Nossos parceiros da Escola da Cidade compartilharam conosco o vídeo da palestra da arquiteta e pesquisadora portuguesa Ana Vaz Milheiro, que falou aos estudantes da graduação da Escola da Cidade sobre a Arquitetura Portuguesa atual e a falta de influência do arquiteto Rem Koolhaas sobre ela.
Da palestrante: No otimismo da abertura do século XXI, parecia possível que a presença da Casa da Música, um único objeto "koolhaasiano" na paisagem urbana da cidade do Porto, conseguiria alterar o curso da cultura arquitetônica portuguesa. Eduardo Souto de Moura e o estágio de Braga, inaugurado em 2004, funcionariam como contraponto.
O futuro luminoso da arquitetura portuguesa se inscrevia entre dois extremos: o vanguardismo radical da arquitetura centro-europeia versus o modernismo vernacular que vingou entre a cultura portuguesa e que Álvaro Siza representava. O vaticínio da crítica de arquitetura da época dependia naturalmente da estabilidade das condições existentes, situação que a crise econômica de 2008 haveria de alterar.
Dez anos depois, da influência efetiva de Rem Koolhaas na arquitetura portuguesa, nem sombra. As razões para a falha da análise realizada há cerca de uma década podem ser encontradas na gestão que a arquitetura portuguesa tem procurado fazer da história acumulada, que continua a exibir como forte marca de uma autonomização cultural no quadro europeu.
“Portugal é um país que está na borda do Atlântico, na ponta mais ocidental da Europa, e então ele tem de fato um outro tempo, uma outra dinâmica, uma outra economia, uma cultura mais ligada ao seu passado atlântico." Ana Vaz Milheiro
Ana Vaz Milheiro é arquiteta (1991) e mestre (1998) pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Doutorada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2004). Autora do livro “A Construção do Brasil – Relações com a Cultura Arquitectónica Portuguesa” (Porto: FAUP Publicações, 2005) e de “A Minha Casa é um Avião” (Lisboa: Relógio d’Água, 2007). Investigadora Responsável pelo projeto “Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitectónica” (2008). Professora no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa, e do curso de Doutoramento da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP).
Via Escola da Cidade