Bienal de Veneza 2014: "Grafting Architecture" por Josep Torrents i Alegre

Entre os destaques da edição de 2014 da Bienal de Arquitetura de Veneza, a Catalunha retornou ao evento internacional através dos eventos paralelos com Arquitectures Empeltades/Grafting Architecture. O projeto, promovido pelo Instituto Ramon Llull, teve curadoria de Josep Torrents i Alegre, com Carabí Bescós e Jordi Ribas Boldúm como curadores assistentes.

A mostra, aberta a todo o público até o dia 23 de novembro, traz um total de 16 trabalhos que demonstram a mudança de paradigma que está tomando forma na arquitetura catalã contemporânea, exemplificando uma maneira de realizar as coisas que atualiza uma tradição viva e projeta o futuro.

Veja a seguir o conteúdo da exposição.

Bienal de Veneza 2014: Grafting Architecture por Josep Torrents i Alegre - Mais Imagens+ 7

© Pati Núñez

GRAFTING

grafting ("enxertar") é um processo que envolve a inserção de partes de uma árvore com um ou mais brotos no ramo ou tronco de outra, formando um vínculo permanente entre ambas. Assim, o produtor enxerta uma haste da variedade de uva desejada no rizoma de outra; a qualidade das uvas seguintes e a excelência do vinho resultam da união correta entre enxerto e planta original. Na arquitetura podemos identificar uma série de processos que tem uma forte semelhança com este processo botânico.

As estruturas pré-existentes, sejam físicas ou de outra forma, são enxertadas com o novo propósito, gerando uma edificação que reúne e funde harmoniosamente as características do que já existe no novo. De fato, podemos encontrar esta arquitetura enxertada através dos séculos em um grande número de exemplos. No entanto, neste último quarto do século 20 e meados do século 21, deparamo-nos com um grande número de projetos na arquitetura catalã nos quais as propostas de diferentes tipos e escalas atingem resultados brilhantes.

grafiting transmite a ideia de um novo organismo que combina os pontos fortes de seus componentes originais e é mais vigorosa que qualquer outro por si só: uma ideia de renovação e crescimento. A arquitetura grafting fala de uma atitude contemporânea compartilhada no decorrer do tempo em muitos projetos e arquitetos, onde cada edifício é compreendido em si mesmo através de sua singularidade, enriquecendo notavelmente o lugar em que se localiza.

© Pati Núñez

A EXPOSIÇÃO

© Pati Núñez

O ponto de partida da arquitetura grafting é a restauração da Casa Bofarull (1913-1933), uma das peças-chave de Josep Maria Jujol (1879-1949). Na obra do arquiteto podemos identificar uma atitude que pode ser identificata através de vários projetos construídos no final do século, os quais se baseiam em um diálogo intenso com características pré-existentes (físicas e outras) que estabelecem um projeto incluindo e mesclando elementos novos e os já existentes a serem desenvolvidos, tal como mudas que são enxertadas em árvores.

O projeto, a construção e o uso são combinados com o intuito de materializar uma arquitetura gerada igualmente pelo universo pessoal do arquiteto e os estímulos e sugestões oferecidas pela região Camp de Tarragona.

Hoje encontramos este processo bem documentado graças a coleção de mais de cem desenhos conservados no Arxiu Jujol: estes cobrem um espaço cronológico que se inicia com um dos primeiros desenhos mostrados em estado original da habitação em 1913 e conclui com os últimos desenhos identificando as soluções de piso que Jujol empregaria no foyer da habitação em 1933. O fio condutor da proposta é a descrição dos projetos diferentes através do processo arquitetônico e a percepção seguinte da edificação resultante. Estes projetos entendem-se a si mesmos através de sua singularidade e não como a arquitetura que faz parte de um movimento.

A INAUGURAÇÃO

© Pati Núñez

Na inauguração oficial da mostra em meados de junho estiveram presentes os secretários catalãos da Cultura e do Território e Sustentabilidade, Ferran Mascarell e Santi Vila; a diretora de Divulgação de Setores Culturais do Insituto de Cultura de Barcelona, Llucià Homs; o diretor de IRL, Àlex Susanna; e o organizador, Josep Torrents i Alegre.

