Uma compilação que retoma intervenções urbanas realizadas em diversas cidades do mundo foi elaborada pelo estrategista urbano Scott Burnham para sua exposição “Reprogramação da Cidade: Oportunidades para a Infraestrutura Urbana”, foi inaugurada em outubro no Centro de Arquitetura Dinamarquesa.
Nela, Burnham mostra como as cidades têm a oportunidade de aproveitar sua infraestrutura inutilizada através da “re-imaginação, re-utilização e re-invenção”, e com isso conseguir que seus habitantes sejam beneficiados, podendo contar com novas formas de viver sua cidade.
A seguir mostraremos dez intervenções presentes na exposição.
1. A1 Charging Stations
Os meios de transporte elétricos, como bicicletas, motos e automóveis, que circulam em Viena (Áustria) contam desde 2010 com as cabines telefônicas como pontos de recarga.
A transformação desta estrutura iniciou, segundo Burnham, quando a empresa Telekom Áustria relacionou a proporção de pessoas que utilizam as 13.500 cabines que possui a cidade e o fato de que em 2020 estima-se que haverá 450 mil meios de transporte elétricos na cidade.
A partir disso, a Telekom desenvolveu um modelo de negócios em que os proprietários dos veículos deverão pagar por uma recarga da mesma forma como fazem em um estacionamento normal.
2. The Cascade
As escadas do arranha-céu The Centrium, em Hong Kong, são descritas pelo Edge Design Institute como um local que não poderia abrigar uma obra de arte convencional. De alguma forma, isto poderia esclarecer porque o Instituto instalou neste lugar uma escultura monolítica que fez com que a escada deixasse de ser um lugar de passagem e se tornasse um lugar de descanso com características relacionadas ao conceito de espaço urbano.
3. City Tickets
Os parquímetros são infraestruturas urbanas que não geram benefícios a outras pessoas senão os motoristas. Por esta razão, o designer Mayo Niessen trabalhou com Burnham em uma proposta para conferir a estas estruturas mais funções, fazendo com que todos os cidadãos obtenham algum tipo de benefício delas.
Assim, decidiram que os parquímetros de Boston podem se tornar plataformas online onde os cidadãos podem denunciar problemas, comuns como um poste ou semáforo que não esteja funcionando.
4. QR Chiado
Sem dúvida, os paralelepípedos constituem um elemento importante para o caráter de muitas cidades. Entre estas se pode mencionar Lisboa, um lugar onde se decidiu que não seria necessário intervir em grande escala nas ruas para contar sua história e seus episódios mais modernos. Assim fez a empresa MSTF Partners, que sobre os paralelepípedos colocou códigos QR. Eles, uma vez escaneados, permitem que os cidadãos acessem a história dos lugares que visitam todos os dias através de seus celulares.
Depois de fazer esta intervenção em Lisboa, a empresa levou a mesma ideia para as ruas de Barcelona e do Rio de Janeiro.
5. Looking for a Landscape
Muitas vezes as pessoas se perguntam o que são as grandes caixas metálicas que se encontram nas esquinas das cidades. O artista Matthew Mazzotta também se questionou há algum tempo e quando descobriu que estas estruturas são caixas de controle de energia, telefonia e dos semáforos, viu a possibilidade de dar um novo uso às que estavam inutilizadas.
Para isto, criou a intervenção “Looking for a Landscap” que permite que os cidadãos - também atraídos por estas caixas por não saber para que servem - possam encontrar nelas um lugar de descanso. Foi assim que o artista decidiu instalar assentos em algumas destas caixas em Cambridge. Ele também dispôs binóculos, como uma maneira de instigar os cidadãos a se sentarem, disfrutarem e observarem o cotidiano.
6. Light Therapy
A 300 quilômetros ao norte de Estocolmo (Suécia), está a cidade Umeå, que durante os invernos recebe muito pouca iluminação natural. Como uma maneira de fazer com que os habitantes estejam mais expostos a luz e, assim, não desenvolvam o chamado Transtorno Afetivo Sazonal, a empresa local Umeå Energi instalou luzes terapêuticas nas paradas de ônibus para que seus usuários não percam os benefícios do sol.
De acordo com os dados da exposição, uma vez instaladas as luzes – alimentadas pela energia solar gerada durante poucas horas – o uso dos ônibus públicos da cidade duplicou. Além disso, uma representante da Umeå Energi disse que esta iniciativa “é parte do nosso compromisso em assumir a responsabilidade da vida cotidiana dos nossos clientes e do meio ambiente em geral”.
7. iPavements
A necessidade das pessoas de estarem conectadas o tempo inteiro tem levado as cidades e as empresas de tecnologia a explorar novas maneiras para que isto ocorra nos espaços públicos. Através desta ideia, surgiu o iPavements, um produto desenvolvido pela empresa espanhola Via Inteligente que incorpora Wi-Fi e Bluetooth na pavimentação das ruas.
8. Smart Screens
Outra intervenção que busca reutilizar as cabines telefônicas foi desenvolvida por City24/7 para Nova Iorque. Diferentemente da proposta da Telekon, que converte estes pontos em estações de recarga para veículos elétricos, esta foi pensada nas necessidades de informação dos seus habitantes e turistas.
Para isto, as cabines contam com telas táteis onde é possível conferir, por exemplo, números de emergência, assistência turística, informação sobre o sistema de bicicletas públicas, etc.
9. UTEC Water Billboard
De todas as intervenções expostas, a única feita na América Latina é esta do Peru. Desenvolvida pela Universidade de Engenharia e Tecnologia da cidade, a obra faz com que um outdoor publicitário capture a umidade disponível no ambiente e a converta em água. O outdoor foi instalado no quilômetro 89,5 da Panamericana Sul de Lima, um lugar onde a umidade alcança 98%.
10. Lampbrella
Nos últimos anos, cada vez mais cidades instalaram sensores para monitorar a qualidade do ar, o tráfego e a segurança como uma maneira de se tornarem cidades inteligentes. Para o projetista Mikhail Belvaey, estas intervenções no espaço público são vistas como uma maneira de atender às necessidades da cidade, porém, os pedestres costumam ficar um pouco de lado.
Assim, ele criou um protótipo bastante simples que consiste em instalar guarda-chuvas nos postes de luz, fazendo com sejam aproveitados pelos pedestres.
Via Plataforma Urbana. Tradução Camilla Ghisleni, ArchDaily Brasil.
