Em uma recente entrevista com a BBC, Rem Koolhaas criticou a campanha que promove a saída do Reino Unido da União Europeia, para a qual os britânicos votarão amanhã, dia 23 de junho. Refletindo sobre o tempo que passou na Architectural Association (AA) de Londres nos anos 60 e 70, Koolhaas teme que a defesa da saída seja apenas uma nostalgia do passado.
Se observarmos os argumentos para sair, podemos perceber que isso é um movimento de pessoas que querem fundamentalmente mudar a Inglaterra para o que ela supostamente era antes.
Em vez disso, Koolhaas explica que, antes de entrar na UE em 1973, o Reino Unido era "um mundo de sopa de ervilha e completa ausência de café". Juntar-se a UE fez com que tanto a AA como todo o país fosse inserido na corrida das novas culturas. "A escola era inacreditavelmente inglesa", comentou o arquiteto. Quando retornou cerca de oito anos mais tarde, a escola estava repleta de pessoas da Alemanha, Checoslováquia (na época assim chamada) e França. "Ela havia se transformado completamente. Acho que aquele momento de transformação foi algo que, em maior escala, aconteceu em toda a Inglaterra. O país se abriu, ajudando a modernizar mentalmente toda a Inglaterra , toda a civilização inglesa."
Há muito tempo apoiando a União Europeia, Koolhaas também tem laços profissionais com o bloco e com as ideias por trás dele. No início dos anos 2000, a divisão de pesquisas de seu escritório, AMO, trabalhou extensivamente com a UE para desenvolver novas estratégias de identidade e marca. Estas colaborações resultaram em uma nova bandeira em "código de barras", que exibe um complexo arranjo de cores das bandeiras de todos os países membros e uma série de murais panorâmicos que mostram a evolução do continente. Acreditando no enorme potencial da união, o OMA/AMO esperava que o projeto resultaria em uma UE que fosse vista como "ousada, explícita e popular".
Há muito mais em jogo, acredito, que simplesmente estar dentro ou fora.