sol no deserto.
- 24.500 m2 de campos de cereais, diretamente se transformam em fábricas envolvidas no plantio no Saara.
- 4.500 m2 das estufas agrícolas hidropônicas são mais econômicas na quantidade de água e energia.
- 4.700 m3 de tanque de água.
- Granjas produtoras para fertilizar terrenos alimentam os habitantes e se alimentam com o suplemente das populações locais. resíduos orgânicos sólidos e líquidos (após a digestão anaeróbia e compostagem) de produtos fermentados, águas residuais se reciclam em uma pequena volta com o arado.
- Moradias, escolas, restaurantes comunitários, lugares de relaxamento e jardins de recreação são incluídos na cidade.
- Um açude de retenção de 50.000 m3.
O princípio da revitalização das terras é simples e já foi testado: graças a um grande trabalho na terra devido a passagem de um equipamento de quatro faixas que cria os sulcos.
O primeiros pares de faixas criam a primeira arada na qual se verte uma primeira contribuição de água para mover a terra e a pedra misturada na areia.
Os pares de trás vêm logo em seguida, injetando uma mescla de água, fertilizantes naturais e sementes de cereais. O solo está tão disposto a absorver e reter a chuva através do armazenamento de carbono e da destruição do metano.
Em um prazo maior de tempo, a biodiversidade:
- 1 ano depois que o campo se encontre em repouso, ele é colonizado por plantas temporárias que duram somente um ano. A fauna está limitada aos insetos e outros animais pequenos que aparecem por causa das sementes.
- Em 5 anos, aparecem alguns arbustos e herbáceas de longa duração, mas a maioria das plantas estão tendo curta duração. Também encontramos ninhos e buracos cavados por roedores.
- Em 10 anos as ervas daninhas duradoras começam a se expandir e as árvores começam a aparecer. O chacal e a lebre entre o arbustos. Por último, o velho campo se distingue de um forte oásis e nos encontramos com qualquer tipo de plantas e animais; grandes e pequenos, herbívoros assim como predadores.
Segundo Pr. Allan Savory, pesquisador e desenvolvedor de técnicas holísticas, se pudéssemos resgatar a metade do verde das fronteiras do deserto e das pradarias do mundo, o carvão preservado no terreno nos permitiria voltar ao estado do meio ambiente da era pré-industrial.
Além da geração de alimentos para toda a humanidade.
Equipe de Projeto: Malka Architecture, Yachar Bouhaya Architecte, Tristan Spella Infographist
Localização: Saara
Ano do Projeto: 2014
Cliente: PAVILLON MAROCAIN FADA' / BIENNALE DE VENISE 2014
Fotografias: Cortesia de Malka Architecture