Costumava visitar Granada com os pais nos anos 40 e lembra-se de vaguear pelos jardins da Alhambra, uma fortaleza apalaçada que serviu de corte ao Rei, enquanto admirava a maneira como a paisagem natural e artificial se fundiam, os grandes pátios e os jogos de luz e sombra. Muitos anos mais tarde, em 2011, Álvaro Siza Vieira venceu um concurso internacional para a criação de um novo pavilhão de acesso à Alhambra, o segundo local mais visitado em Espanha (atrás da Sagrada Família, em Barcelona), com um projeto realizado em colaboração com o arquiteto espanhol Juan Domingo Santos. "Cada projeto é um desafio, mas este é mítico", afirmou Siza sobre a Porta Nova.
Depois de várias discussões em torno da sua viabilidade, foi anunciado em dezembro passado que o projeto tinha sido cancelado pelo governo de Andaluzia e pelo ICOM, órgão consultivo da UNESCO, e que não iria avançar devido à grande concentração de serviços comerciais. "Argumentam que o projeto não está integrado e é invasivo quando o próprio júri destacou a sua integração. Acho que houve motivos políticos, um conflito entre a junta e a cidade", explica Siza, e estranha que o ICOM sugira que o projeto seja adaptado a outro local.
Isso faz o Pritzker dizer, com ironia, que desconhecia a capacidade de "portabilidade dos projetos". O Museu de Serralves, no Porto, inaugura a partir de hoje, 7 de março (inauguração às 19h), um conjunto de desenhos, maquetes, vídeos, entrevistas, fotografias e livros sobre o projeto na mostra Álvaro Siza Vieira: Visões da Alhambra.
Leia aqui a entrevista feita pelo jornal GPS sobre o projeto na Espanha, seu ateliê no porto e sua opinião sobre a relação entre política e arquitetura.