O secretário de Cultura, Ferran Mascarell, comentou que "a arquitetura tem sido um dos elementos fundamentais da cultura catalã ao longo dos últimos séculos, o que lhe dá uma continuidade que pode ser reconhecida nesta exibição. Ela presta homenagem a um certo modo de fazer as coisas, de enxertar um novo projeto em uma arquitetura pré-existente, rompendo com o modelo em que o arquiteto deve começar a partir de um rascunho inicial".

A diretora de Divulgação de Setores Culturais do Insituto de Cultura de Barcelona, Llucià Homs, comentou que "entendemos que Barcelona atua como uma capital e, portanto, atrai uma parte significativa de cultura do país todo. É precisamente por isso que consideramos que uma exposição arquitetônica como esta é um impulso para os interesses de nossa cidade e de sua história alavancado por alguns de seus arquitetos do passado e do presente."

O curador, Josep Torrents i Alegre, explicou que "nesta exposição demonstramos diferentes dimensões de riqueza: riqueza de arquitetos, riqueza de projetos e riqueza de atitudes. Estamos mostrando que a arquitetura catalã está muito viva e que nossos arquitetos estão bem enraizados em cada realidade e em cada território. Rejeitar ideias padronizadas que fazem com que muitas ruas pareçam exatamente iguais". Neste sentido, Torrents aponta que "cada arquitetura que estamos mostrando em Veneza tem uma intensa relação com o território e cultura de cada lugar".

© Pati Núñez
© Pati Núñez

EDIFíCIOS SELECCIONADOS

Restauração da Casa Bofarull
1913-1933, Josep Maria Jujol, em Els Pallaresos

Apartamentos no ático de La Pedrera
1953-1955, Francisco Juan Barba Corsini, em Barcelona

Restauração da Igreja de L'Hospitalet
1981-1984, José Antonio Martínez Lapeña e Elías Torres Tur, em Ibiza

Escola La Llauna
1984-1986, Carme Pinós e Enric Miralles, em Badalona

Caldereria Petita House, restauração de uma habitação anexa
2001-2002, Calderon - Folch- Sarsanedas Arquitectes, em Gelida

Museu Can Framis
2007-2009, Jordi Badia, BAAS Arquitectura, em Barcelona

Espaço Teatro Público La Lira
2004-2011, RCR Arquitectes (Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta), e Joan Puigcorbé, em Ripoll

Apartamento Juan
2011, Vora arquitectura (Pere Buil y Toni Riba) em Barcelona

Auditório da Igreja Sant Francesc
2003-2011, David Closes, em Santpedor

Três estações da linha 9 do Metrô de Barcelona: Amadeu Torner, Parc Logístic e Mercabarna
2008-2011, Garcés - De Seta - Bonet Arquitectes (Jordi Garcés, Daria de Seta e Anna Bonet), e Ingeniería Tec-4 (Ferran Casanovas, Antonio Santiago e Felipe Limongi), em Barcelona.

Transmitter Space for the Megalithic Tumulus/Dolmen
2007-2013, Toni Gironès, em Seró.

Can Zariquiey – Centro de Saúde Arenys de Munt
2006-2013, Josep Miàs, Josep Miàs Arquitectes, en Arenys de Munt

Centro Cultural Casal Balaguer
1996-en proceso, Flores&Prats Arquitectes (Eva Prats e Ricardo Flores), e Duch-Pizá Arquitectos (M. José Duch e Francisco Pizá), em Palma.

Restauração paisagística de Vall d'en Joan
2002-em processo, Enric Batlle, Joan Roig e Teresa Galí, em Parque Natural Garraf

Torre de 94 habitações públicas
2012-em processo, Josep Llinàs, em L’Hospitalet de Llobregat

Projeto para revitalizar o Distrito Al-Adhamiyah
2012-em processo, AV62 Arquitectos (Victòria Garriga e Toño Foraster), e Pedro García del Barrio e Pedro Azara, em Baghdad.

© Pati Núñez

Galeria de Imagens

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Sobre este autor
Cita: Valencia, Nicolás. "Bienal de Veneza 2014: "Grafting Architecture" por Josep Torrents i Alegre" [Bienal de Venecia 2014: 'Grafting Architecture' por Josep Torrents i Alegre] 22 Ago 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/625888/bienal-de-veneza-2014-grafting-architecture-por-josep-torrents-i-alegre> ISSN 0719-8906

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