Em 1972, o arquiteto espanhol Fernando Higueras iniciou em Madri a construção do edifício que seria seu estúdio e, posteriormente, sua casa até o fim de sua vida em 2008. O projeto recebeu do arquiteto o apelido de "rascainfiernos", ou, em tradução livre, "arranha-infernos", já que, diferentemente de um arranha-céu, este edifício é muito discreto e submerge na terra.
Para Higueras, a casa, enquanto tipologia, deveria ser semelhante a viver em uma caverna, por isso, escavou um buraco de 9 m x 9 m em seu jardim onde criou seu refúgio subterrâneo.
Higueras graduou-se em arquitetura na Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madri em 1959. Sua obra se caracteriza pelo distanciamento do racionalismo e aproximação às ideias de Frank Lloyd Wright.
Apesar de estar enterrada sete metros debaixo da terra, a residência apresenta uma qualidade espacial que convida o morador a permanecer nos espaços; um enorme átrio de pé direito duplo com quatro claraboias ventila e ilumina os ambientes, convertendo-os em lugares agradáveis.
“Não deixe faltar janelas. Há quatro para ver o céu, as árvores, os pássaros. É maravilhoso escutar os flocos de neve caindo sobre a claraboia", comentou Lola Botia, atual responsável pela Fundación Fernando Higueras.
A casa subterrânea oferece as condições perfeitas; pode-se desfrutar de um silêncio absoluto e, devido à inércia térmica do terreno, a eficiência energética da casa é extraordinária. A temperatura ambiental é muito estável durante todo o ano, entre 16 e 26 graus célsius, mantendo-se fresca no verão e quente no inverno.
Sem dúvidas, a obra de Higueras continua sendo considerada um projeto vanguardista até os dias de hoje. O arranha-infernos é um exemplo de um habitar mais sustentável, antes mesmo do termo ter se popularizado.