No final de outubro inaugura a 3° Bienal de Desenho de Istambul e a instituição responsável por sua organização, IKSV, apresentou uma lista completa dos projetos e participantes. Curado por Beatriz Colomina e Mark Wigley, a bienal se apresenta sob o título "Somos humanos? O design das espécies: 2 segundos, 2 dias, 2 anhos, 200 anhos, 200.000 anhos" para discutir uma importante exigência: o desenho necessita ser redesenhado.
Brasil, Chile e Argentina serão representados na lista de 70 projetos dos 5 continentes, a cargo de desenhistas, arquitetos, artistas, teóricos, coreógrafos, historiadores, cineastas, cientistas, laboratórios, institutos e ONGs. As exposições serão espacializadas por Andrés Jaque + Office for Political Innovation em cinco espaços principais: a Escola Primária Grega de Galata, Studio-X Estambul, Depo (ambos em Karaköy), Alt Art Space (Bomonti) e os Museus Arqueológicos de Istambul (Sultanahmet).
70 projetos apresentados em quatro "nuvens"
Programada para repensar o design para uma era em que o este se tornou viral, a Bienal está organizada em quatro "nuvens" sobrepostas de projetos:
- Desenhar o corpo explora todas as diferentes formas nas quais o corpo humano é um artefato altamente instável que é continuamente reconstruído, desde o modo particular em que nossas mãos trabalham até a última investigação sobre o cérebro. Cada dimensão do ser humano é continuamente ajustada, aumentada ou substituída.
- Desenhar o planeta nos pede para repensar o desenho humano de vastos territórios e ecologias. O ser humano irradia desenho em todas as direções e se inscreve no planeta com capas sobre capas de artefatos como uma forma de geologia.
- Desenhar a vida busca as novas formas de vida mecânica, eletrônica e biológica que estão sendo manipuladas. Uma fusão de máquinas, organismos, informática e genética estão se movendo desde o laboratório à vida diária, a terra, o ar e os oceanos.
- Desenhar o tempo apresenta um único ramo arqueológico desde os profundos tempos das primeiras ferramentas e ornamentos humanos até a forma em que as redes sociais permitem aos humanos a redesenharem a si mesmos e seus artefatos em dois segundos.
Projetos e participantes convidados
- The Shepherd, Bager Akbay (Turquia)
- Mutant Space, Atif Akin (Turquia)
- Observer Affect / Observer Effect, Zeynep Çelik Alexander (Turquia), Vanessa Heddle, Elliott Sturtevant (Canadá)
- Mixed Being, Lucia Allais (Reino Unido/Itália)
- Archaeology of Things Larger than Earth, Pedro Alonso y Hugo Palmarola (Chile)
- Milano Animal City, Stefano Boeri (Itália)
- Window Behaviorology, Atelier Bow-Wow / Yoshiharu Tsukamoto Laboratory at Tokyo Institute of Technology / YKK AP Window Research Institute (Japão)
- Space Design by Galina Balashova, Galina Balashova (Rússia), Philipp Meuser (Alemanha)
- Fictional Humanisms: A Critical Reportage, Marco Brizzi & Davide Rapp (Itália)
- 1 Brain, 100 Billion Neurons, 100 Trillion connections, Brown Institute for Media Innovation, Center for Spatial Research with the Zuckerman Institute, Columbia University (Estados Unidos)
- Texas City Landscan, Center for Land Use Interpretation (Estados Unidos)
- Conflict Urbanism: Aleppo, Laura Kurgan (África do Sul/Estados Unidos) y Center for Spatial Research (Estados Unidos)
- The Immortal, Revital Cohen (Reino Unido), Tuur Van Balen (Bélgica)
- Going Fluid: The Cosmetic Protocols of Gangnam, Common Accounts, Igor Bragado (Espanha), Miles Gertler (Canadá)
- Art Fiction François Dallegret (Canadá)
- Human Treasure, Tacita Dean (Reino Unido)
- Kontrollraum / Control Room, Thomas Demand (Alemanha)
