Em sua última postagem provocativa no Facebook, Patrik Schumacher se manifestou em defesa dos projetos icônicos e dos "arquitetos estrelas", argumentando que a tendência atual de críticas é "superficial e ignorante" e "fácil por demais, perdendo, na verdade, o ponto em questão".
Schumacher diz que os críticos "deveriam, talvez, diminuir um pouco seu (pré)julgamento e refletir sobre seu papel como mediadores entre o discurso da arquitetura e o interesse público". Em seu post de 1.400 palavras, o arquiteto diz que os chamados ícones e o star system são resultados inevitáveis dessa mediação, acrescentando que "a explicação, em vez da rejeição, deveria ser vista como a tarefa do crítico."
Leia, a seguir, alguns trechos do argumento de Schumacher.
No texto, Schumacher tenta várias vezes destacar a divisão entre o discurso dos arquitetos e o da mídia, argumentando que:
"A ideia da arquitetura icônica é um produto do discurso da crítica, que não desempenha nenhum papel no discurso dos arquitetos. A ideia da arquitetura icônica serve ao propósito de preencher a lacuna explicativa que inevitavelmente se abre, pois a metodologia e a motivação por trás da aparência incomum de um projeto radicalmente inovador não podem ser completamente explicadas ao público em geral."
Por outro lado, ele argumenta que os arquitetos raramente consideram seus projetos ícones em potencial - a aparência do projeto "icônico" é, por sua vez, um resultado do processo vanguardista de projeto, que ele acredita fazer, inevitavelmente, a obra se destacar. Por exemplo, Schumacher argumenta que o trabalho do escritório Zaha Hadid Architects "é, com frequência, visualmente surpreendente e estimulante. Mas nunca buscamos criar um ícone. Nossos edifícios se tornam ícones, temporariamente, até nossa metodologia e estilo se tornarem mais difundidos."
Em última instância, Schumacher acredita que essa interpretação errada por parte da mídia e do público é não apenas válida como também útil para comunicar o projeto para a uma audiência maior.
"A avaliação de um novo edifício, grande e complexo, é muito difícil, especialmente sob a condição contemporânea que exige inovações. O star system oferece uma alternativa. Essa substituição é viável porque as reputações que o sistema está construindo são resultado de um longo e competitivo processo de seleção. O estrelato dos arquitetos, da forma como circula na mídia, é superficial, porém um efeito necessário do processo de tradução. A redução da complexidade é algo necessário."
Schumacher deixa claro que esse apoio do star system não significa que ele não tenha deficiências. Um problema que ele destaca é que isso pode perpetuar o anonimato de jovens talentos:
"Apenas poucos nomes se tornam visíveis, e como resultado, esses nomes talvez obtenham uma porção injusta das oportunidades globais de trabalho. Seu mérito permanece inexplicado, torna-se um dogma. Portanto, eles podem permanecer no jogo por mais tempo que merecem, enquanto jovens talentos permanecem anônimos por mais tempo que deveriam. Mas essas deficiências inevitáveis não invalidam a racionalidade do star system explicada acima."
Ele também critica os "seguidores superficiais" que resultam desse sistema e que "tentam explorar o gosto por ícones", argumentando que eles são a verdadeira razão da atual crítica ao star system:
"Testemunhamos isso em Dubai e na China, onde a abundância de recursos não é sempre associada a uma habilidade suficientemente desenvolvida de discriminar trabalhos sérios e originais de espetáculos superficiais. É esse fenômeno, que floresceu com a crise de 2008, que, posteriormente, levou muitos críticos e arquitetos a denunciarem o ícone como algo frívolo e irresponsável."
Leia o post completo de Patrik Schumacher aqui.