Como parte da cobertura do ArchDaily Brasil na Bienal de Veneza 2016, apresentamos uma série de artigos escritos pelos curadores das diferentes exposições que fazem parte de "Reporting from the Front".
Na escala de 1:1 bilhão, o mapa geológico do mundo revela escalas planetárias das operações da maior nação extrativista de recursos, cuja política externa é suportada a partir de patrimônios como colônia, como confederação, país, e agora, como império de recursos globais. No seu poder divino, legal, para separar os direitos de superfícies dos direitos de exploração mineral, o domínio real do governo – a Coroa – exerce suprema autoridade sobre 95% de seu território tornando-o o maior proprietário de terras do mundo. Não surpreendentemente, seu brasão, seu estado democrático, constituição e até mesmo a aparência do edifício do parlamento aparentam ser praticamente os mesmos, compartilhando o mesmo Chefe de Estado, a Rainha Elizabeth II. Como a última monarquia restante nas Américas, o Canadá é invenção da Rainha Victoria II, a mulher mais poderosa da história, que expandiu o Império Britânico a uma magnitude sem precedentes no final do século 19.
Sede de mais de 75% das empresas de prospecção e mineração do planeta, quase metade dos 20.000 projetos de mineração em todo o mundo moldam a imagem global dos vastos estados subterrâneos do Canadá de riqueza mineral que edificam o poder da Coroa brilhando sobre a superfície do Estado. Em 1 part per billion, a mineração de ouro não só cava uma mina a céu aberto, mas abre uma lente sobre o mundo dos documentos de terras, concessões e leis, bem como o mundo material de minas, minerais e mercados, e o mundo aterrado de tribos, tratados e territórios. Reportando a partir da borda deste império emergente, que forças conduzem as políticas extrativas que levam a desigualdades sistêmicas e como podem ciclos de dominação geoespacial serem enfraquecidos?
Se a extração definiu o Canadá durante os últimos 800 anos desde que a Carta Magna Inglesa, então os câmbios irão revolucionar o seu futuro a partir do século 22 em diante. Marcando #TheLastVictoriaDay em 25 de maio de 2016, o instrumento de exploração, escavação e extração – a estaca de topógrafo – será conduzida até o coração dos impérios, sob os pinheiros e planos, na junção dos Pavilhões do Reino Unido, França e Canadá no Giardini da Bienal de Veneza. Expondo as tensões, fricções e resistências entre mapa e território, este contra-monumento forjado em ouro puro será então oferecido à Rainha em um gesto declarativo de retrocesso e independência, #CrownNoMore no encerramento da Bienal em 27 de novembro de 2016, na véspera do 150º aniversário da Confederação do Canadá. Retroativamente, os 800 anos de construção do império se desdobram abaixo do solo em um curta-metragem de 800 imagens, de 800 colaboradores, em 800 segundos.
Ao miniaturizar essa extensa história em uma experiência pessoal, a intervenção territorial invertida amplia realidades territoriais em uma escala de 1:1 para suscitar um discurso mais profundo sobre as ecologias complexas e vastas geopolíticas da extração de recursos. Desembaraçando e reconfigurando sinergias entre a vida, lei e território, é um manifesto de recursos de urbanismo reimagina a superfície do Estado para o século 22.
T MINUS 43 DAYS: Drilling Deep into Contemporary Colonial Core & Historic Imperial Bedrock of CANADA @la_Biennale pic.twitter.com/YWgYKcXynI
— EXTRACTION (@1partperbillion) April 11, 2016
Uma parcela dos rendimentos da exposição serão investidos na recuperação de uma mina de ouro contaminada na Sardenha, antigamente operada e depois abandonada pela mineradora canadense Buffalo Gold, após a crise econômica mundial de 2009. Os rendimentos excepcionais serão compartilhados com organizações territoriais no Canadá onde as questões da extração de recursos e meios de vida terrestres são vitais para o futuro.
Créditos do Projeto
Curador: Pierre Bélanger
Comissária: Catherine Crowston
Diretores de Projeto: Zannah Matson, Chris Alton