A venda do apartamento mais caro do mundo em Londres, traz de volta à tona a discussão sobre a nova bolha imobiliária na capital britânica: 170 milhões de euros foram pagos por um empresário anônimo para a cobertura de 1.500 m² no One Hyde Park, o projeto residencial desenhado por Richard Rogers.
Quantos metros quadrados poderiam ser comprados em Nova York, Barcelona, Cidade do México ou na sua cidade por esse mesmo valor? Descubra a seguir.
O apartamento vendido em One Hyde Park quebra um recorde também na escala mundial, numa cidade cujos bairros mais luxuosos estão recebendo centenas de novos moradores milionários russos, asiáticos e do Oriente Médio. De acordo com a rede australiana ABC, outras transações imobiliárias que subiram no pódio global é a Torre Antilia, encomendada pelo empresário indiano Mukesh Ambani em Mumbai para sua família e empregados por um total de um bilhão de dólares; o mega-complexo de 29 residências em Nova Iorque do investidor estado-unidense Ira Rennert por 250 milhões de dólares; e a mansão em Londres do empresário indiano Lakshmi Mittal, que desembolsou 225 milhões de dólares.
Além da simples anedota, a transação do apartamento mais caro do mundo aumenta um medo. Este medo causados pelas crises desencadeadas nos últimos anos e das quais ainda nem sequer nos recuperamos totalmente: será este um recorde da concretização de uma nova bolha imobiliária europeia?
O ciclo da vida
Nick Candy, responsável pelo One Hyde Park, comentou à agência Reuters que a milionária aquisição é um bom sinal tanto para o mercado como para os caçadores de bolhas econômicas. "Todos pensam que o mercado no centro de Londres vai bem e este otimismo está contagiando o resto do país, mas alguns destes preços que estão atingindo estes imóveis são irreais ou insustentáveis".
Que em abril registrou-se um aumento anual de 10,9% no valor dos apartamentos em Londres é uma boa notícia? Sim, para o mercado imobiliário, já que é o indício de uma possível recuperação, aumentando as expectativas de investidores e, portanto, assegurando a volta do dinheiro. De fato, a variação de 10,9% anual registrada no Reino Unido relembra os investidores daqueles dias ensolarados antes da Grande Recessão Europeia iniciada em 2008. Em entrevista com This Is Money, o economista e chefe da empresa britânica Nationwide, Robert Gardner, ressaltou que é "provável que se mantenha robusta a demanda do mercado imobiliário em meio à crescente confiança dos consumidores na economia e as taxas hipotecárias no Reino Unido estão próximas a seus mínimos históricos".
Que se vendam (mais) propriedades é uma bom sinal para se despedir (em parte) das crises econômicas. Esta é a lógica: quando se entra em recessão, os primeiros a se despedirem da festa são as construtoras que reduzem a oferta; a gama de empréstimos imobiliários é, então, restringida; e os arquitetos ficam sem emprego, já que um investimento tão grande como uma casa seguirá por um bom tempo, e se não há confiança de que se ganhará mais (ou o mesmo) a longo prazo, melhor não se arriscar. Então, a demanda desmorona. Enquanto começam os tímidos preparativos para celebrar que voltamos a crescer, os últimos a confirmar a assistência são os mesmos, pois os potenciais compradores não estão tão seguros até que a prosperidade seja evidente, e quando isso ocorre, as vendas imobiliárias disparam.
Isso é o ciclo da vida.
Cinco observações
Ficando clara essa introdução à relação entre Crise e Mercado Imobiliário decidimos ilustrar a magnitude da transação pelo apartamento mais caro do mundo através da comparação de seu preço e o valor médio expressado em dólares por cada metro quadrado em 28 cidades do mundo espalhadas pelos 5 continentes. A seguir, cinco observações para que o leitor compartilhe suas próprias impressões.
1. Por cada metro quadrado do apartamento de One Hyde Park, foram pagos 157.250 dólares.
2. Se consideramos que 40.274 dólares/m² é o valor mais alto entre as 28 cidades escolhidas para a análise deste artigo (Hong Kong, o quarto país mais denso do planeta), então podemos dizer que para cada m² em One Hyde Park, é possível comprar 4 m² em Hong Kong.
3. Se você pensou que pagar aluguel em Nova York, Paris e Tóquio seria caríssimo, em comparação ao One Hyde Park, estas cidades parecem verdadeiras pechinchas: por cada m² pago, nestas três cidades é possível conseguir até 7m².
4. Entre as cinco cidades ibero-americanas mais caras, Brasil e Espanha obtiveram os quatro primeiros lugares: Rio de Janeiro (Brasil), Barcelona (Espanha), Madrid (Espanha), São Paulo (Brasil) e Santiago (Chile), em ordem decrescente.
5. Quantos metros quadrados poderia ter o novo inquilino londrino se decidisse morar na Ibero-América? Poderia deixar os 1.500 m² frente ao Hyde Park e ficar com 40.717 m² (27 vezes) frente à praia de Copacabana no Rio de Janeiro ou 52.487 m² (35 vezes) nas ramblas de Barcelona, ou 216.399 m² (144 vezes) nas ruas de La Mariscal em Quito.