Rio Academy: cidade informal e intervenções efêmeras são tema do terceiro dia do evento

Após o ciclo de conferências dos dois primeiros dias do Fórum Internacional de Arquitetura e Urbanismo, teve início ontem o primeiro dia de talks e workshops que continuarão até o fim da semana dando subsídios para a realização do concurso de ideias. Divididos em cinco eixos temáticos, palestrantes e participantes são convidados a repensar problemáticas da cidade do Rio de Janeiro relativas à Mobilidade Urbana, Urbanismo Espontâneo, Desigualdade Social, Patrimônio Arquitetônico e Soluções Efêmeras.

Primeiro palestrante do dia, Jorge Jauregui é um arquiteto e urbanista argentino que teve papel importante nos processos de urbanização de favelas na cidade do Rio de Janeiro, envolvendo-se no programa Favela Bairro. Ao longo de sua trajetória no Brasil, mostra essencialmente em seus trabalhos a expectativa de quebrar a barreira e comunicar a cidade "informal" com a cidade "formal”, criando o que ele chama de pontos de conexão, espaços que fazem a passagem entre essas duas áreas.

Jorge Jauregui . Image © Gabriel Pedrotti

Jauregui apresentou projetos de diversas escalas de intervenção urbana com abordagem direcionada à importância do diagnóstico geral da situação. Através de esquemas bem desenhados, o arquiteto radicado no Rio de Janeiro coloca a questão estrutural da leitura e articulação de fluxos com a identificação e intervenção na cidade. Com os projetos que apresentou, entre eles o Complexo do Alemão e o Porto Olímpico, o arquiteto discutiu questões do crescimento descontrolados e ao mesmo tempo dimensões culturais que devem sempre estar envolvidos nas intervenções, destacando que para estes e outros de seus projetos é de fundamental importância o máximo envolvimento dos moradores locais nas tomadas de decisões projetuais.

Pedro Évora e Pedro Rivera. Image © Gabriel Pedrotti

Em seguida, os cariocas Pedro Évora e Pedro Rivera, dupla que compõem o RUA Arquitetos, falaram sobre soluções efêmeras, destacando a vocação do Rio de Janeiro para realização de mega-eventos temporários que ocorrem, como o Rock in Rio e o próprio carnaval. Segundo os arquitetos, intervenções temporárias permitem levantar questionamentos em relação à natureza da cidade, permitem que se crie um campo fértil para o ensaio e experimentação de novas soluções: “As intervenções temporárias são instrumentos de negociação estratégicos para produzir mudança em casos que apresentam resistência ou em situações críticas”. Em Nova Iorque, por exemplo, frente a críticas e protestos dos comerciantes locais que temiam a redução de vendas com a não circulação de automóveis em frente a suas vitrines, a célebre Times Square teve suas ruas pintadas e ocupadas por mobiliário móvel para que se introduzisse a ideia de pedestrianização, hoje de grande apreço popular. Dentre seus projetos apresentados, os arquitetos destacaram diferentes escalas de atuação, desde intervenções artísticas temporárias até abrigos emergenciais para residências e hospital em Porto Príncipe, após o terremoto que assolou o Haiti em 2010. Entre fotos, esquemas e renderes, Évora e Rivera provaram que as soluções muitas vezes podem der de pequena escala, mas introduzirem ideias de grande impacto, como o Parking Day, movimento internacional que busca questionar a hegemonia do carro nos espaços públicos ocupando uma vaga de estacionamento por um dia com mobiliário móvel, criando um espaço público efêmero. Em sua primeira edição no Rio de Janeiro além da presença do público diverso, contou com a presença de autoridades municipais para um debate sobre políticas de estacionamentos cariocas.

Workshop no vão do MAM. Image © Gabriel Pedrotti

O grande vão do MAM/RJ foi ocupado por grandes mesas para que os participantes reunidos em grupos dessem início ao desenvolvimento dos projetos com mediação dos palestrantes e tutores. Dentre eixos temáticos de intervenção, logradouros cariocas como o Parque do Aterro do Flamengo, Cinelândia e Morro da Providência são o cenário para a discussão dos temas propostos. O concurso de ideias tem como objetivo destacar novas soluções para problemáticas contemporâneas, e entregar à cidade do Rio de Janeiro projetos que reflitam a cidade, propondo outras realidades possíveis. Os primeiros lugares terão premiações que incluem bonificações em dinheiro, livros e publicações relacionadas, além de integrarem publicação e exposição oficial Rio Academy 2015 e suas propostas entregues à cidade do Rio de Janeiro em cerimônia oficial.

O evento segue até o dia 26 de julho no MAM e conta ainda com mais atividades e talks de Renata Strengerowski, Clóvis Cunha, Studio Schitalla, Marcello Dantas, Flashbeck Crew e Washington Fajardo.

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Sobre este autor
Cita: Gabriel Pedrotti. "Rio Academy: cidade informal e intervenções efêmeras são tema do terceiro dia do evento" 23 Jul 2015. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/770727/rio-academy-cidade-informal-e-intervencoes-efemeras-sao-tema-do-terceiro-dia-do-evento> ISSN 0719-8906

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