Hoje comemoramos o 130° aniversário do arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe e, para celebrar, resolvemos aprofundar em alguns aspectos pouco conhecidos de sua vida que podem nos ajudar a compreender melhor sua obra.
Para isto, buscamos ajuda no livro "Vidas construidas, Biografías de arquitectos", de Anatxu Zabalbeascoa e Javier Rodríguez Marcos. O texto, que teve sua segunda edição lançada ano passado pela editora Gustavo Gili, reúne as biografias de 20 dos mais célebres arquitetos que pisaram sobre esta terra, do Renascimento ao Movimento Moderno. Cada relato é uma história fascinante que explora a vida dos arquitetos, permitindo-nos entender melhor a origem de algumas obras.
A seguir, compilamos 20 passagens da vida de Mies que nos parecem fundamentais para compreender o pensamentos, as influências e as decisões que levaram o arquiteto a se tornar um dos nomes mais importantes da arquitetura moderna.
1. Com 30 anos, contra os costumes, Ludwig Mies decide manter o sobrenome de sua mãe (Amalie Rohe), unindo-o com o de seu pai (Michael Mies).
2. Com seu pai, que era pedreiro, aprendeu sobre materiais; sensibilidade que posteriormente se vê na obra do Pavilhão da Alemanha na Exposição Internacional de Barcelona (1929).
3. Conseguiu seu primeiro emprego em um escritório de arquitetura após solucionar em apenas uma hora o desenho da fachada de uns galpões que seu chefe estava demorando semanas para resolver.
4. Seu primeiro trabalho pessoal lhe foi pedido em 1906: um projeto para o filósofo Alois Riehl em Potsdam, que resultou em uma casa tradicional que buscava referências no século XVIII.
5. Em 1908 conhece Peter Behrens, que desperta em Mies uma paixão pela obra de Karl Friedrich Schinkel, primeiro grande arquiteto do século XIX na Alemanha.
6. No escritório de Peter Behrens, tem como colega Walter Gropius, que se encarrega dos projetos industriais, enquanto que Mies era o responsável pelos projetos mais tradicionais. Nesta época surge entre ambos uma "rivalidade cordial".
7. A obra de Hendrik Petrus Berlage também influenciou o trabalho de Mies. Esta admiração era reprovada por Behrens, que depreciava o arquiteto holandês.
8. Os pais de sua primeira esposa, Ada Bruhn, viam com bons olhos a relação de sua filha com o arquiteto, embora nao gostassem de seu sobrenome: "Mies", que em alemão significa, entre outras coisas, "miserável".
9. O interesse do arquiteto pela abstração e pelo racionalismo é fortalecido pela amizade estabelecida no início dos anos 1920 com o pintor Hans Richter, o construtivista El Lissitzky e o membro do grupo De Stijl, Theo van Doesburg.
10. Em 1927 Mies se encarrega do plano urbano de Weissenhofsiedlung, o projeto coletivo mais importante da vanguarda arquitetônica, que reuniu nomes como Le Corbusier, Walter Gropius, Peter Behrens, Bruno Taut e Hendrik Petrus Berlage.
11. Em 1930 Mies foi nomeado diretor da Bauhaus, substituindo o militante comunista Hannes Meyer. A mudança não agradou os alunos, que se queixavam de sua visão estetizada, em contraste com o funcionalismo de Meyer.
12. O corpo docente da Bauhaus sofreu uma grande decepção ao ser comprovado que Mis havia sido o único deles a assinar o manifesto patriótico de intelectuais a favor do Nacional Socialismo.
13. Quando Mies compreende que as preferências de Hitler se inclinaram para um monumentalismo neoclássico, cujo expoente máximo é Albert Speer, decide deixar a Alemanha.
14. Em 1937, o Armour Institute of Technology (posteriormente Illinois Institute of Technology, IIT) de Chicago lhe oferece a oportunidade de dirigir o projeto de renovação da Escola de Arquitetura, posto que Mies aceita, após negar a candidatura, juntamente com Gropius, para um posto semelhante em Harvard.
15. Uma das primeiras coisas que pede ao chegar a Illinois é conhecer seu admirado Frank Lloyd Wright, que lhe recebe com uma cordialidade que havia anteriormente negado a Le Corbusier e a Gropius.
16. Durante seus primeiros anos em Chicago,viveu em um hotel e dizia não ter mais que três necessidades - o Martini, os charutos cubanos, e suas roupas caras - e três objetos pessoais - quadros de Max Beckmann, Vasili Kandinski e Paul Klee.
17. Durante a primeira década fora de seu país, seu único trabalho veio unicamente da universidade, o plano urbanístico do campus do IIT.
18. Em 1945, após considerar Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, Edith Farnsworth opta por Mies van der Rohe para projetar e construir sua casa de campo.
19. O projeto da Torre Seagram chega até ele através de Phillip Johnson, com quem Mies manteria para sempre uma relação de amor e ódio.
20. Em 19 de agosto de 1969, poucas semanas após a morte de Walter Gropuis, Mies falece. Um ano antes, respondendo à pergunta sobre que edifício gostaria de construir, responde: "uma catedral".