O IAB RN divulgou o resultado do Concurso para o Santuário Nossa Senhora de Fátima, no bairro de Pajuçara, Natal, Rio Grande do Norte. O primeiro prêmio foi para os arquitetos Ciro Othon Costa de Lyra e Raffael Santos Barros da Silva, com uma proposta de implantação radial, implantando a gruta de nossa Senhora de Fátima no eixo central.
Veja, a seguir, os memoriais dos três vencedores do concurso e, no final, uma galeria com todos os desenhos e perspectivas:
PRIMEIRO LUGAR
Autores: Ciro Othon Costa de Lyra e Raffael Santos Barros da Silva
Arquiteto Responsável: Ciro Othon Costa de Lyra
Equipe: Sidarta Souza da Silva Barros e eng. Henrique Othon Costa de Lyra
DESCRIÇÃO DOS ARQUITETOS: A experiência religiosa de nossa senhora de Fátima, traz a mensagem de uma vida de oração para o homem. O conjunto foi pensado em fazer da praça um local de convívio, reflexão e devoção, deste modo surgiram elementos litúrgicos, como o terço e a peregrinação, levando a encontros pessoais, comunitários e familiares com Deus.
A proposta de implantação é radial, tendo como eixo central a gruta de nossa Senhora de Fátima. A partir desse marco foi locado os edifícios religioso e administrativo, definindo que todos os percursos se interligariam com seu eixo.
A volumetria do edifício religioso foi pensada na imagem de Fátima, remetendo o véu que recobre o seu rosto através de duas camadas envoltórias: o pano de tijolo e a alvenaria branca, além da forma reta e curvilínea. Já a volumetria do edifício administrativo atende o objetivo da sua área térrea se tornar um ponto de encontro, deste modo foi adotado o piloti. O pavimento superior por ser lugar privativo atendeu o programa de necessidades que solicitava um setor administrativo e de treinamento profissional.
Outro partido arquitetônico foi a orientação solar e a ventilação. Por isso, o edifício administrativo foi disposto na orientação sudeste do terreno, no eixo Sul/Norte e no formato de planta em “L”. Também propôs sistema de barramento solar nas superfícies voltadas para o Oeste por meio de pano de tijolos aparentes e espaçados para a ventilação, pela parede verde e brise soleil de concreto.
SEGUNDO LUGAR
Autores: Aline de Holanda Sattler, Lucas de Menezes Pereira e Renata de Oliveira Araújo
Arquiteto Responsável: Lucas de Menezes Pereira
Equipe: Aline de Holanda Sattler (Arquiteta e Urbanista), Lucas de Menezes Pereira (Arquiteto e Urbanista) e Renata de Oliveira Araújo (Arquiteta e Urbanista).
DESCRIÇÃO DOS ARQUITETOS: Descrita pelos pastorinhos como “senhora mais brilhante que o Sol”, Nossa Senhora de Fátima apareceu a eles na forma de luz e em meio ao pasto. Desta forma, a presente proposta de projeto busca na humanidade, simplicidade e na luz – características inerentes a Nossa Senhora - sua inspiração primordial.
Considerando a arquitetura como elemento transformador e integrador da sociedade, em concordância aos princípios da Carta de Natal, esta proposta para o Santuário Nossa Senhora de Fátima foi concebida em prol do direito à cidade e sentimento de apropriação do espaço público pela comunidade local. Para tanto, estratégias de permeabilidade pedonal, dinâmica voltada para o convívio e funcionamento como equipamento urbano foram diretrizes projetuais determinantes.
Busca-se traduzir o genius loci, dentre variadas formas, também pela materialidade, através de um sistema construtivo já consagrado em território local, que une estrutura em concreto armado e cobogós cerâmicos. Resultando em uma arquitetura imponente - dada a natureza religiosa - o SNSF foi idealizado considerando o âmbito da escala humana: atrai, convida ao uso e se comunica com o exterior, num edifício sem ‘fundos’, que se abre com interesse para todas as vias que margeia; Em prol da urbanidade, propõe-se aqui uma arquitetura que se insere e se integra em equipamento urbano, a praça, se mesclando com a mesma e compartilhando partes fundamentais de si, a exemplo do Caminho da Peregrinação.
