Alison Gill, posteriormente conhecida como Alison Smithson, foi uma das arquitetas brutalistas mais influentes da história. No ano em que completaria 86 anos, investigaremos como o impacto de sua arquitetura, produzida em parceria com Peter Smithson, ainda ressoa no século XXI, sobretudo no Pavilhão Britânico da Bienal de Veneza deste ano. Com o edifício Robin Hood Gardens, em Londres - um de seus mais famosos projetos de habitação social em grande escala - ameaçado de demolição, como pode seu estilo - aclamado por Reyner Banham em 1955 de "novo brutalismo", influenciar futuros projetos de habitação?
Alison conheceu Peter enquanto estudava em Newcastle, na Durham University, e a dupla recebeu sua primeira comissão antes mesmo de completar trinta anos. O projeto Hunstanton Secondary Modern School (Norfolk, 1949-1954) ofereceu aos Smithsons a rara oportunidade de concretizar sua ousada visão. Quando visitaram o CIAM IX, em Aix-en-Provence (1953), sua visão se tornara clara: definir uma nova abordagem do modernismo, retornando a um momento anterior ao Estilo Internacional (praticado por muitos arquitetos, como Mies van der Rohe). Sua arquitetura, embora explorasse a eficiência da produção em casa e da pré-fabricação, estaria ancorada ao local. A estrutura de aço e tijolos de Hunstanton é frequentemente citada como a expressão mais clara de suas primeiras ideias.
Nos anos 60, tendo trilhado um novo caminho na arquitetura britânica, Alison e Peter tiveram a oportunidade de projetar um conjunto habitacional em Robin Hood Gardens, Londres. Cunhando a frase "ruas no céu" para descrever o programa de apartamentos empilhados, o termo logo se tornou simbólico das falhas estruturais e alta taxa de criminalização que assolaram o projeto, ocultando os ideais utópicos de habitação social que os arquitetos originalmente almejavam. Sua penúltima grande comissão, essa obra se tornou evocativa daquilo que agora é visto como um momento crucial na arquitetura britânica do pós-guerra.
A exposição A Clockwork Jerusalem, no pavilhão britânico na Bienal de Veneza deste ano, é o produto de anos de pesquisa dos escritórios FAT Architecture, de Londres, e Crimson Architectural Historians, de Roterdã. A instalação, uma enorme quantidade de terra na entrada da instalação, não é apenas uma ligação direta com a pequena colina circular no centro de Robin Hood Gardens, mas é, na realidade, feita da mesma terra coletada da colina artificial no conjunto habitacional.
Em consonância com o tema Absorbing Modernity, proposto para a Bienal deste ano por Rem Koolhaas, os curadores Sam Jacob e Wouter Vanstiphout demonstraram que o estilo arquitetônico que teve os Smithsons como pioneiros é indicativo de uma resposta particularmente britânica às questões da habitação e planejamento no pós-guerra. No que Jacob descreve como uma era que "viu a mudança para uma condição globalizada da modernidade e da economia", talvez agora possamos apreciar plenamente não apenas o que os Smithsons representaram, mas também como esta arquitetura "para as pessoas" se perdeu no tempo. Atualmente o acesso à habitação está atingindo níveis perigosos em Londres. É possível argumentar que, embora projetos como o Robin Hood Gardens estivessem fadados a problemas, a ideia fundamental por trás deles é, em parte, o que falta na profissão hoje em dia.
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Referências: Design Museum