Este artigo é parte da série "Material em Foco", onde entrevistamos os arquitetos sobre o processo de criação e pensamento na hora da escolha dos materiais que serão utilizados nos seus projetos.
A Casa Restelo, foi projetada pelo atelier português João Tiago Aguiar - arquitectos. O projeto com 225 metros quadrados, consiste na ampliação de uma residência dos anos 50 no bairro do Restelo, numa zona constituída por moradias geminadas. O projeto também renovou completamente os alçados (fachadas), considerando o pré-existente com uma nova leitura dos padrões inspirados na azulejaria tradicional portuguesa.Nós conversamos com o arquiteto João Tiago Aguiar para saber mais sobre as escolhas dos materiais e sobre os desafios do projeto.
Quais são os principais materiais usados no projeto em questão?
JTA: Foram utilizados painéis fenólico na fachada tardoz (fachada posterior), madeira nos pavimentos (pisos), pedra (i.s.'s) e vidro.
Quais foram as maiores fontes de inspiração e influências quando estavam escolhendo os materiais utilizados no projeto?
JTA: A arquitectura tradicional portuguesa com o uso do mosaico hidráulico e o azulejo colorido com padrões.
Descreva como as decisões relativas aos materiais influenciaram a concepção do projeto.
JTA: Com base na vontade de pegar num material ou desenho tradicional, a concepção passou por pegar num material actual e utilizar a memória tradicional mas reinventado-a e adaptando-a à realidade actual.
Quais foram as vantagens que este material ofereceu para a construção do projeto?
JTA: Criou uma imagem diferenciada e única e ajudou também a resolver as questões de ensombramento e segurança.
A escolha dos materiais impôs algum tipo de desafio ao projeto?
JTA: Sim, um pouco, já que era preciso pensar numa solução leve, duradoura, resistente e que ao mesmo tempo não fosse demasiado cara...
Vocês chegaram a considerar outras possibilidades de materiais para o projeto? Como isso teria alterado o projeto?
JTA: Sim, chapa metálica ou alumínio lacado recortado à laser, por exemplo, ou até GRC (composto por cimento, areia, fibra de vidro álcali-resistente (AR) e água). Na altura e após comparar custos, espessuras, soluções de calhas corrediças, etc., acabámos por optar pelo painel fenólico que nos pareceu a solução ideal para o efeito pretendido. Como referi, caso tivéssemos optado por um dos outros materiais, a esbelteza e leveza de todo o conjunto certamente não seria a mesma... Teria outra espessura, outro peso e, provavelmente, seria mais onerosa também. No entanto, julgo que apesar de tudo o efeito seria bastante idêntico e o conceito que serviu de base a todo o projecto não seria defraudado.
Como vocês pesquisaram os fornecedores e construtores adequados aos materiais empregados no projeto?
JTA: Para ser honesto, não pesquisei grande coisa. Por sorte, um dos empreiteiros que estava a concorrer para a execução do projecto e que acabou por ganhar a obra, tinha um excelente sub-empreiteiro nas serralharias com quem desenvolvemos o pormenor e nos ajudou a tornar o conceito em algo real e tangível.