- Unspoken, Diller Scofidio + Renfro (Estados Unidos)
- World Brain: Automatism, Stéphane Dougoutin (França), Gwenola Wagon (Canadá)
- The Unstable Object (II), Daniel Eisenberg (Estados Unidos)
- You will not be able to do it, Keller Easterling (Estados Unidos)
- The Designer Designed by the Humans, estudioHerreros (Espanha)
- Portable Indo Pacific, Fake Industries Architectural Agonism and UTS (Espanha/Austrália)
- A Natural History of Human Rights, Forensic Architecture in collaboration with FIBAR: Baltasar Garzón, m7red and Irendra Radjawali (Reino Unido/Espanha/Brasil/Argentina)
- City of Abstracts and Lectures from Improvisation Technologies, William Forsythe (Alemanha/Reino Unido)
- The Breaking Point, or The Paradox of Origins, Anselm Franke (Alemania)
- Welcome to the Anthropocene, Globaïa (Canadá)
- Space Debris 1957-2016, Stuart Grey (Reino Unido)
- 5TH HELENA, Mathew Hale (Reino Unido)
- 51Sprints, Het Nieuwe Instituut (Holanda)
- City of 7 Billion, Joyce Hsiang, Bimal Mendis (Estados Unidos)
- MUSSELxCHOIR, Natalie Jeremijenko (Austrália)
- GUINEA PIGS; A Minor History of Engineered Man, Lydia Kallipoliti, Andreas Theodoridis (Grécia/Estados Unidos)
- Anatomy and Safe, Ali Kazma (Turquia)
- “It is obvious from the map," Thomas Keenan (Estados Unidos) y Sohrab Mohebbi (Irán), con Charles Heller (Estados Unidos) y Lorenzo Pezzani (Itália)
- Embodied Computation, Axel Kilian (Alemanha)
- The Perfect Human, Jørgen Leth (Dinamarca)
- The Anthropophagic Body and the City: Flavio de Carvalho, Jose Lirá (Brasil)
- Open Future, The Living / Sculpting Evolution Group, MIT Media Lab (Estados Unidos)
- Maropeng Acts I & II, Lesley Lokko (Gana)
- Memex, Marshmallow Laser Feast, Analog, FBFX, Duologue (Estados Unidos)
- Köçek Dance Floor, m-a-u-s-e-r (Alemanha/Turquia)
- Glitter Disaster, McEwen Studio (Estados Unidos)
- The Institute of Isolation, Lucy McRae in collaboration with Lotje Sodderland (Reino Unido)
- Ines-table, Enric Miralles (Espanha) & Benedetta Tagliabue (Itália)
- Manchas Mies, Domi Mora (Espanha)
- An Unfinished Encyclopedia of Scale Figures Without Architecture / Model Furniture, MOS Architects (Estados Unidos)
- Architektur / Räume / Gesten, Antoni Muntadas (Espanha)
- Nine Islands: Matters Around Architecture, NEMESTUDIO, Neyran Turan & Mete Sonmez (Turquia)
- Please let me go, away…, New Territories / M4 with Pierre Huyghe (Tailândia/França)
- Frederick Kiesler’s Magic Architecture: Caves, Animals, and Tools from the Prehistoric to the Atomic Era, Spyros Papapetros (Grécia)
- A Media Archaeology of Ingenious Designs, Jussi Parikka (Finlândia), Ayhan Ayteş (Turquia)
- Objects of Daydreaming, PATTU, Cem Kozar, Işıl Ünal (Turquia)
- South Africa on the Cusp of Revolution, Martha Rosler (Estados Unidos)
- Beirut Bombastic!, Rana Salam (Líbano)
- White on White, Alfredo Thiermann & Ariel Bustamante (Chile)
- Spidernauts… Dark webs…, Tomás Saraceno (Argentina)
- The Connectome: A New Dimension of Humanity, Seung Lab, H. Sebastion Seung & Amie R. Sterling (Estados Unidos)
- The Visit, SO? (Turquia)
- Autonomy of Images, Hito Steyerl (Alemanha)
- Portable Person, Studio Works (Estados Unidos)
- Archaeology of Violence (The Forest as Design), Paulo Tavares (Brasil) & Armin Linke (Alemanha)
- The Microbial Design Studio: 30-day Simit Diet, Orkan Telhan (Turquia)
- Museum of Oil—Deep Space and After Fire Territorial Agency (Itália/Finlândia/Reino Unido)
- Voyager—Humanity in Interstellar Space, Universal Space Program, Evangelos Kotsioris (Grécia) y Rutger Huiberts (Holanda)
- The Hand—The Whole Man in Miniature, Madelon Vriesendrop (Holanda)
