Nossos parceiros da Escola da Cidade compartilharam conosco o registro da palestra dos arquitetos Luis Kehl e Marcos Boldarini, convidados do curso de pós-graduação em Habitação e Cidade, sobre seus projetos de urbanização e requalificação de regiões precárias na região metropolitana de São Paulo, em que debatem os desafios e as peculiaridades que surgem no processo de trabalho que dialoga com o poder público e com as comunidades.
Boldarini expôs três projetos que desenvolveu com sua equipe: o Residencial Corruíras (Jabaquara, São Paulo); o Cantinho do Céu- Parque Residencial dos Lagos (Grajaú, São Paulo) e a Urbanização Areião (São Bernardo do Campo). Dentre as inúmeras experiências que compartilha, enfatiza a dificuldade de implantar os projetos em sua totalidade – seja por falta de verba dos contratadores ou por impossibilidades técnicas na construção – e de prever a apropriação por parte dos moradores dos espaços projetados.
Após apresentar uma série de fotos de partes da comunidade a ser visitada pelos alunos do curso, a Favela de Cumbica, Luis Kehl lança uma provocação: por que características como pouca incidência de luz, passagens estreitas e piso irregular são consideradas virtudes em vilarejos medievais na Europa e, nas cidades brasileiras, vistas como problemas a serem resolvidos?
Luis Augusto Bicalho Kehl formou-se em Arquitetura em 1979, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, e desde 1981 dedica-se ao estudo do simbolismo tradicional e religioso presente na arquitetura e no urbanismo dos povos chamados primitivos, o que resultou na Dissertação de Mestrado “Paupercula Domo: a casa de meninos de Piratininga – os mitos e os ritos fundacionais”, apresentada na mesma faculdade, na área de Estruturas Ambientais Urbanas. Sua atuação eclética estende-se ainda à recuperação de sítios e edifícios históricos, à pesquisa sobre as formas de ocupação humana da paisagem, a projetos de reurbanização de favelas e trabalhos de descontaminação do subsolo em áreas ambientalmente degradadas. É autor de um pequeno volume de poesias, As paredes caiadas, de 1999.
Marcos Boldarini coordena e desenvolve projetos de espaços públicos, habitação de interesse social e urbanização de assentamentos precários há mais de 10 anos. Arquiteto e Urbanista pela Universidade Braz Cubas (1998), professor universitário e autor de projetos premiados, foi um dos representantes do Brasil na XII Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, em 2010. Titular do escritório Boldarini Arquitetos Associados, já teve trabalhos expostos nas bienais internacionais de arquitetura de Veneza (2002 e 2010), Roterdã (2009 e 2012), Quito (2010) e São Paulo (2011), tendo sido premiado nas duas últimas.
Via Escola da Cidade