Você sente enjoo, depressão, sonolência e até medo, quando olha pela janela do 34º andar? Se sim, você pode estar sofrendo da "síndrome do arranha-céu", termo informal para designar os efeitos colaterais causados pela oscilação dos edifícios, de acordo com especialistas das Universidades de Bath e Exeter, que estão realizando uma pesquisa para investigar suas causas e prevenção através de simulações.
"Cada vez mais pessoas estão vivendo e trabalhando em edifícios em altura, mas o verdadeiro impacto das vibrações sobre elas é atualmente muito mal compreendido", explicou Alex Pavic, professor de Engenharia de Vibração na Universidade de Exeter. "A pesquisa irá, pela primeira vez, relacionar o movimento estrutural, as condições ambientais, o movimento do corpo humano, a psicologia e a fisiologia em um ambiente virtual totalmente controlável".
Apesar da solidez das suas massas, os arranha-céus estão efetivamente sujeitos a movimentos em resposta às forças externas às quais estão sujeitos em seus ambientes urbanos, tais como obras de construção e metrôs subterrâneos. Com lajes mais finas e maior espaçamento entre as colunas, os arranha-céus construídos a partir da década de 1970 não são capazes de amortecer as vibrações tão bem como seus antecessores, amplificando assim os efeitos experimentados por seus ocupantes.
O estudo, que está sendo realizado por uma equipe multidisciplinar de engenheiros, médicos, fisiologistas e psicólogos das duas universidades, usará simuladores para testar o movimento dos edifícios em altura, estádios e locais de concertos, além das vibrações causadas por grandes multidões atravessando pontes e deixando estádios.
Os resultados parciais da pesquisa indicam que os pequenos movimentos nos edifícios podem resultar nos sintomas acima mencionados, bem como a falta de concentração e motivação. Entretanto, nenhuma origem concreta foi descoberta ainda, embora os cientistas acreditam que os seres humanos evoluíram em sua percepção de vibrações subtis.
"Assim como o enjoo causado pelo mar, nossa propensão ao desconforto induzido pelo movimento é dependente da situação e do ambiente. Por exemplo, pessoas em um concerto em uma arquibancada aceitam um nível completamente diferente de vibração que pessoas em uma sala de cirurgia no hospital", disse o Chefe de Engenharia Civil em Bath, Dr. Antony Darby.
As novas instalações de simulação serão financiadas pelas Universidades de Bath e Exeter, bem como pelo Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas. O estudo espera lançar alguma luz sobre este fenômeno curioso, e poderá, eventualmente, estabelecer novos padrões para os níveis de movimento permitidos em edifícios, tendo em vista a saúde e segurança de seus ocupantes.