Este artigo é parte da nossa nova série "Material em Foco", onde os arquitetos compartilham conosco o processo de criação através da escolha de materiais que definem parte importante da construção de seus projetos.
A estação e posto de comando funciona como um edifício técnico de apoio à fazenda eólica situada na Serra do Alvão, Portugal. Cercado por uma paisagem única, com belíssimas vistas para o vale, o lugar é conhecido por ser isolado e apresentar um clima bastante hostil, exposto a fortes ventos e temperaturas extremas. Conversamos com os arquitetos Ricardo e Sofia Senos do ateliê M2.SENOS para saber mais sobre as escolhas dos materiais e sobre os desafios do projeto.
Quais são os principais materiais usados no projeto em questão?
M2.SENOS: Nos revestimentos exteriores foram utilizadas pedras graníticas de 20x10, madeira de pinho, chapa de ferro pintado. O Portão exterior em varão de ferro pintado. E a cobertura foi feita com painel sandwich na cor antracite e a alvenaria em bloco térmico.
Quais foram suas maiores fontes de inspiração e influência quando estavam escolhendo os materiais empregados no projeto?
M2.SENOS: O ambiente geológico do local foi a grande fonte de inspiração deste projecto: solo granítico, constituído por grandes formações rochosas, evidenciando as textura marcadas pelo tempo. Já os pastores se deixavam influenciar por esta presença, construindo as suas pequenas casas-abrigo em granito, com um sentido hermético e monolítico.
Descreva como as decisões relativas aos materiais influenciaram a concepção do projeto.
M2.SENOS: O projecto tinha duas particularidades: é objecto muito técnico que pressupões níveis elevados de segurança, mas que funciona quase em autogestão (abandonado), num local sublime, mas inóspito, sujeito a condições climatéricas muito adversas.
Quais foram as vantagens que este material ofereceu para a construção do projeto?
M2.SENOS: Uma solução forte e atemporal, capaz de resistir ao vandalismo, garantindo a proteção dos equipamentos elétricos protegidos em seu interior, com uma capacidade de envelhecimento, que ajudam a integrar o objecto no local.
A escolha dos materiais impôs algum tipo de desafio ao projeto?
M2.SENOS: Na concepção do projecto, a escolha de materiais era já muito clara ou até mesmo primordial. Por isso, a materialização formal foi quase natural. No entanto, existia algum constrangimento orçamental. Ao escolhermos materiais com um custo mais elevado, tivemos que encontrar soluções que minorassem esses custos. Por isso, encontrou-se para a pedra granítica uma estereotomia que permitiu pedras mais pequena e portanto mais baratas e menos exigentes. Por outro lado, o portão em ferro, é constituído por varões de ferro de obra. Pensamos que as condicionantes incentivam à criatividade e gostamos dessa procura.
Vocês chegaram a considerar outras possibilidades de materiais para o projeto?
M2.SENOS: Ainda hoje não temos a certeza total relativamente à cobertura. No entanto, pareceu-nos juntamente com as entidades promotoras, a melhor opção a nível térmico, sem elevar os custos e podendo valorizar mais os restantes elementos.
Colocou-se a possibilidade da cobertura ser em pedra, mas tecnicamente era muito mais exigente, incluindo estruturalmente.
Como vocês pesquisaram fornecedores e construtores adequados aos materiais empregados no projeto?
M2.SENOS: Neste caso, a maioria dos materiais utilizados ou são muito técnicos (interior) ou locais. Portanto foi um processo relativamente simples, utilizando-se algumas pequenas industrias da região.