Com a proposta A Limit-lesswall, a equipe de Mazzanti faz parte da atual edição da Trienal de Milão, na exposição 'Architecture as Art', que tem curadoria de Pierluigi Nicolin. Liderada pelo arquiteto Giancarlo Mazzanti, a equipe colombiana explora "como as condições sociais podem ser reexaminadas a partir dos elementos arquitetônicos".
“Uma parede rebelde, um caminho que se esconde e se revela, um espaço sensual, um longo pedaço de tecido, uma lâmpada, uma peça de roupa, um cinema, uma cama, um teatro de sombras, um estômago, um espaço sem limite” na XXI edição de um dos eventos de arte e arquitetura mais importantes do mundo e que traz de volta 20 anos de silêncio, graças ao patrocínio do BIE (Bureau International des Expositions), do governo Italiano, da cidade de Milão, da região de Lombarda e das lojas comerciais de Milão, Monza e Brianza.
Dos arquitetos: Mais do que uma taxonomía fixa de arquitetura contemporânea, a Trienal de Milão deve ser um ambiente onde coexistem discursos distintos. O objetivo é ir além do lugar típico de exposição, instigar novas situações e questionamentos sobre a arquitetura do amanhã.
Esta á uma oportunidade para se dar as boas-vindas a novos tipos de pessoas e práticas mediadoras do processo de construir e pensar o espaço. Todas estas pessoas têm necessidades e ideias, que podem ser alcançadas com a adaptabilidade do desenho. Além de ser um símbolo urbano, a arquitetura deveria ser pensada como um signo. Graças a múltiplas leituras, pode se ter implicações que são entendidas mais no tempo do que em termos de espaço. Consequentemente, a arquitetura deve estar aberta a absorver diferentes tipos de transformações culturais e assim estar disponível para as pessoas.
Levando isto em consideração, nossa proposta por si só é um evento pensado para criar possibilidades interativas, crescimento e ações planejadas com o objetivo de jogar. A parede: de estática a elástica, um jogo ilimitado para vivenciar experiências comuns.
Esta proposta explora o papel que o desenho desempenha nas condições contemporâneas e sua capacidade como um agente de ou para a transformação social. Damos valor a arte, arquitetura, desenho, urbanismo e paisagismo, não apenas aos ambientes que estes produzem, mas aos efeitos sociais que podem causar. Buscamos estender nosso olhar, além da arquitetura, a experiência de ser capaz de gerar novos espaços e novas formas de uso.
Nossa arquitetura dos sonhos é a que, igualmente aos ambientes naturais, cada indivíduo constrói uma etapa para viver através de seu fluxo, o trocando, o adaptando e se rebelando a ele para o apropriar. Com cada rotina e cada ação que deixa uma marca nas estruturas urbanas, seu espaço físico e seu esqueleto rígido coberto por uma tênue e micrométrica camada de verniz ganha profundidade e complexidade no tempo.
As ações que toman lugar nos espaços construídos criam novas camadas, envoltas em seus contornos, transformando-se em estruturas alcançáveis que podem ser apropriadas por seus usuários e seus observadores. Através destas camadas a paisagem construída começa a refletir seus usuários e prove um cenário para processos simbióticos de identificação e reconhecimento. Esta é uma relação natural entre um ambiente e seus habitantes e tomará lugar na nossa proposta por experiências ilimitadas.
A arquitetura é agora um lugar comum, sugestivo e aberto à apropriação mental e física pelo usuário (não somos máquinas funcionais baseadas em cálculos de eficiência). Para alcançar isto, o desenho deve ser materializado em elementos e espaços indeterminados, incompletos, vazios, sem uso ou flexíveis que permitam formas inesperadas de ocupação e uso e para a transformação do usuário dado por sua natureza acessível.
Romper as regras é uma tarefa fundamental para formar a experiência de novas arquiteturas. Se um edifício normalmente se aproxima de formações sólidas, cremos que a arquitetura pode expandir suas artes espaciais criando sistemas ativos e flexíveis, capazes de serem transformados e apropriados no tempo, dando a esta peça de infraestrutura uma qualidade experimental.
