Semana passada a dupla de artistas Petra Bachmaier e Sean Gallero, do estúdio Luftwerk de Chicago, iniciou a transformação da Casa Farnsworth de Mies van der Rohe em uma "tela de luz e som" através da instalação INsite. "Uma exploração da filosofia de Mies através da luz", INsite oferece uma experiência noturna inteiramente nova da casa, destacando os aspectos formais da arquitetura através de uma apresentação de luzes interativas.
Assista ao vídeo da instalação, a seguir.
Da curadoria: INsite é uma composição em looping dividida em três partes que correspondem à estrutura da casa, à fluidez de seus planos de vidro e ao ponto de encontro entre natureza e geometria. Luftwerk utiliza projeções precisamente mapeadas, sobretudo no primeiro momento, para destacar as vigas metálicas horizontais que permitem que as superfícies de vidro delimitem o volume do espaços através de uma massa tão etérea. A projeção seguinte de padrões abstratos é como uma ressonância magnética do volume interno da Farnsworth, inundando o espaço com imagens de fluidez criadas pelo estúdio numa investigação sistemática e lúdica da topografia. No último movimento a cor entra em cena e a natureza é projetada no volume da casa; memórias sensoriais do período diurno se fundem com o contorno da estrutura da casa, transformando-o.
De certo modo há duas Casas Farnsworth. Há aquela que a maior parte das pessoas experiencia durante o dia, e a Farnsworth noturna. Durante o dia a casa paira sobre a grama e os planos de vidro proporcionam uma perspectiva transparente que é, ao mesmo tempo, sutilmente hermética. Mesmo que não haja nenhuma barreira visual, interior e exterior estão isolados um do outro. Você está na natureza, mas não necessariamente "em meio" a ela.
À noite, as projeções do Luftwerk tornam literais as qualidades de leveza da estrutura, destacando as vigas metálicas horizontais que suportam a casa e eliminando virtualmente - através da ausência de iluminação - qualquer conexão com o solo: a casa se torna desancorada. A partir do interior, por sua vez, há uma transformação epidérmica. A pele de vidro se torna reflexiva e o espaço se expande em direção ao infinito; mas para além do brilho da luz refletida não há paisagem nem natureza, apenas a escuridão primordial.
Há uma narrativa aqui, porém, ela não será contada pois fora desenvolvida por Luftwerk para ser experienciada na casa.
Há um outro elemento crítico nessa transformação da casa de Mies: a trilha de Owen Clay Condon, que utiliza diversos instrumentos diferentes em sua própria exploração sonora da Farnsworth.
A sonorização da estrutura, que funde uma percussão minimalista com tons de um vibrafone, promove o devaneio sobre a Farnsworth onde o passado e o futuro se encontram num caleidoscópio de luzes e sons, lembranças e imaginação.
O que você faz com uma obra prima do século XX? Você aprende com ela. Você a mapeia, ilumina, reflete. Você projeta sobre ela e dentro dela. Você brinca com ela. Isso é INsite.