Oitenta e três. Esta é a idade que atinge hoje uma das figuras mais reconhecidas e respeitadas da arquitetura mundial e sobretudo lusófona: Álvaro Siza Vieira. Primeiro Pritzker da língua portuguesa, reconhecido com o prêmio máximo da arquitetura em 1992, Siza encantou o júri da época que, justificando a escolha, disse: "suas formas, modeladas pela luz, apresentam uma simplicidade enganosa; elas são honestas."
Siza talvez seja o arquiteto mais publicado no ArchDaily Brasil; raro é passar uma semana sem que um projeto, notícia, evento ou clássico de sua autoria seja publicado e compartilhado com nossos milhares de leitores. Não é exagero também em afirmar que seus trabalhos figuram entre os mais acessados e apreciados de nossa página. Muitas razões podem ser citadas para justificar o apreço pela obra de Siza: domínio do programa? evidente; relação singular com o entorno natural e construído? esta é, afinal, uma de suas marcas; domínio plástico sobre as formas? impossível negar, da grande escala ao mais singelo edifício; devoção aos detalhes construtivos? Siza, num apreço sem tamanho pelo ofício da arquitetura, desenha tudo. Tudo!
Cada um destes motivos já justifica, por si só, esta popularidade de Álvaro Siza entre nossos leitores, no entanto, verdade seja dita, estamos falando de um website, com espaço virtualmente ilimitado de conteúdo, assim, não se pode negligenciar o poder da imagem das obras de Siza: difícil resistir às sedutoras fotografias que faz Fernando Guerra de seus edifícios.
Guerra, que há alguns anos acompanha Siza registrando não apenas sua obra construída, mas também seu processo de trabalho, parece ter levado às últimas consequências a citação acima do júri do Pritzker de 92, capturando com suas lentes a "simplicidade enganosa" de projetos como a Casa de Chá Boa Nova ou da Piscina de Leça da Palmeira.
Em comemoração ao aniversário do arquiteto - que é um dos temas principais do trabalho de Guerra e ostenta uma seção particular no website do fotógrafo - Fernando compartilhou conosco (assim como generosamente vem fazendo há algum tempo) uma série de retratos de Siza, feitos em diversos momentos em Portugal e em viagens de trabalho. As fotografias mostram um arquiteto completamente ativo, a despeito de seus 83 anos, com as marcas do tempo e das décadas de dedicação à arquitetura estampadas em seu rosto.
A bem dizer a verdade, Siza não parece um octogenário. Sua entrega ao ofício e clareza de gestos nos fazem crer que o arquiteto é consideravelmente mais jovem e se tivéssemos que adivinhar sua idade, daríamos no máximo 64.