A linha que divide o privado da esfera pública se transgrediria se as pessoas se empenhassem em expor suas vidas e sensações através dela, reformando as paredes de seus bairros, casas e escritórios, transformando a plasticidade da arquitetura, como a conhecemos.
O elemento é composto por uma retícula estrutural, um caminho descontínuo com escadas, uma membrana elástica, uma subestrutura para tencionar a membrana, luzes e sons.
Uma parede sensitiva
O que aconteceria quando a arquitetura ficasse inacabada? Existe uma possibilidade para explorar e atravessar suas partes para repensar a condição social da arquitetura. Se um edifício se desmembrasse, apareceria uma porta aberta num novo estado gerando situações pré-condicionadas e a exploração de novas possibilidades. Esta é a ideia desta parede ilimitada e tátil. Um elemento que está feito para não ser separado, está agora disposto para ser explorado, tocado e dando visibilidade para as possibilidades que a arquitetura e o jogo podem fazer juntos.
Queremos criar uma parede, mas não uma parede comum feita de concreto, funcionará como um vazio, cheio de situações ilimitadas e curiosas. O plano é desenhar uma estrutura com uma escada por dentro coberta por uma membrana. Esta estrutura será alargada, mas nem tanto, assim as pessoas podem subir pela escada e experimentar a membrana deixando a possibilidade de gerar várias sensações. A intenção é que as pessoas atravessem a parede, mas com uma sensação diferente, como estando dentro de uma parede.
A proposta quer repensar a arquitetura pensada comumente como pré-determinada, fechada e proibida para manter um certo consenso social. Cruzando estes limites, esta instalação busca se tornar um lugar comum, onde viver em diferentes contextos é uma possibilidade de estabelecer uma arquitetura redefinida pela experiência dos usuários e não por seus acordos políticos e sociais.
Uma experiencia ilimitada não poderia unicamente tomar lugar num espaço composto por um vazio e uma parede. Tem que ir além e ultrapassar os limites para criar relações; se tornar um meio para encontros, um lugar para contar histórias e um cenário para os desejos das pessoas. É uma parede rebelde, um caminho que se esconde e aparece, um espaço sensual, um pedaço de tela, uma lâmpada, uma roupa, um cinema, uma cama, um teatro de sombras, um estômago, um espaço infinito.
A parede é para ser estática e é usada para se desenhar uma forte divisão. Agora pode ser transgredida para se tornar um lugar para ser experimentada, ativada e transformada segundo o desejo de cada um.
O jogo
Oposto ao determinismo que vem da ideia da função e os processos tradicionais que aproximam seus objetivos a situações totalmente passivas e previsíveis como a relação entre a forma e o comportamento, entendemos o jogo como uma forma pessoal de perceber o espaço que se dá ao jogador o poder para decidir aonde ir e o que fazer com ele.
O argumento inicial que nos põe a pensar no entretenimento e na experiência como guias para nossa proposta vem da consideração do potencial entre os espectadores como jogadores que ativam o espaço. As ações dos usuários se tornam um elemento central que determina sua existência e as possibilidades do espaço.
Nossa proposta de uma arquitetura ilimitada não é baseada em exibir objetos(plantas, maquetes e renders), e sim na construção de experiências e relações entre as pessoas e la arquitetura. Dispusemos possibilidades arquitetônicas que serão usadas como ferramentas para criar experiências e intercâmbio de ambientes. Há caminhos ilimitados e diferentes alternativas para os abordar.
Estados de ânimo e sensações
O espaço será fechado, un pouco claustrofóbico e a membrana criará um ambiente plástico onde os movimentos das pessoas serão visíveis na materialidade da instalação. As sombras, as luzes e o som serão uma parte importante do estado de ânimo da proposta.
Veja a transmissão ao vivo da exposição aquí.