Desde que Inhotim extrapolou os limites da arte e se transformou em jardim botânico, o caráter educativo e científico tem se tornado prioridade para o Instituto. No intuito de ampliar o acervo botânico, e aliando esta atividade à sua vocação original de parque aberto ao público para visitação com enfoque em arte, lazer, educação e meio ambiente, foi concebido o Projeto Âmbar, a cargo do escritório Urbana Arquitetura. Na forma de uma grande galeria verde, o espaço irá abrigar plantas do Brasil e de todas as partes do mundo.
O complexo do Projeto Âmbar abrangerá as áreas de botânica/paisagismo, ambientes técnicos, de apoio, comércio e serviços, e entretenimento.
A área de botânica/paisagismo se estenderá por duas estufas (para recriação de condições climáticas inexistentes no local) e por biomas a céu aberto. A primeira estufa foi planejada para abrigar espécies de clima quente e úmido, típicas de uma floresta equatorial. A segunda estufa deverá abrigar espécies de clima frio, encontrados em floresta temperada. Na área externa está prevista a exposição de espécies de biomas ocorrentes no Brasil, e também um complexo de lagos para abrigar jardins aquáticos.
DESAFIOS
A primeira questão, e o principal desafio na elaboração do projeto, foi como aliar a preservação da paisagem com a inserção de um elemento construído de escala gigantesca (30 mil m², com pé-direito que alcança os 36 metros de altura). O terreno escolhido, com mais de 300 mil m² de área, apresenta topografia irregular, cursos d’água e matas ao redor.
Outra questão crucial era a necessidade de que as estufas recebessem o máximo de luz solar durante todo o ano, desta forma as estufas foram direcionadas à encosta voltada ao norte. Nesta encosta, buscou-se no relevo uma condição propícia à implantação das estufas de forma a compensar a altura necessária para o desenvolvimento das plantas de grande porte. E lá estavam, duas depressões que poderiam acomodar as estufas e proporcionar o pé-direito necessário no interior, com menor impacto visual no exterior.
O passo seguinte foi a definição da geometria destes dois grandes elementos. Inicialmente, o contorno das estufas foi desenhado de maneira a adaptar-se às sinuosidades do terreno natural. Em seguida, procurou-se adotar uma forma autoportante que proporcionasse economia do ponto de vista estrutural e possibilitasse os grandes vãos necessários sem apoios intermediários.
CONCEPÇÃO ESTRUTURAL
A estrutura básica das estufas é formada por três elementos: embasamento em concreto, estrutura em perfis metálicos, e fechamento em membrana de ETFE.
A cobertura em estrutura metálica apresenta uma malha com uma geometria conhecida como “cairo tiiling”, e sua modelagem partiu de ensaios de deformação computacional e desenhos paramétricos que simulam a força da gravidade. A partir deste conceito, a forma apresenta um comportamento autoportante que tem como consequência a diminuição dos elementos e da seção da estrutura metálica (padronizado por parametrização), diminuindo os custos e simplificando a execução.
EQUIPE TÉCNICA:
Escritório: Urbana Arquitetura
Autores: Pedro Doyle Cesar e Alessandra Guimarães Carvalho
Colaboradores: André de Almeida Resende e Luisa Soares da Cunha Guimarães
Consultores: Pedro Nehring (paisagismo), Pablo Cabrera Jauregui (modelagem paramétrica) e Atelier One (estrutura)