John Redington, um ilustrador do Texas, documenta galpões rurais abandonados e seu modesto impacto arquitetônico. Neste ensaio visual, revela essa vernáculo invisível e sub-representado, argumentando que o "charme instável do galpão abandonado poderia oferecer um olhar para uma forma mais humilde de inspiração para os arquitetos".
O carro chacoalha em uma estrada de terra e a poeira branca espessa levanta da dos pneus traseiros. De ambos os lados, um mar de grama queimada pelo sol. O céu assenta-se pesadamente no horizonte, ao passo que a fragrância de plantas selvagens e cultivadas preenche o ar.
Alguns quilômetros à frente na estrada, chego a ao meu destino arquitetônico que é frequentemente visto mas raramente notado. Nas imediações há um denso conjunto de árvores, cercado por milharais. Saio da estrada e olho através das folhas cobertas que escondem uma cobertura de madeira. É um galpão abandonado, construído em uma era passada. Cautelosamente, me aproximo, certificando-me de não pisar em nada estranho. A abordagem revela uma estrutura em ruínas que se tornou um abrigo para a vida selvagem, em vez de apresentar algum uso funcional. Sem qualquer sinal de seu dono, o destino do galpão é abraçado pelo mundo natural. Ocupado por plantas exuberantes, ele se inclina para o lado em função de décadas de ventos fortes. A presença da natureza não só provoca uma perturbação, mas uma estética que se poderia dizer que coincide com os padrões aleatórios encontrados em algumas arquiteturas contemporâneas. Há uma grande lição que podemos tirar do galpão abandonado, sua destituição nos fornece o início de uma nova forma. Um grande arquiteto disse uma vez que "a forma segue a função", mas onde não há função há apenas forma. Como criadores e pensadores do espaço vamos observar o que uma vez foi, não é mais, e ainda é. O artista Donald Judd disse, "às formas deve ser dado vida e o direito à existência individual", e o galpão abandonado faz exatamente isso.
Uma vez construída e utilizada para atender às necessidades de seu dono, a estrutura agora existe como uma relíquia ou uma homenagem à era dos pioneiros. Tornada redundante por sua contraparte barata, rápida e pré-fabricada, cuja mobilidade se exibe na beira de lotes de estacionamento. O resultado do trabalho duro e individualidade única torna-se desatualizado por um futuro de "eficiência". Quando chega o momento, geralmente mais cedo do que tarde, a natureza começa a alterar o edifício de diferentes maneiras e o proprietário pode tomar a decisão de tapar os buracos da estrutura de madeira com chapas metálicas ou deixar que o tempo tome conta do galpão.
Eu me pergunto: o que pode ser aprendido com essas estruturas passadas? Meia destruídas, meio corroídas, estariam flertando com o desconstrutivismo? Poderia seu detalhamento utilitarista estar relacionado ao modernismo mas sua forma tradicional ecoar no pós-modernismo? Alguém pensa no Movimento das Artes e Ofícios enquanto recorda a humilde habilidade aplicada a cada prego? Ou será que a punção vigorosa das árvores que ocasionam ventilação cruzada lhes renderia um um certificado LEED?
É fácil ver que a transcendência que sentimos ao olhar para um galpão abandonado se assemelha à nossa própria vida e morte e traz uma nostalgia de um tempo anterior. Mas acredito que o misticismo que existe entre esses galpões permite uma maior consciência cultural e que suas formas, padrões e relacionamento com a natureza fornecem precedentes sobre como os edifícios poderiam ser projetados.