Como parte das atividades comemorativas de 80 anos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), representantes da instituição realizaram no dia 5 de maio uma visita às obras de restauro e revitalização em curso no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, exemplar icônico da arquitetura moderna brasileira.
Financiado pelo PAC-Cidades Históricas, o Projeto de Restauração e Modernização do Palácio Gustavo Capanema é coordenado pelo Iphan, por meio de equipes multidisciplinares formadas por especialistas da instituição e profissionais de escritórios contratados. A ação inclui um plano para revisão do programa de uso do monumento, privilegiando a sua vocação cultural e sua identidade como marco do movimento moderno brasileiro. O objetivo é que o prédio se torne um centro cultural com uma dinâmica própria, promovendo a interação do público com as bibliotecas, os arquivos e oferecendo programas educativos, concertos, exposições, performances, instalações e manifestações artísticas contemporâneas.
A antiga sede do Ministério da Educação e Saúde Pública (MES) foi projetada pelo arquiteto urbanista Lúcio Costa e sua equipe, composta por Carlos Leão, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos, Jorge Moreira, Oscar Niemeyer, em 1937, ano de criação do Iphan e do marco regulatório da proteção ao patrimônio cultural brasileiro. A equipe teve como referência estudos feitos por Le Corbusier, que esteve no Brasil em 1936, convidado pelo Ministro Gustavo Capanema. O edifício foi construído entre 1937 e 1945 e sua estrutura foi projetada pelo engenheiro Emílio Baumgart.
O prédio está parcialmente fechado para visitação - a restrição não abrange os serviços prestados ao público pelo Iphan, Funarte, Biblioteca Nacional, Fundação Cultural Palmares e a representação do Ministério da Cultura – desde abril de 2013, com o início dos trabalhos.
Etapas do restauro
A primeira etapa das obras, finalizada em 2014, compreendeu a substituição dos seis elevadores, os serviços de impermeabilização da cobertura, dos terraços-jardins, a restauração do gnaisse (espécie de pedra) das fachadas Leste e Oeste e das colunas do térreo e a recuperação dos jardins-terraços projetados por Burle Marx em 1982.
Na fase atual, iniciada em janeiro de 2015, o esforço concentra-se nas fachadas, compreendendo a restauração dos sistemas das esquadrias de estrutura metálica de aço carbono, a substituição das pastilhas conforme o projeto original e a recuperação do sistema dos brises-soleils (para-sóis externos das janelas). A restauração dos elementos construtivos das fachadas Sudoeste e Noroeste irá permitir o resgate do sistema de ventilação cruzada concebido por Dr. Lúcio Costa - um dos atributos arquitetônicos de maior relevância do monumento. As esquadrias e os brises-soleis não funcionavam mais na sua totalidade, causando intenso calor nos ambientes internos de trabalho.
Após a conclusão dos trabalhos na fachada, como terceira e última etapa, serão realizados os projetos de restauração e modernização dos espaços internos da construção que abrange em um único projeto cultural o urbanismo, a arquitetura, o paisagismo e as artes plásticas. Os painéis de azulejos, o afresco Ciclos Econômicos e a têmpera Jogos Infantis de Portinari, as escultura de Bruno Giorgi, Celso Antônio, Adriana Janacópulos fazem parte do acervo de artes plásticas integrado à arquitetura do monumento, que receberá tratamento de conservação e restauro. Para esse momento da obra, um programa educativo prevê a visitação do público durante os trabalhos de restauração por meio do Atelier Aberto.
O grande volume de documentação e registros fotográficos presentes nos arquivos do Iphan são as fontes de pesquisa e de informação que subsidiam a restauração, assim como as escolhas e as decisões de projeto. Um dos grandes desafios do projeto foi encontrar a solução técnica para a climatização do edifício que fosse coerente com o conceito original arquitetônico. Assim, preservando as soluções da sua arquitetura bioclimática adotada pela equipe coordenada pelo Lúcio Costa, o sistema de ventilação cruzada natural será mantido nos meses de temperaturas amenas da cidade, permitindo que a brisa da baía da Guanabara entre no edifício, circule nos espaços internos, de modo a impulsionar a saída do ar quente dos ambientes pela fachada noroeste.
O sistema de ar condicionado deverá ser acionado apenas nos meses de calor. Entretanto, as áreas que abrigam as bibliotecas e os arquivos históricos serão climatizadas por sistema mecânico com controle de temperatura e umidade durante todo o ano, diante da necessidade de conservação de seus acervos.
Via Iphan