Durante a última década, o desenvolvimento de modelos inteligentes de construção, intimamente relacionados com a eficiência energética, tem implementado novos materiais que possuem uma ou mais propriedades modificadas, de maneira controlada e parcial, por estímulos externos como radiação, temperatura, pH, umidade, vento, entre outros fatores ambientais.
Como resposta aos novos modelos de construção, o Dr. em Ciências José Carlos Rubio Ávalos da UMSNH de Morelia, desenvolveu um cimento com a capacidade de absorver e irradiar a energia ilumínica, com o intuito de agregar uma maior funcionalidade e versatilidade ao concreto do ponto de vista da eficiência energética.
O novo ‘material inteligente’ desenvolvido por Rubio Ávalos foi conhecido em 20 de outubro de 2015, em um comunicado de imprensa oficial pela Agência Informativa Conacyt, na qual o pesquisador afirmou que as aplicações são muito amplas, dentro das quais as que mais se destacam são o mercado da arquitetura, fachadas, piscinas, banheiros, cozinhas, estacionamentos, entre outros. Além disso, é possível utilizá-lo na segurança viária e nas sinalizações, no setor de geração de energia, como plataformas de petróleo, e em qualquer lugar que se deseje iluminar ou marcar espaços que não tenham acesso a instalações elétricas, já que não requer um sistema de distribuição elétrica e se recarrega somente com a luz. A durabilidade do cimento emissor de luz é estimada em mais de 100 anos, por sua natureza inorgânica, sendo facilmente reciclável por seus componentes materiais.
Segundo esse mesmo comunicado, a característica essencial desse novo material é obtida mediante um processo de policondensação das matérias primas (sílica, areia de rio, resíduos industriais, álcalis e água). Esse processo, apontou o pesquisador, realiza-se na temperatura ambiente e não requer fornos ou altos consumos de energia, de modo que a poluição na sua fabricação é baixa, em comparação com outros cimentos, como Portland ou plásticos sintéticos.
“Buscamos que a luz penetre o material até certo nível. No caso do cimento convencional, o Portland, não há essa capacidade já que quando a luz chega à superfície, ela não penetra", explicou Rubio Ávalos.
Carregar esse material com luz natural ou artificial busca oferecer novas funções ilumínicas e térmicas ao elemento construtivo mais utilizado no mundo, com o objetivo de diminuir o consumo energético gerado pelos sistemas ativos.
Espera-se que além de sua distribuição no México, investidores do Chile, Espanha, Argentina e Brasil comercializem o material em breve para sua implementação em rodovias e outros espaços urbanos.