O Projeto 100 consiste em um conjunto de reportagens que busca investigar o que aconteceu após as remoções causadas pelas grandes obras construídas para a Olimpíada de 2016. É o momento em que a sede jornalística pelo fato noticioso tende a murchar, deixando de lado uma parte vital da história: para onde as famílias foram removidas? As vidas das pessoas melhoraram? As promessas do poder público foram cumpridas?
Não existem dados oficiais detalhados e verificáveis sobre as remoções olímpicas no Rio, que se somam às massivas demolições ocorridas em nome da Copa do Mundo em 2014. Diante da falta de informações sobre essa penosa política, os idealizadores do projeto decidiram fazer o óbvio: escutar as famílias expulsas de suas casas.
Para isso, usaram como parâmetro a estimativa do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro a respeito de três obras listadas como Legado dos Jogos Olímpicos – o BRT Transolímpica, o BRT Transoeste e o Porto Maravilha – e as obras para reforma do estádio do Maracanã, palco de partidas de futebol durante o evento esportivo. O comitê identificou 2.548 famílias removidas apenas para esse conjunto de obras. Optou-se por ouvir 100 delas, uma amostra significativa do total (cerca de 4%). Trata-se do mais extenso levantamento já feito com essas vítimas de remoção, de interesse para pesquisadores, jornalistas, gestores de políticas públicas e qualquer um que queira ouvir seus relatos. Uma base de dados viva, e interativa.
Até o momento, foram ouvidas 62 famílias removidas, faltando ainda 38 para que se atinja a cifra definida. Veja as histórias dessas famílias na página do projeto.