Os jardins de praças públicas planejados por Roberto Burle Marx, no Recife e O Campo de Santana, no Rio de Janeiro entraram no rol de bens protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os pedidos de registros e de tombamentos foram discutidos na 79ª reunião do Conselho Consultivo de Patrimônio do Iphan, na quinta-feira, 11 de junho, em Brasília, e aprovados por unanimidade.
Projetados na década de 1930, os jardins localizados nas Praças Euclides da Cunha, Casa Forte, do Derby, da República e Jardim Campo das Princesas, Salgado Filho e Faria Neves trazem em comum a característica inovadora do paisagista Roberto Burle Marx, que se baseou na tríade higiene, educação e arte, na qual a vegetação é um dos elementos centrais.
Para a presidente do Iphan, Jurema Machado, os seis jardins urbanos tombados representam a fase jovem do paisagista, quando Burle Marx começa a fixar uma linguagem artística aos projetos. Na avaliação da diretora cultural do IAB, Cêça Guimaraens, representante do Instituto de Arquitetos no Conselho Consultivo de Patrimônio do Iphan, o tombamento é uma medida imprescindível para impedir a perda de conteúdo histórico e assegurar a duração da integridade dos jardins.
Campo de Santana é tombado pela segunda vez
Tombado pelo Iphan pela primeira vez em 1938, o Campo de Santana, no Centro do Rio de Janeiro, perdeu a condição de patrimônio histórico nacional cinco anos depois pelo então presidente da República para ter parte de sua área suprimida e abrir passagem à construção da Avenida Presidente Vargas. Esta semana o Conselho Consultivo de Patrimônio do Iphan aprovou o pedido de registro e tombamento do local, que passará a ter proteção federal novamente.
Palco de celebrações oficiais e cívicas ligadas à condição do Rio de Janeiro enquanto sede do Império e capital do país, o Campo de Santana foi projetado pelo paisagista francês Glaziou. Hoje, com cerca de 155 mil m², após perder 18% de sua área durante a abertura da Avenida Presidente Vargas, o Campo de Santana ainda preserva sua configuração artística, histórica e paisagística, sobretudo após as obras de recuperação e qualificação executadas durante a segunda metade do século XX.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e Registro é formado por especialistas de diversas áreas. Ao todo, são 23 conselheiros, que representam o IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
Via IAB