Em comemoração ao Dia Mundial da Fotografia (19 de agosto) o ArchDaily Brasil gostaria de agradecer aos fotógrafos que trazem à vida os projetos que publicamos todos os dias. Como parte da homenagem convidamos alguns arquitetos para comentar sobre a obra de alguns dos mais aclamados fotógrafos de arquitetura. A seguir, o arquiteto espanhol Alberto Campo Baeza escreve a respeito de Javier Callejas.
O olho do arquiteto
Um arquiteto sem um fotógrafo não é ninguém. Um bom arquiteto sem um bom fotógrafo não é nada. Os melhores arquitetos são, em parte, aquilo que os fotógrafos os tornaram. Luis Barragán é Armando Salas Portugal e Mies van der Rohe é Richard Nickel. Le Corbusier é Lucien Hervé. Neutra é Julius Shulman e Richard Meier é Ezra Stoller.
Quando o projeto de Luis Barragán foi fotografado por Armando Salas Portugual e as fotografias expostas no MoMA, em Nova Iorque em 1976, pelas mãos de Emilio Ambasz, foi aí que o reconhecimento de Barragán começou, mesmo no México, seu país natal. Após esta ocasião o arquiteto recebeu o Prêmio Pritzker.
Richard Nickel fotografou a obra de Mies van der Rohe de um modo que fez as imagens permanecerem na memória de muitos arquitetos. O mesmo vale para Ezra Stoller.
E Le Corbusier tomou fôlego quando Lucien Hervé finalmente chegou para fotografar seus projetos. Segundo Le Corbusier, Hervé foi o único fotógrafo com uma mentalidade de arquiteto. "Ele tem a alma de um arquiteto", disse o mestre.
Quando Ezra Stoller fotografou as casas de Richar Meier, o arquiteto estava muito consciente da tremenda capacidade dessas imagens de comunicar sua arquitetura.
A capacidade de fascinar de Salas Portugal e Nickel e Hervé e Shulman e Stoller é similar ao que nos seduz nas imagens de Javier Callejas, um fotógrafo e arquiteto, como Stoller. Tive o privilégio de ter seus olhos e câmera observando alguns dos meus projetos com resultados impecáveis. Ele transmitiu a essência do mais recente, a Casa del Infinito em Cadiz - um projeto muito belo - incrivelmente bem.
Da mesma forma que Chapman traduziu Homero em 1612, a melhor arquitetura precisa dos melhores fotógrafos, como Javier Callejas, para traduzi-la para linguagem das imagens e tornar sua familiaridade e difusão possíveis.
Boa arquitetura que não é fotografada, que não é transmitida, é perdida. Bons fotógrafos como Javier Callejas são essenciais para bons arquitetos.
Se um arquiteto faz uma arquitetura "vulgar" e um bom fotógrafo a faz parecer boa, ele é um hipócrita. Mas se um bom arquiteto cria uma arquitetura maravilhosa e o fotógrafo não faz suas fotos (ou faz fotos ruins), ele é um tolo, o que é pior.
Javier Callejas domina a luz. Em suas imagens a luz é o tema. Ele sabe bem que a luz é a protagonista do espaço. E se, para um arquiteto, a luz é fundamental pois passa pelo espaço, para um fotógrafo ela é fundamental pois captura o momento. O arquiteto aprisiona o tempo com a luz e o fotógrafo aproveita isso. Ambos sabem que a luz é o mais exuberante material com o qual trabalhamos.
E se Barragán é Salas Portugal e Mies é Nickel e Le Corbusier é Hervé e Meier é Ezra Stoller, devo dizer que sou Suzuki, Alda, Hable, Malagamba e, especialmente, Javier Callejas.
Confira aqui alguns dos projetos de Javier Callejas que publicamos em ArchDaily Brasil.
Veja as outras homenagens do Dia Mundial da Fotografia aqui.