PARTIDO
A fim de otimizar o terreno, alongar o caminho de peregrinação e locar o novo campo poliesportivo, a praça e o estacionamento, o volume foi adensado em dois pavimentos e deslocado em direção à Av. Mar Vermelho, via de maior movimento e portanto de maior visibilidade. Assim, propõe-se uma ocupação longilínea e otimizada do espaço, minimizando o perímetro do edifício e maximizando os espaços livres e públicos.
A Réplica foi alocada na extremidade do volume, de modo que essa possa ser contemplada em quase 360 graus fora da sala de adoração. A ideia é que em eventos maiores e de caráter público, o espaço público torne-se uma extensão da sala de adoração.
Somando a isso, o vão livre foi locado no centro do volume a fim de garantir fluidez e permeabilidade no edifício, podendo esse ser acessado por ambos os lados, criando-se um edifício sem fundos ou fachadas cegas.
Com o objetivo de conferir ao edifício conforto ambiental, utilizou-se a circulação como amortecedor solar e luminoso, uma vez que essa circunda os dois volumes e não permite seu contato direto com o sol durante todo o dia. Somando a isso, utilizou-se o cobogó cerâmico para permitir ventilação cruzada, sombreamento e permeabilidade visual, além de criar um efeito luminoso no período noturno.
Por fim, para conferir à arquitetura um caráter simbólico inerente ao cristianismo, escolheu-se trabalhar três alturas de volume, representando a santíssima trindade (o Pai, o Filho, e o Espírito Santo). Assim, a pureza dos volumes e dos materiais escolhidos, além de sua configuração espacial, fazem da paróquia um edifício sagrado e ao mesmo tempo comunitário.
TERCEIRO LUGAR
Autores: Isabella dalfovo
Arquiteto Responsável: Isabella Dalfovo
Equipe: Cintia Oliveira e Augusto Antonio (Estagiários)
DESCRIÇÃO DOS ARQUITETOS: Desenvolvemos um projeto a partir da compreensão histórica e cultural da cidade de Natal, bem como compreendendo e respeitando suas características naturais. Nosso projeto explora ao máximo estas caraterísticas, resultando em uma obra em harmonia com o terreno e entorno, uma obra em que a ventilação e iluminação natural se destacam.
Criamos uma obra predominantemente horizontal visando manter uma escada aproximada à do homem, além de manter-se em harmonia com as construções do entorno.
Três elementos verticais se destacam na volumetria, estes representam a Santíssima Trindade e o Calvário de Cristo.
O Santuário deve ser uma referencia visual no meio onde está inserido.
O projeto foi desenvolvido para cumprir com uma função principal: servir como ferramenta de Fé e Liturgia. Um espaço Sagrado deve representar o mistério, induzir à oração e à reflexão.
Criamos uma obra que desperta a curiosidade, as formas são inusitadas, criando caminhos para serem explorados, instigando o visitante à percorrer tanto os edifícios, quanto à conhecer e contemplar seus bosques de árvores nativas.
A arquitetura foi criada para causar uma atmosfera de mistério. Ao longe destacam-se os elementos verticais, mas a obra como um todo não é revelada. A sensação é que em meio a um bosque de árvores nativas cresceram três grandes elementos com uma cruz.
Todo design foi propositalmente criado para surpreender o visitante, linhas retas, curvas e formas angulosa resultam em uma obra surpreendente.
Em resumo trata-se de uma grande marquise em concreto que interliga todos os edifícios, esta grande cobertura recebe uma forração natural, que garantirá conforto térmico, além de captação da água da chuva para reúso.
Esta cobertura verde é utilizável também para convívio e eventos, sobre ela locamos uma concha acústica para eventos abertos ao ar livre.
Trata-se de uma obra para ser percorrida, explorada. Diferentes elementos de fé se revelam neste caminho.
Destaque-se além do conceito base, o sistema construtivo e a divisão dos fluxos, o projeto prevê uma setorização que torna cada área independente, com fluxos bem claros e distintos.
Além disso o projeto é bastante flexível podendo ter tanto o templo religioso ampliado como os edifícios administrativos.
O templo religioso em si, onde se encontra a Réplica da Capela da Aparição foi criado em uma planta circular, destaca-se o fechamento externo desta construção é que feito por painéis pivotantes em aço cortén. Estes painéis são vazados, perfurados, permitindo a constante troca de ar entre interior e exterior. Quando abertos estes painéis integram completamente a obra com o meio externo.