- Detox USA, Mark Wasiuta (Canadá), Florencia Alvarez (Argentina)
- Information Fall-Out: Buckminster Fuller’s World Game, Mark Wasiuta (Canadá), Adam Bandler (Estados Unidos)
- Delusional Mandala, Lu Yang (China)
- Virtual Interior Istanbul, Annett Zinsmeister (Alemanha)
6 intervenções curatoriais
Nos últimos dois anos, os curadores guiaram seminários com temas em torno da pergunta "O que é o design?" na Universidade de Princeton e de Columbia, com o intuito de explorar um amplo ramo de tópicos relacionados ao tema da Bienal. Uma equipe mista de estudantes de ambas as universidades trabalharam no último verão com a equipe curatorial para preparar um conjunto de seis intervenções a serem incorporadas na exposição principal da Bienal (Design Has Gone Viral, The Unstable Body, Are We Normal?, Enclosed by Mirrors, Homo-Cellular e Design in 2 Seconds). Estas apresentam investigações históricas e contemporâneas para suprir o trabalho dos colaboradores convidados à Bienal e aprofundar a reflexão sobre a pergunta central: Somos humanos?
Além das intervenções curatoriais, a Bienal apresentará dois projetos especiais: o famoso "Transparent Man" de Deutsches Hygiene-Museum (que voltará à Turquia pela primeira vez desde 1938) e um conjunto de rastros humanos da era neolítica no local que hoje é Istambul.
Superhumanity (em parceria com e-flux)
Mais de 50 escritores, cientistas, artistas, arquitetos, desenhistas, filósofos, historiadores e arqueólogos se reuniram em "Self-Design" como parte deste projeto colaborativo. Nikolaus Hirsch e Anton Vidokle do e-flux, junto a Beatriz Colomina e Mark Wigley, solicitaram contribuições em texto (2.000 palavras) provenientes de distintos campos que respondam ao tema da Bienal.
Convocatória para vídeos
No espírito de expandir o alcance da Bienal para uma discussão interdisciplinar e intergeracional mais ampla, Colomina e Wigley lançaram uma convocatória aberta para vídeos de dois minutos sob a pergunta "Somos humanos? (Biz İnsan mıyız?). Mais de 200 vídeos de 68 cidades em 36 países ao redor do mundo participaram do chamado, sob as seguintes proposições:
- O desenho sempre é um desenho do humano.
- O humano é o animal que desenha.
- Nossa espécie está completamente suspensa sobre infinitas capas de desenho.
- O desenho expande radicalmente a capacidade humana.
- O desenho constrói rotineiramente as desigualdades radicais.
- O desenho é também o desenho da negligência.
- O "bom desenho" é anestésico.
- O desenho sem o ingrediente anestésico levanta perguntas urgentes sobre nossa humanidade.
Um júri "internacional e interdisciplinar" avaliou cada proposta e selecionou cinco deles que serão expostos na Bienal e seu respectivo catálogo:
- Guesthouse, Merve Bedir (Turquia), Alican İnal (Holanda)
- Atrophy, Jonathan Hadari, Simona Katsman (Israel)
- Autography, Alper Raif İpek (Turquia)
- Once in a Lifetime Opportunity, Görkem Özdemir (Turquia)
- Bedrooms of New York, Dimitris Venizelos (Chipre)
"No Selfie Zone"
Segundo os curadores, a 3° Bienal de Desenho de Istambul "leva o mais complexo trabalho de desenho (o ser humano) às ruas e aos meios online, com imagens de pessoas tirando selfies no espelho". O flash nestas selfies interrompe a imagem do ser humano, mascarando a identidade de quem tira a fotografia e permite ao espectador a imaginar a eles mesmos (ou a outros) na imagem.
No catálogo da Bienal, os curadores explicam:
Esta Bienal é uma espécie de espelho. O trabalho real não é apenas o que está exposto, mas as reações inesperadas às reflexões surpreendentes que sempre se busca num espelho.
Saiba mais sobre esta Bienal aqui.