O Palácio da Justiça é uma edificação icônica por seu estilo e inovação, sendo grande referência da época do movimento moderno. Foi destinado para abrigar os tribunais de justiça do Distrito Federal e do México.
"Os espaços de justiça também expressam a consciência coletiva sobre sua importância social, dignas e austeras como exige sua função, são também obras arquitetônicas importantes que formam parte inseparável do panorama urbano: o Palácio da Justiça, magnífica obra projetada por Juan Sordo Madaleno e José Adolfo Wiechers conta com uma qualidade emblemática e expressa material e conceitualmente a ágora cidadã. A colunata ou peristilo retangular evoca, quiçá, os espaços públicos da pólis, subtraindo o lugar superior da sede dos julgadores. Retilínea e poderosa, alude aos pórticos de mármore da Hélade. [1]
Neste conjunto concentram-se todos os elementos que constituem o Tribunal de Justiça do Distrito e Territórios Federais, assim como os Tribunais Civis e de Menores do Distrito Federal e as dependências de todos esses elementos. Por existir diferenças muito importantes tanto de funcionamento como de hierarquia entre esses dois grupos, o problema foi resolvido desde um princípio formando dois elementos característicos que deveriam refletir em si mesmo a função dos escritórios que conteriam, formando entre si um conjunto harmônico. [2]
O Tribunal, um edifício baixo com quatro níveis completos, por ser o elemento diretriz do conjunto, localiza-se na frente, sobre a avenida mais importante, Niños Héroes. Seguindo a composição, o grupo de Juizados, de treze níveis, foi projetado na forma de duas grandes torres com entradas pela Avenida Claudio Bernard e as ruas Doctor Navarro.
O característico pórtico do Palácio da Justiça foi projetado com esbeltas colunas cuja base cresce de maneira sutil ao longo de seu percurso, conferindo ao edifício uma forte presença atemporal e elegante. Essas colunas foram revestidas de mármore branco de Carrara. Este pórtico rodeia por completo o Palácio da Justiça e estende-se em três níveis de altura e confere distinção, sobriedade e elegância necessária para o Tribunal. O edifício inicia a partir de um subsolo, tendo o pavimento térreo meio nível acima e somando quatro níveis no total.
O acesso principal conduz para o térreo através de uma escadaria imponente fortemente contida com muros de pedra e é o único local onde foi utilizado outro tratamento de fachada no edifício. Este acesso culmina em um pátio coberto por uma cúpula. Ele é um elemento claro de distribuição para os distintos usos e fluxos.
O programa conta com: Plenária, Gabinetes da Presidência, Gabinetes Auxiliares, Escritórios de Imprensa, Biblioteca Central, Câmaras do Tribunal, Tribunal Civil, Sala de Audiências, Câmara Criminal, Sótão (onde está o almoxarifado e uma área de trabalho para a classificação), assim como escritórios privados.
Dentro do conjunto também se encontram duas torres de 13 pavimentos. A torre sul abriga os Juizados Civis, enquanto a Torre norte os Juizados de Menores. Ambas as torres compartilham suas base no térreo e no primeiro nível comunicam-se através de um terraço. Posteriormente, separam-se os 11 níveis restantes como torres paralelas. Para facilitar a comunicação e o fluxo entre as duas, foram projetadas três passarelas de conexão para os vestíbulos de elevadores de cada uma, estes localizando-se nos andares 3, 6 e 9. O acesso de veículos para o estacionamento subterrâneo localiza-se no meio das torres sobre a avenida Doctos Jiménez.
A fachada dos três volumes do complexo foi projetada com grandes esquadrias de piso a teto (passando pelo entrepiso) montadas com uma sutil inclinação sobre os caixilhos de alumínio. Isso marcou uma decisão de projeto muito inovadora que permitiu maior entrada de luz e ventilação natural, também possibilitando vistas.
Os espaços exteriores são peças chave para a inclusão do edifício à cidade, é por isso que foram tratados como uma grande praça pública que rodeia a edificação e abre-se aos visitantes. Para complementar o conjunto, construiu-se um espelho d'água adjacente ao pórtico do edifício de salas em sua face norte. Nesse mesmo edifício o pátio central é aberto com uma cobertura de plástico que permite manter a iluminação necessária ao interior.
Referências
[1] Edgar Elías Azar. El Largo Camino de la Justicia "Historia y orígenes del Tribunal Superior de Justicia del Distrito Federal"
[2] Madaleno, Juan Sordo; Wiechers José Adolfo. El Largo Camino de la Justicia “Descripción del proyecto”
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Arquitetos: Juan Sordo Madaleno ; Arq. Juan Sordo Madaleno
- Área: 11 m²
- Ano: 1964
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Fotografias:Sordo Madaleno Arquitectos