Como parte da cobertura do ArchDaily Brasil na Bienal de Veneza 2016, estamos apresentando uma série de artigos escritos pelos curadores das exposições e instalações à mostra no evento.
A floresta amazônica é nossa fronteira: batalhas constantes estão sendo travadas para preservar a maior fonte de biodiversidade, produção de oxigênio e regulação climática do planeta.
A Amazônia é também o fronte de batalha entre a visão ancestral de seus habitantes e a visão moderna da sociedade ocidental em relação ao seu território. Se fossemos aprender com o conhecimento indígena, agora ameaçado pela hegemônica "civilização ocidental", daríamos vez a visões sem precedentes sobre medicina, nutrição e a produção sustentável da floresta tropical. A dissolução desta última fronteira teria implicações globais e poderia mudar o modo como vemos nosso mundo.
O Pavilhão do Peru narra uma ação sem precedentes nesse sentido: combater a pobreza e preservar a floresta tropical amazônica através da educação. O "Plan Selva" um programa público de grande escala em nossa região amazônica que reconstrói centenas de escolas espalhadas em lugares inacessíveis sem serviços, com um novo programa educacional que favorece o multiculturalismo e recupera os idiomas nativos.
O ponto de partida do projeto é um diálogo atento às comunidades amazônicas. Ele propõe um kit de componentes modulares que permite a adaptação às necessidades pedagógicas particulares, às condições topográficas e ao tamanho das comunidades. O resultado é uma arquitetura modular sensível ao clima, respeitosa ao modo de vida amazônico.
Este projeto representa uma iniciativa única da instituição pública do Peru: confia na arquitetura um enorme programa educacional, restaura a dignidade da população que foi historicamente negligenciada e oferece um espaço para o encontro equilibrado de dois mundos aparentemente incompatíveis.
Acompanhando esta ação arquitetônica, a exposição nos faz imergir na Amazônia peruana através de ações visuais que mostram os profundos mistérios de seus habitantes e oferecem uma verdadeira "radiografia" da exuberância impenetrável da floresta.
Os visitantes seguem uma faixa impressa com os rostos de crianças amazonenses por Musuk Nolte, e a "pegada" da floresta, os "Amazogramas" criados por Roberto Huarcaya. Esta faixa é suspensa em uma cobertura de madeira, em permanente equilíbrio.
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Local: Sale d’Armi, Arsenale
Participantes: Ministério da Educação – Plan Selva ; Líder de projeto: Elizabeth Añaños; Equipe: Militza Carrillo, Miguel Chavez, Sebastián Cillóniz, Alvaro Echevarria, Gino Fernandez, Claudia Flores, Luis Miguel Hadzich, Daisuke Izumi, Alfonso Orbegoso, Carlos Tamayo, Alejandro Torero, Karel Van Oordt, José Luis Villanueva
Comissário: José Orrego
Curadores: Sandra Barclay, Jean Pierre Crousse
Patronato: Fundación Wiese, El Comercio
Produção: Patronato
Fotografia: Roberto Huarcaya, Musuk Nolte, Rodrigo Adb
Gestão de projeto: Claudia Ortigas, Mateo Eiletz
Design Gráfico: Arturo Higa
Apoiadores: Promperu, Mincetur, Ministerio de Cultura, Ministerio de Relaciones Exteriores del Peru, Ministerio de Educación, Ministerio del Ambiente e Asociacion de Estudios de Arquitectura