Temos publicado nos últimos tempos algumas iniciativas cidadãs em diversos lugares que ocasionam a melhoria dos espaços públicos das cidades. Exemplos disso são as hortas urbanas em Cuba, os murais grafitados em Montreal e as intervenções artísticas que interagem com a paisagem urbana de Saint Étienne, na França, para citar apenas algumas.
Esses exemplos são intervenções urbanas que permitem criar identificação com a cidade e também permitem que os cidadãos com interesses em comum se encontrem. Devido a seus vários benefícios, este tipo de intervenção se enquadra no urbanismo tático, definido como ações dos cidadãos que criam novos espaços públicos; temática que, inclusive, já começa a fazer parte da grade curricular de escolas e universidade de alguns países.
Em janeiro deste ano, a Faculdade do Meio Ambiente da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, incluiu o curso Questões de Atualidade em Urbanismo, com foco nas práticas do urbanismo tático, onde se explica no que este consiste, seus resultados, quais são seus benefícios sociais e urbanos e as cidades que, de certa forma, foram pioneiras em seu desenvolvimento, como Detroit e Sidney.
Entre os resultados, explicados pelo planejador urbano John O’Callaghan, considera-se que com o urbanismo tático é possível recuperar, em pouco tempo, certos lugares degradados das cidades sem a necessidade de grandes investimentos econômicos. Mesmo assim, essas táticas permitem que se desenvolva um sentido de comunidade e colaboração entre os vizinhos de um determinado lugar. Também fomenta um espaço de opinião onde as pessoas podem expressar seus desejos em relação à cidade e trabalhar no desenvolvimento de suas ideias para concretizar esses desejos.
Nos Estados Unidos, particularmente em Nova Iorque, o Departamento de Transportes da cidade (DOT), criou o programa DOT Art, que se baseia no desenvolvimento do urbanismo tático.Com a finalidade de incluir as crianças e jovens, foram criadas parcerias com escolas da cidade, dando aos estudantes a possibilidade de participarem como voluntários no programa e intervirem em sua cidade.
No Brasil, este tipo de iniciativa poderia fazer com que crianças e jovens se interessassem em conhecer suas cidades e, assim, desenvolver uma relação mais próxima com os espaços públicos, o que permitiria enfrentar a falta de conexão emocional entre habitantes e cidade. Além disso, essa aproximação entre crianças e espaços públicos destacaria a importância destes na qualidade de vida da população.
Via Plataforma Urbana. Tradução Arthur Stofella, ArchDaily Brasil.