Kengo Kuma divulga projeto da Japan House em São Paulo

O projeto Japan House, iniciativa global do governo japonês, trará a São Paulo um novo olhar sobre o Japão contemporâneo. Com inauguração prevista para março de 2017, a Japan House terá como objetivo combinar arte, tecnologia e negócios para oferecer aos visitantes, por meio de experiências imersivas, uma perfeita tradução do Japão do século XXI - sem esquecer das raízes e das tradições. As obras de reconversão do prédio que abrigará a Japan House começarão em abril próximo.

O projeto, do arquiteto japonês Kengo Kuma, trará a São Paulo os traços que identificam seu trabalho, reconhecidos no mundo todo: o uso inovador de materiais naturais, como a madeira hinoki e o papel, para criar atmosferas leves e espaços bem iluminados."A simplicidade aparece na funcionalidade; todo design japonês se desenvolveu baseado nisso", comentou Kenya Hara, designer que contribuirá com o projeto.

São Paulo, Londres e Los Angeles são as três metrópoles selecionadas pelo governo japonês para receber as primeiras Japan House no mundo. São Paulo foi escolhida por algumas razões: é no Brasil — e majoritariamente em São Paulo - que vive a maior população de origem japonesa fora do Japão; e as ligações econômicas, sociais e humanas entre os dois países são fortes e a imagem do Japão no Brasil é positiva. São Paulo é, também, o principal centro econômico da América Latina e um polo importante de produção artística e cultural.

Lobby. Image Cortesia de Divulgação

A Japan House será instalada na Avenida Paulista, 52, vizinha à Praça Oswaldo Cruz, no cruzamento com a Rua 13 de Maio. O local foi escolhido por ter intenso trânsito de pessoas e ser de fácil acesso. A presença da nova casa vai adensar um polo informal de eventos públicos e equipamentos culturais já ativo na região, uma vocação reforçada pela recente conversão da avenida, aos domingos, em área pública reservada a pedestres e ciclistas.

O edifício que abrigará a Japan House, convertido a partir da construção já existente no endereço, vai combinar traços nipônicos com brasileiros. A fachada terá uma cortina de réguas de madeira trabalhadas por artesãos japoneses, em diálogo com uma parede de cobogós, os pequenos blocos vazados de cimento que são elemento comum na arquitetura modernista brasileira.

Espaço multiuso. Image Cortesia de Divulgação

O aroma da madeira e o jogo cambiante da luz do dia sobre os elementos da fachada vão se somar para fazer um contraponto de serenidade à agitação urbana. Jardins de bambus, uma planta ao mesmo tempo japonesa e brasileira, circundarão o prédio. A Japan House pretende ser não apenas um novo ponto de exclamação arquitetônico na Paulista, mas também um espaço de encontro e convivência capaz de atrair tanto o passante casual quanto o visitante assíduo, interessado em acompanhar sua programação de mostras e atividades.

Hall de entrada. Image Cortesia de Divulgação

Quando estiver em funcionamento pleno, a partir de março de 2017, a Japan House terá mais de 2.500 metros quadrados de espaço útil, distribuídos em um piso térreo e mais três andares. Uma praça interna, aberta para a rua, dará acesso aos espaços térreos da casa: o hall de entrada com cafeteria; um espaço multiuso para até 150 assentos; uma biblioteca com leituras relacionadas à cultura japonesa; e um jardim.

Não haverá paredes fixas separando os ambientes. O partido tomado por Kengo Kuma na arquitetura interna do prédio é o oposto: o da abertura e facilidade de comunicação entre os espaços. Grandes portas deslizantes, chamadas de fusuma na arquitetura tradicional japonesa, poderão delimitar ambientes, quando fechadas, ou criar espaços mais amplos, se mantidas abertas.

Hall de entrada. Image Cortesia de Divulgação

Trata-se de um princípio importante: num país onde o espaço é um bem raro, a flexibilidade na hora de ocupá-lo é essencial. A posição das portas indica, ainda, se é possível entrar ou não naquele ambiente, uma forma de comunicação indireta valorizada pela cultura japonesa como sinal de respeito ao próximo.

Hall multiuso. Image Cortesia de Divulgação

Quando as fusuma estiverem totalmente abertas, o piso térreo da Japan House poderá se tornar um grande vão sem divisórias, comunicando o jardim, numa extremidade da casa, com o hall e a cafeteria, na outra. "São Paulo tem espaços externos bastante agradáveis. Quando conheci o MASP achei o vão agradabilíssimo. A arquitetura paulistana está cheia de espaços abertos, daí a ideia de jardim japonês aberto ao público. Essa é uma faceta da urbanidade paulista", comentou Kuma.

Está prevista uma gama ampla de temas para a programação a ser desenvolvida neste espaço: cultura, moda, gastronomia, história, negócios, design, robótica, ciências e engenharia, inovação urbana e mobilidade — tudo o que se relacione à capacidade japonesa de inovar.

Sala multimídia. Image Cortesia de Divulgação

O primeiro andar será ocupado por um amplo salão de seminários. É um ambiente para encontros entre pessoas — em aulas, conferências ou debates —, obedecendo ao mesmo princípio de flexibilidade de uso. Duas fusuma permitirão modular os espaços de acordo com os eventos previstos; as combinações de divisórias móveis, abertas ou fechadas, vão criar ambientes capazes de receber de 10 a 100 participantes.

Salas de aula. Image Cortesia de Divulgação

O segundo andar, mais distante do ruído da rua, foi reservado para mostras e exposições de maior fôlego: o lugar da arte, das histórias e dos grandes eixos narrativos. O piso terá uma cozinha, de modo a ser usado, também, para recepções e eventos de gastronomia. Acima deste, haverá um terceiro andar que não fará parte do espaço público da casa e será, eventualmente, ocupado por outras entidades do governo japonês presentes em São Paulo.

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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Kengo Kuma divulga projeto da Japan House em São Paulo" 26 Fev 2016. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/782778/kengo-kuma-divulga-projeto-da-japan-house-em-sao-paulo> ISSN 0719-8906

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